Just to prove to each other that we'd do what we said

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"Cê vai me matar se eu cochilar de novo?" Perguntei, me aconchegando mais em seu ombro. 

"Não" Ela riu "Pode dormir, meu amor" Rosa disse com um tom casual. O apelido que saiu de sua boca me surpreendeu. 

"Então quer dizer que eu sou o seu amor?" 

Rosa virou o rosto na minha direção, percebendo a provocação na minha pergunta. Seus olhos brilharam de leve, mas ela tentou disfarçar a timidez com um sorriso brincalhão.

"Ué, não sabia? Tá atrasada nas notícias, hein?" respondeu, fingindo despreocupação, mas dava para ver suas bochechas corando de vergonha.

Eu ri baixinho, adorando a situação. "Acho que vou precisar ouvir mais vezes pra ter certeza" provoquei, segurando sua mão de leve.

Rosa revirou os olhos com um sorriso, mas apertou minha mão de volta. "Ah pronto. Agora vou ter que repetir pra você acreditar?"

"Talvez" murmurei com uma risada, encostando minha cabeça em seu ombro novamente. "Mas só se você quiser."

Ela suspirou dramaticamente, como se estivesse sendo forçada a fazer algo muito difícil. "Tá bom, meu amor" disse, enfatizando o apelido de propósito. "Melhor assim?"

"Bem melhor." Sorri, me sentindo absurdamente feliz com algo tão simples. Fechei os olhos, deixando que o calor do momento me envolvesse. Não precisávamos de mais nada além disso — só nós duas, nossa sintonia, e o resto do mundo podia esperar.

Depois de um tempo em silêncio, Rosa murmurou baixinho, quase como se estivesse falando para si mesma: "Você sempre foi."

Abri os olhos e levantei a cabeça para olhar para ela. "O quê?"

Ela me olhou de relance, um pouco hesitante, mas com um sorriso sincero nos lábios. "Você sempre foi meu amor. Acho que só demorei pra admitir... até pra mim mesma."

Fiquei sem palavras por um momento, apenas a encarando. Meu peito parecia se apertar e se expandir ao mesmo tempo, um turbilhão de emoções que eu mal sabia descrever.

"Rosa..." comecei, mas não sabia como terminar. Então, em vez de falar, só me aproximei e deixei um beijo suave em sua testa.

Ela fechou os olhos e sorriu. "Vai dormir, boba" disse, voltando a encostar a cabeça na janela. "Senão eu vou morrer de vergonha."

Eu ri baixinho, tentando aliviar a tensão que pairava no ar, mas meu coração ainda estava acelerado. Rosa tinha uma habilidade única de transformar até as situações mais simples em momentos que pareciam carregar um peso emocional indescritível.

"Tá bom, vou dormir" respondi, fechando os olhos e me ajeitando novamente contra seu ombro. "Mas só porque você pediu, meu amor." De propósito, coloquei ênfase na última parte, arrancando um risinho tímido dela.

"Você não presta" Rosa riu, mas não pude deixar de notar a suavidade em sua voz, como se cada palavra carregasse carinho escondido. Sua mão ainda segurava a minha, o que me fazia sentir uma paz que eu não encontrava em mais lugar nenhum.

Enquanto o filme seguia na tela, as luzes da cabine estavam parcialmente apagadas, criando um ambiente tranquilo. O som abafado dos motores do avião parecia embalar o momento. Não demorou para que eu fosse vencida pelo sono, mas antes de apagar completamente, senti Rosa se mover levemente.

"Dorme bem, minha chatinha" ouvi ela murmurar baixinho, achando que eu já estivesse dormindo. Senti sua mão apertar a minha com delicadeza antes de me deixar afundar no conforto do sono.

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Acordei algum tempo depois, ainda apoiada no ombro de Rosa. Ela estava concentrada na tela em sua frente, assistindo outro filme, mas ao perceber que eu havia despertado, olhou para mim com um sorriso tranquilo. "Tá de volta?"

"Tô" Ri. Olhei para a tela em minha frente e percebi que o tempo restante de vôo era só de 1 hora "Cara, eu dormi por mais de uma hora?" Franzi o cenho. 

