Just to prove to each other that we'd do what we said

Começar do início
                                        

"Claro" respondi, ajustando minha posição para que ela ficasse mais confortável. Entrelacei minha mão com a sua e beijei um pouco acima de sua têmpora. 

Rosa suspirou suavemente ao sentir o beijo e logo fechou os olhos, permitindo que o sono a envolvesse. Fiquei ali, olhando pela janela e pensando em como tudo parecia surreal. Alguns meses atrás, jamais teria imaginado que estaria nessa situação. Ao lado dela. Com esse sentimento tão forte. Enquanto Rosa dormia, seu rosto sereno e tranquilo, percebi o quanto ela era importante para mim. Segurar sua mão, sentir sua presença, compartilhar momentos simples como esse... 

Tudo entre nós era muito novo, mas não é como se nós estivéssemos nos conhecendo só agora. Rosa e eu conhecemos cada detalhe uma da outra, coisa que todos os nossos anos de convivência permitiram. Já conhecíamos as famílias, amigos próximos, rotina, etc... Agora, apenas estávamos deixando o sentimento que ficou guardado por tanto tempo rolar. Tenho medo de estarmos indo rápido demais justamente por isso. Machucar a Rosa é a última coisa que quero. 

Depois de um tempo, os comissários começaram a passar com o carrinho de bebidas e lanches. Eu não queria incomodar Rosa, mas o barulho acabou a despertando. Ela piscou algumas vezes, se ajeitando na cadeira, ainda com a cabeça recostada no meu ombro.

"Dormi muito?" perguntou, com a voz rouca de sono.

"Nem tanto. Acho que uns 40 minutos, talvez?" Respondi, olhando para ela. "Descansou?"

Ela assentiu, bocejando levemente e endireitando a postura. "Sim, obrigada por me deixar roubar seu ombro. Foi um ótimo travesseiro" disse com um sorriso preguiçoso.

"De nada. Cobro na volta" brinquei, e ela riu. "E o pé?"

"Tá doendo ainda." Ela deu de ombros "Mas menos do que ontem"

"Isso é bom. Acho que daqui a uns dois dias você já vai estar nova em folha" comentei, tentando soar positiva. Mas, no fundo, essa lesão me preocupava muito. Conhecendo Rosa, ela ia tentar disfarçar qualquer incômodo, mesmo se estivesse mal.

Ela sorriu, mesmo que esse sorriso não tenha chegado aos seus olhos. "Acho que sim. Eu não aguento mais esse pé, parece que a dor não vai passar nunca."

"Vai passar, bem" A olhei "Essa semana de folga já vai ajudar a aliviar bastante, você vai ver. Dá tempo ao tempo, você é forte, sabe disso" Apertei levemente sua mão, esperando que minhas palavras ajudassem de alguma forma, e Rosa deu um leve sorriso com o comentário. 

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"Já viu esse?" Rosa apontou para um filme na tela. 

"Nunca" - "Fala sobre o quê?"

"Nem ideia" - "Acho que é comédia romântica, quer assistir?" E eu concordei com a cabeça. 

Rosa deu play no filme, e logo as primeiras cenas apareceram na tela. Era uma daquelas comédias românticas leves, com personagens um tanto desastrados e situações absurdas que arrancavam risadas fáceis. Rosa parecia se divertir logo de cara, rindo baixinho e trocando olhares comigo sempre que algo engraçado acontecia.

De vez em quando, ela fazia comentários aleatórios sobre os personagens ou as situações. "Você acha que alguém realmente tropeça e derruba um bolo inteiro assim?" perguntou, segurando o riso depois de uma cena particularmente desastrosa.

"Se for você, acho que sim" respondi, brincando, e ela me deu uma cotovelada leve.

"Tonta!" Rosa riu, e eu gargalhei de volta. 

A essa altura, já estávamos há 9 horas no ar, e já tínhamos feito de tudo para manter o tédio longe, incluindo várias sonecas. O filme percorria e eu conseguia sentir o sono me atingindo novamente. Eu e Rosa estávamos aconchegadas uma na outra. Ela tinha sua cabeça encostada na janela do avião e eu encostava nela, e um de seus braços contornava meus ombros. 

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