📖 Capítulo — A Casa de Ninguém
A mansão D’Amico ficava no alto de uma colina particular, em um bairro de Nova York onde nem mesmo os tolos se atreviam a subir sem convite. A longa estrada de pedras, ladeada por árvores centenárias, serpenteava até os portões de ferro maciço que se abriram lentamente assim que a Ferrari de Dante se aproximou. Câmeras discretas, seguranças em pontos fixos e um silêncio que pesava como chumbo.
Lourenzo sentiu o estômago revirar enquanto se mantinha sentado sob o banco de couro.
A arquitetura da casa parecia saída de um outro tempo — algo entre uma fortaleza e uma obra de arte. Mármore escuro, colunas romanas, janelas altas. Tudo nela gritava poder… e perigo.
Dante estacionou com calma, mas havia uma tensão visível em seu maxilar travado. Ele não disse nada ao sair do carro. Apenas caminhou até o outro lado e abriu a porta para Lourenzo que desceu do automóvel sentindo a brisa fria daquela noite tocar sua face.
— Fica perto de mim — disse, baixo, como uma ordem disfarçada de cuidado enquanto seguiam para o interior da mansão..
Ao entrarem, um saguão de pé-direito alto os envolveu em silêncio. As paredes ostentavam obras de arte que Lourenzo só tinha visto em livros de história. O cheiro era de madeira antiga e perfume amadeirado caro.
A primeira figura a surgir foi a mãe de Dante.
Alta, elegante, com um coque firme e olhos azuis frios como lâminas. Ela caminhou em direção aos dois com passos calculados.
— Dante — disse, seca.
— Mãe — ele respondeu, apenas com um leve aceno.
Os olhos da mulher então se voltaram para Lourenzo, analisando-o dos pés à cabeça como se fosse um objeto qualquer.
— E esse é…?
— Um convidado — cortou Dante, antes que ela terminasse a frase.
— Um convidado — ela repetiu, como se degustasse a palavra com desprezo.
Antes que o desconforto se instalasse ainda mais, outra figura surgiu descendo a escada de carvalho em frente ao hall: o patriarca da família, o mesmo que mais cedo tinha batido em Dante. Lorenzo agora tinha uma visão melhor.
Alto, imponente, o tipo de homem cuja presença enchia a sala. Os olhos dele eram idênticos aos de Dante, mas mais frios, mais controlados.
— Então você é o estudante — disse, encarando Lourenzo que não reage de imediato a pergunta, como ele o conhecia ?
— Me chamo Lourenzo, senhor — respondeu ele, tentando manter a postura.
— Espero que não seja mais um dos problemas do meu filho.
Antes que Lourenzo conseguisse perguntar o que aquilo significava, vozes vieram do corredor lateral. Passos apressados. E então o estrondo.
Alguém avançou feito um predador sobre eles. A briga não começou com palavras. Começou com um soco.
Um homem parecido com Dante, traços parecidos, mas selvagens, sujos, com uma energia que ameaçava romper o teto. Ele empurrou Dante contra uma das colunas, gritando:
— Está mesmo trazendo brinquedos agora, Dante? É isso?
Dante revidou com um soco no estômago do outro assim que se recompôs, fazendo-o cambalear. Lourenzo deu um passo à frente, alarmado, mas foi bloqueado discretamente por um segurança que surgiu das sombras.
— Fica atrás — disse ele.
— Você tem coragem de trazê-lo aqui só pra irritar o nosso pai e manchar nossa honra? — Salvatore cuspia as palavras, a voz carregada de desprezo. — Quer brincar de rebelde, irmão?
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" Onde Ele Me Vê"
Romance--- Ele o escolheu. Não pediu. Tomou. Dante escolheu Lourenzo - e agora, ninguém mais toca, ninguém mais olha. Cada ordem, cada toque, é imposição e castigo. Ele o quer submisso, rendido... dele. Fugir é inútil. Resistir, perigoso. E amar... Ah Amar...
