Mais cedo, antes de Henrique ir pra vk.
Já passava das dez da noite quando Henrique chegou em casa. A rua tava quieta, o portão rangeu baixo e ele entrou com o peso do mundo nos ombros. No sofá, Viviane assistia novela sem prestar atenção em nada. O controle remoto solto na mão e a testa franzida como quem já tava pressentindo alguma merda.
Henrique encostou a mochila no canto e ficou ali em pé, olhando ela por uns segundos. Ela não virou.
Henrique: Vi... posso falar contigo um minuto?
Ela soltou o controle devagar e cruzou os braços. Só olhou.
Viviane: Pode. Mas fala logo. Tua cara já entregou que é coisa ruim.
Henrique passou a mão no rosto, sentou na ponta do sofá, encarou o chão.
Henrique: Teve mudança. Lá na estrutura. O dono da VK foi preso. E... o Baiano assumiu. E me puxaram pra ir junto. Vou ficar na linha de frente com ele... na Vila Kennedy.
Silêncio. Só o barulho da TV preenchia o espaço.
Viviane demorou uns segundos, tentando processar. Ela virou o rosto devagar, com um sorriso irônico.
Viviane: Tu vai ficar de frente... na VK? — repetiu, como quem não acredita. — VK, Henrique? Aquela favela cheia de guerra, operação todo dia, emboscada, tocaia... É pra lá que tão te mandando?
Henrique: É. É lá mesmo.
Viviane: E tu aceitou? De boa? Sem contestar?
Henrique: Não é questão de aceitar, Vi. Eu não posso recusar. Não agora. Baiano é meu chefe direto, foi ordem. E... a responsa lá é grande. É uma chance pra mim. De crescer.
Ela se levantou, bufando.
Viviane: Crescer, Henrique? Tu tem um filho autista em casa que precisa de pai, precisa de estabilidade, e tu vem me falar de crescer? Isso aqui é empresa agora? Cê vai pedir promoção no tráfico? Vai bater meta na bala?
Henrique apertou as mãos entre os joelhos, tentando não se alterar.
Henrique: Eu sei que parece loucura. Mas se eu recusar, eu boto minha cabeça a prêmio. Não tem opção.
Ela parou na frente dele, encarando.
Viviane: Cê já sabia disso há quanto tempo?
Henrique: Fiquei sabendo hoje. Só que... já tá tudo certo. Eu me apresento amanhã cedo.
Viviane cruzou os braços, o olhar agora era mais frio.
Viviane: Tem alguma coisa aí que tu não tá falando, Henrique. - ela disse baixo, mas firme. - VK não é território qualquer. Tem treta antiga lá. Tem coisa ali que cê nunca quis pisar. Agora tu vai de peito aberto? Sem pestanejar?
Ele engoliu seco.
Henrique: Não tem nada, Vi.
Viviane: Mentira. Eu conheço tua cara. Tu tá indo pra lá por algum motivo a mais. Tá fugindo de alguma coisa ou indo atrás de alguém. E eu vou descobrir o que é.
Henrique ficou mudo.
Viviane: E outra... Você não acha que vou ficar aqui enquanto você vive uma vida lá não. Pode arrumando uma casa lá boa que eu e nosso filho vai junto.
Henrique: Como é que é...?
Viviane: é isso mesmo que tu ouviu e não quero saber o que você vai achar sobre. Eu e ele vamos juntos. Sou otária até certo ponto. - Henrique ficou nervoso. Passada a mão na cabeça, no rosto e no cavanhaque.
Henrique: Vk não é lugar pra vocês. VK tá instável. É guerra todo dia, facção rival rondando... não tem como.
Ela deu um passo pra frente.
Viviane: Tu acha que aqui é seguro, Henrique? Tu acha que algum canto é tranquilo quando se vive do lado da tua vida? Tu se mete com gente perigosa em qualquer lugar. Então onde tu for, a gente vai.
Henrique passou a mão na nuca, desviando o olhar.
Henrique: Isso não é vida pra vocês. VK é treta. E... eu vou ficar exposto. Não quero vocês no meio disso.
Viviane: EU NÃO QUERO SABER, CARALHO. TU VAI DAR TEU JEITO E AQUI NÃO VOU FICAR. - Viviane chegou no seu limite de paciência.
Henrique: Viviane... tem coisa que você não entende.
Ela ergueu a sobrancelha, desafiadora.
Viviane: Então me explica. Me convence a ficar. Porque enquanto tu não abrir esse jogo todo, eu tô indo contigo. Pra VK, pro inferno, pro que vier. E se tiver algo me escondendo, Henrique... vai ser bem pior quando eu descobrir lá dentro.
Ele engoliu seco. O suor frio escorria nas costas. Aquela decisão de Viviane não era só sobre proteger a família. Era sobre marcar território.
Henrique: Tá bom, Viviane. Eu vou providenciar tudo. Cê quer ir pra VK comigo? Quer montar estrutura lá? Eu resolvo. Só vai precisar ter paciência comigo.
Ela arregalou os olhos, surpresa.
Viviane: Tá falando sério?
Henrique: tô, mas só me dar um tempo até os bagulhos lá ficar em ordem. Eu vou ficar em um puxadinho por enquanto.
Foi então que o assunto foi encerrado com Viviane indo até ele agradecendo e fizeram amor ali mesmo na sala. Porém amor só vinha da parte de Viviane, de Henrique já tinha acabado muito tempo.
Meninas, eu vou começar a agilizar mais a história, pois se não vai ficar muito grande e eu tenho planos ainda pra essa história. E já estamos com mais de 100 capítulos 🤩. Queria agradecer todas vocês que estão aqui comentando e curtindo, obg meninas 👊🏻❤️
YOU ARE READING
✨Hadassa✨
Short Story✨Que o destino traçou Que não me deixa em paz Sou eu sua doença Você minha cura...✨
