I.

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Capítulo 1 – O Começo de Tudo

O sinal tocou alto no Colégio Sistema, anunciando o fim da penúltima aula da manhã. A turma do segundo ano começou a sair da sala em meio ao barulho de cadeiras arrastando, mochilas sendo fechadas e vozes animadas. Márcio, de 17 anos, fechou seu caderno de geografia com um suspiro. Mais uma manhã arrastada. Mas ele já contava as horas para a tarde.

— Ei, Márcio, — disse Nicolle, se aproximando com um sorriso. — Hoje é o jogo, né?

— É, sete da noite na quadra da Roma. Vai, né? — perguntou ele, ajustando a alça da mochila no ombro.

— Claro! Já chamei a Hadassa e a Bianca também. Frederik disse que vai sair mais cedo do cursinho pra chegar a tempo.

Márcio sorriu, grato. Seus amigos sempre estavam por perto — e ele sabia o quanto isso era raro.

Enquanto desciam para o pátio, ele avistou Karen, sentada no banco perto da cantina, rindo com Murillo, Evelyn e Maria Clara. Ela usava o uniforme azul-marinho da escola, mas conseguia parecer diferente de todo mundo. O jeito como mexia no cabelo, a forma como ria, leve, espontânea... Márcio a observava discretamente há semanas, e ultimamente sentia que talvez ela também estivesse notando ele.

— Vai lá falar com ela, — provocou Bianca, que havia percebido o olhar. — Só falta isso pra gente dar uma forcinha.

— Ela tá com a Maria Clara, — murmurou Márcio.

Os amigos trocaram olhares. Todos sabiam que Maria Clara gostava dele — e que fazia questão de deixar claro que não gostava da ideia de vê-lo próximo de Karen.

Mesmo assim, ele respirou fundo, tomou coragem e caminhou até o grupo.

— Oi, Karen. Oi, pessoal. — cumprimentou.

— E aí, Márcio, — disse Murillo, simpático.

— Tudo bem? — perguntou Karen, sorrindo.

— Tudo. Vim aqui chamar vocês pra um jogo hoje à noite. É do meu time de vôlei, a gente vai jogar lá na Roma Volleyball Training. Sete horas. Tão convidados, se quiserem ir.

Karen abriu um sorriso maior.

— Sério? Que legal! Eu adoro vôlei. Vou, sim.

— Eu também vou, — disse Evelyn animada.

— Ah, que pena, — murmurou Maria Clara, forçando um sorriso. — Acho que não vou poder. Tenho uns trabalhos pra terminar...

Karen lançou um olhar discreto para a amiga, mas não disse nada. Márcio percebeu, mas fingiu que não.

— Beleza, então. Espero vocês lá, — ele disse, antes de voltar para perto dos amigos.

Quando se afastou, ouviu Murillo comentando baixinho:

— Pô, achei que ele nem fosse ter coragem. Finalmente, hein?

Karen sorriu de canto, disfarçando. Por dentro, estava surpresa — e curiosa. Não esperava o convite, mas gostou da ideia de ver Márcio jogando. Talvez aquele jogo fosse mais interessante do que parecia.

Enquanto isso, do outro lado do pátio, Luiz observava tudo de longe. Com os punhos cerrados e o olhar fixo em Karen.

— Não vai ser tão fácil assim, ele murmurou para si mesmo.

E o jogo daquela noite, para ele, seria mais do que uma partida de vôlei. Seria o começo da disputa que ele se recusava a perder.

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