"Acho que dormiu." Rosa disse "Idoso precisa de soneca, né" Olhou para mim, com um sorriso travesso no rosto. 

"Hum, engraçadinha" Fingi um tom sério. 

"É brincadeira, meu amor" Ela disse, com uma voz carinhosa. "Levanta aqui, Ca" Rosa me afastou de seu ombro, e, quando eu o fiz, se espreguiçou e passou a mão no local onde eu estava deitada. 

"Te machuquei?" Eu perguntei, preocupada. "Desculpa, eu não queria ter ficado com tanto peso em cima do seu ombro. Você podia ter me mandado dormir na cadeira, Rosa" Disse. 

Rosa sorriu de leve e balançou a cabeça. "Para, Ca. Tá tudo bem. Não machucou nada. Eu só precisava dar uma esticada, sabe?" Ela fez um movimento circular com o ombro e voltou a se ajeitar no assento, agora virando o corpo levemente na minha direção. "E, pra falar a verdade, gostei de ser seu travesseiro."

"Safada" Provoquei.

"Besta!" Ela deu um empurrão em mim, rindo. 

Pela hora restante, tivemos conversas leves e comemos um último lanche trazido pela companhia aérea. 

Após o pouso, saímos do avião e entramos no aeroporto. 

"Você vai ficar aqui em São Paulo, né?" Perguntei para Rosa. 

"Vou, achei melhor. Vou encontrar com meus pais e minha irmã só em Tóquio" 

Assenti. "Bom, então é aqui que a gente se despede, né?" 

"Acho que sim" Ela respondeu, relutante. "Tô com medo de tudo que vai vir depois dessa semana. Tô com medo dos treinos, da dor no pé, da correria estragar o que a gente tem... E se eu mudar depois disso, Carol?"

A encarei, tentando encontrar palavras para respondê-la. "Rosa, dá tempo ao tempo. A gente não tem como saber o que vai acontecer, não dá pra prever o futuro. E sobre a gente, eu quero tentar, quero mesmo. Eu sei que a gente consegue. E eu quero tentar com qualquer versão sua"

Ela me olhou, surpresa com a honestidade na minha voz. Um pequeno sorriso começou a se formar em seus lábios, mas ainda havia um toque de hesitação em seu olhar.

"Você realmente acha que dá pra gente fazer isso funcionar?" perguntou baixinho, quase como se estivesse com medo da resposta.

"Acho, Rosa." Dei um sorriso pequeno, mas confiante. 

Rosa suspirou. "Tá bom, então vamos combinar. A gente vai tentar, mesmo com tudo que vier pela frente. Mas você promete me lembrar disso quando as coisas ficarem difíceis?"

"Prometo" falei, segurando a mão dela por um momento. "E você promete não se fechar quando sentir que tá difícil. Me chama, fala comigo, Rosa. Eu sei que em Saquarema vai ser diferente, mas a gente tá junto nessa, ok?"

Ela assentiu, apertando minha mão com força. "Tá combinado então" Ela deu uma risadinha nervosa. 

"Você vai ter uma semana todinha sem mim pra pensar" Brinquei "Vai ficar tudo bem, fica tranquila" 

Ela riu e assentiu. "Você tem que ir, né? Se não vai perder o voo." 

"Tenho, bem" Coloquei a mão em um de seus ombros e a olhei por um instante, até a puxar para um abraço apertado. 

"Se cuida, tá?" Ela me encarou quando nos afastamos. "Me manda mensagem quando chegar em casa" Corou. 

"Você também" Sorri. A puxei para mais um abraço, e dessa vez beijei sua bochecha. 

Rosa sorriu, um sorriso que parecia misturar nervosismo e carinho. "Vai logo, antes que eu te sequestre pra ficar aqui comigo."

"Eu deixaria." Falei brincando, mas com um tom sincero o suficiente para fazê-la rir.

"Tonta!" Ela riu com seu jeitinho único. 

Ainda com sorrisos nos rostos, começamos a nos separar, cada uma para um lado. Eu sabia que, daqui uma semana, nossa história começaria. 












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