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Meus braços doíam, minha cabeça latejava, me fazendo suspirar. Abri meus olhos com dificuldade, percebendo que tudo o que aconteceu não era um pesadelo. Eu ainda estava li, presa.

O cheiro de mofo e poeira já não me incomodava tanto quanto a corda que prendia minha mãos, deixando meu corpo dolorido.

Eu não sei que horas são, mas consigo escutar passos se aproximando da porta. E ela entrou. Eu já sabia que seria a Sori.

– Olha só quem ainda está viva... – ela disse com aquele sorriso sarcástico que me dá enjoo.

Em suas mãos, havia um prato com restos de arroz e uma carne ressecada. Ela colocou no chão, bem longe de mim.

– Vai ter que se arrastar se quiser comer. – provocou, cruzando os braços.

– O que você quer? – perguntei com a voz fraca.

Ela se aproximou, agachou na minha frente e sorriu.

– Desde aquela vez na casa de praia.. eu já sabia. – seus olhos ardiam de rancor. – Cada olhar, cada risadinha entre você e Jungkook... sempre me deu nojo.

Senti meu estômago revirar. Não pela comida, mas por raiva.

– Ele nunca te amou, Sori. – murmurei, mesmo com a boca seca.

O tapa veio rápido. Ardido. Preciso.

– A verdade te machuca Sori? – questionei, com o meu rosto queimando.

– Cala a boca! – gritou. – Você não tem ideia do que ele vai perder se continuar te amando.

Ela tirou o celular do bolso, ligou a câmera e apontou para mim. Eu, presa, com marcas nos braços, o rosto machucado e o cabelo colado de suor.

– Olha para a câmera, querida. Vai ser a cena perfeita do seu sofrimento, apenas porque se envolveu com alguém que me pertence! – Sori chutou a cadeira em seguida, me fazendo bates as costas na parede gelada.

Gemi baixo, fechando meus olhos levemente, enquanto sentia minhas costas queimarem, meu corpo inteiro na verdade.

– Engraçado né? Você sempre bancando a boazinha, toda pura, toda "diferente", e no fim.. olha onde veio parar.

– Você é doente mesmo. – falei com a voz falha.

– Doente?! Eu? Sou apenas alguém que sabe o que quer. E quer saber algo mais? – ela inclinou o rosto bem próximo do meu. – Jeon ainda geme meu nome quando bebe. Aposto que você não sabia disso, né?

Senti meu coração se apertar, mas me mantive firme.

– Ele te esqueceu a muito tempo. – cuspi.

Ela riu, mas logo seu sorriso virou raiva. Ela levantou, dando passos para trás e continuando a gravar.

– Vai ver se ele te esquece depois disso aqui.

Ela riu novamente.

– Dá um tchauzinho para a câmera, docinho. – disse zombando. – Esse vídeo vai direto para a mãe do Jeon. E sabe o que ela vai fazer com ele? Usar para mostrar ao filhinho o que acontece quando ele desobedece. Se ele quiser que você continue viva, vai ter que casar comigo. E rápido.

– Ele nunca vai aceitar isso. – sussurrei.

Ela se aproximou novamente, sussurrando em meu ouvido.

– Vai sim. Ainda hoje eu vou fazer ele me olhar daquele jeito.. sabe aquele olhar que vem antes de uma foda? – ela mordeu os lábios.

Senti uma fisgada no peito. Dor. Raiva. Nojo. Tudo junto.

The dark of your eyes • part 2 Donde viven las historias. Descúbrelo ahora