Renascer para Amar (DEGUSTAÇÃO)

Capítulo 02

Capítulo 2

Sienna

Desembarcamos no aeroporto de Florença e seguimos de ônibus para Siena. Mais precisamente para Montepulciano. Nas minhas pesquisas, descobri que era uma comuna de Siena. Um lugar pitoresco, agradável e bem acolhedor.

Tomei um grande susto quando, logo após o enterro de meu pai e madrasta, eu soube por meio da minha madrinha Helena, que papai tinha me deixado uma parte de um negócio na Itália.

Agora entendo as longas viagens que ele fazia. E o interessante era que sempre chegava como se tivesse renovado suas forças. Mas isso era passageiro. Em dois ou três dias, ele se isolava no seu próprio mundo e passava a nos ignorar.

Ao menos, tratava Fernanda, minha madrasta, bem. Nunca deixou nada faltar para ela, sendo que o que ela mais almejava ele nunca lhe proporcionou: amor verdadeiro. Papai só amou uma vez na vida...e morreu para este sentimento no dia que minha mãe deu a sua vida para me salvar no parto. Mamãe foi seu amor maior.

Minha madrinha disse que um lugar novo me faria bem. E eu fiquei com isso martelando em minha mente por um mês. E era como se algo me puxasse, me fizesse cada vez mais ansiar por novos ares, novas paisagens, acho que minha esperança mesmo, era de um novo começo.

Olhei para a minha amiga sentada ao meu lado e sorri.

Juliana se tornou um frescor para minha alma aflita.

Enquanto eu estava indo para ajudar a cuidar de um negócio que foi de meu pai, Juliana estava deixando a casa de tia Helena para ajudar na casa dos filhos dela.

Juliana é uma mulher linda, cheia de curvas. Ela diz que é acima do peso. Não vejo isso, mas sim uma belíssima brasileira de seios fartos e bumbum grande e arredondado. E o bom da minha amiga é que ela ama e tem prazer em comer enquanto eu adoro cozinhar. Então, nos completamos. Ela tem leveza na alma, além de ser alegre, espontânea, sincera e possuir um sorriso encantador. Somos graduadas em Administração, mas ela adora o que faz e não abre mão disso. Uma vez me atrevi a perguntar: Porque ser uma empregada, uma governanta? Ela me encarou e deu um sorriso safado e me disse para olhar o seu uniforme. Eu olhei e ela gargalhou. Porém, nunca esqueci a sua frase.

— Sienna, nada mais sexy do que uma mulher segura de si num uniforme decotado e curto.

Juju continuava a dormir do meu lado e eu apreciava a beleza das paisagens pela janela do ônibus.

Encostei minha cabeça no vidro frio e fiquei olhando a água da chuva escorrendo e me lembrando de olhos azuis intensos que marcaram meu corpo e alma de forma tão grandiosa que meu coração acelerou. Sua voz era rouca e sexy. Queria ter tido mais tempo para gravar cada detalhe de seu rosto lindo. Lembro do toque suave e quente percorrendo todo o meu corpo. A escuridão do local não me deixou ver muito do homem que me fez mulher e ao mesmo tempo me fez voltar a falar com Deus. E eu estou sempre suplicando que Ele me conceda a chance de encontrar os olhos azuis que me deram a minha razão de viver.

A noite foi chegando e minha ansiedade aumentando. O que me dava tranquilidade era a certeza de que não estaria no meio de pessoas estranhas, sozinha e desamparada. Sei que já são mais de cinco anos que não nos vemos. Porém, mais uma vez, Giovanni e Vincenzo serão o meu refúgio.

O motorista nos avisou que em cinco minutos chegaríamos no nosso ponto.

Sacudi Juliana, que logo foi soltando sua vasta cartilha de palavrões, à medida que foi acordando. Logo depois, descemos do ônibus embaixo de muita chuva e seguimos andando como tia Helena nos explicou. Após quase vinte minutos de caminhada chegamos ao nosso destino: Piacere. Um"bed and breakfast" e um café e restaurante ao lado.