O beijo veio depois da briga. Sempre vinha.
A casa ainda ecoava as palavras afiadas que haviam sido cuspidas no calor da raiva — acusações, ironias, verdades que sangravam mais do que socos. Mas Taehyung a puxou pela cintura mesmo assim. Apertou forte demais. E Jisoo correspondeu.
Era sempre assim: a guerra, depois a trégua. A dor, depois a desculpa. O veneno, depois o beijo.
Mas aquele beijo não curava. Ele cortava.
Jisoo começou a perceber que havia farpas nos lábios dele. Cada toque vinha carregado de culpa mal escondida. Cada abraço tinha o gosto amargo de uma traição que ainda não havia sido confessada, mas já era sentida. Intuída. Sofrida em silêncio.
— Você confia em mim? — ele perguntou certa noite, com a cabeça em seu colo, os olhos semicerrados.
Ela hesitou. E isso bastou.
Taehyung percebeu. E sorriu — não com ternura, mas com desafio. Como se estivesse testando o quanto ela aguentaria. E ela... aguentava. Sempre aguentava. Até quando tudo dentro dela gritava para ir embora.
Mas a verdade é que Jisoo ainda o amava. Mesmo quando odiava o que ele fazia. Mesmo quando chorava sozinha no banheiro, enquanto ele dormia a dois cômodos de distância, com o telefone bloqueado e o coração ausente.
Um dia, ela viu. Sem querer, sem procurar — mas viu.
Uma notificação que escapou. Um nome salvo como “Sorriso de Quinta”. Uma troca de mensagens que falava em saudade, em prazer, em promessas que não pertenciam a ela.
E naquele instante, o coração de Jisoo quebrou de vez.
Não foi barulhento. Não foi dramático. Foi silencioso, seco. Um estalo no meio do peito. O tipo de dor que não grita, mas paralisa. Ela não confrontou. Não naquele momento. Só respirou fundo, engoliu o choro e saiu de cena como uma atriz exausta no fim de uma peça trágica.
Naquela noite, ele a beijou de novo.
E ela deixou.
Mas sentiu as farpas, cada uma. Como espinhos que ela mesma se forçava a engolir. Como uma prova cruel de que ainda o queria, mesmo ferida.
Porque o amor deles era isso agora: um jogo de feridas que ninguém queria ganhar.
E Jisoo começava a entender que, talvez, a única forma de sair inteira… seria destruí-lo por completo.
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•Matemos o Amor•
FanfictionEles se amaram como se o mundo fosse acabar. E acabou. Jisoo acreditou no amor - até que ele virou veneno nos lábios de Taehyung. Mentiras, beijos com farpas, promessas em chamas. Tudo que começou com flores terminou em cinzas. Matemos o Amor é uma...
