Droga! Por que ela tem que me conhecer tão bem? Lá se vai minha desculpa de que é algum feriado estupido aqui. Respiro fundo novamente e começo a contar tudo que aconteceu. Não evito nos detalhes, pois sei que se fizer isso ela vai me fazer voltar e contar tudo de novo. A cada vez que conto essa história, mais parece que vou ficando indiferente a ela, já que a cada vez choro menos, e menos. E sei que daqui a pouco não irá rolar nem uma sequer lagrima mais. Mas também sei que talvez isso demore bastante.

- Eu sinceramente não sei qual é seu problema Rebeca. - Ela diz ríspida, e eu me encolho. Está aí uma grande qualidade da Barbara: sua sinceridade. E ao mesmo tempo seu maior defeito. Ela realmente não mede suas palavras e já tivemos algumas pequenas discussões quanto a isso. - Esse garoto é um completo idiota. É inseguro e se acha todo seguro de si. Tudo bem que ele seja sensível às vezes, mas que merda! Você merece alguém que seja inteiro, o tempo inteiro. Que se dê por inteiro. Você merece mais que palavras bonitas no meio da madrugada e indiferença ao longo dos dias. Você é fantástica, mas seu grande defeito é justamente não enxergar isso.

"No momento em que você começar a ver isso, irá perceber que você merece muito mais que esse drama todo, essa indiferença, esse meio termo infinito. Me desculpe, mas ele não irá mudar da noite para o dia e isso não é uma comédia romântica de Hollywood, seu amor não irá mudá-lo. E você não faz ideia de em quanto tempo ele vai conseguir romper com essas barreiras e se dedicar de verdade ao que sente. E você não merece ficar nessa espera, quando você está aí, inteira, pronta para amar de verdade. Não merece."

Percebo que a raiva saiu de sua voz e ela fala com mais calma, como se fosse chorar, assim como estou fazendo agora. Meus olhos e nariz ardem enquanto eu tento controlar as lágrimas, ela tem razão. Tudo que ela disse é a mais pura verdade, e eu sei que ele não irá mudar tão cedo. E mesmo que isso aconteça, agora é tarde demais. A vida dele vai mudar, junto com ele. E eu estou sendo excluída brutalmente. Então decido pular fora antes de ser expulsa, jogada desse penhasco que minha vida se tornou. Quem sabe, antes de encontrar o chão eu não encontre minhas asas?

- Babi, o que você vai fazer na sexta? - Pergunto assim que enxugo as lagrimas com a palma da mão e respiro fundo.

- Ir para escola e trabalhar, eu acho. - Ela me olha desconfiada.

- Inventa uma gastrite. Você vai me buscar no aeroporto. - Eu sorrio. Não é um grande sorriso, é mais para um sorriso tremido e medroso. Mas é verdadeiro. Ela se espanta, mas também sorri, balançando a cabeça como se tivesse aprovado.



Pedir permissão para meu pai foi bem complicado. De começo ele não queria deixar de forma nenhuma, porque achou que eu estava querendo fugir e voltar a morar com minha mãe, por conta de que agora não serei mais filha única. Ele enfiou na cabeça que sou ciumenta e que tudo isso é birra. Mas como a semana foi tranquila, não faltei mais a escola e muito menos ao curso, ele permitiu. Claro que o fato de eu ter o dinheiro para a passagem de ida e volta foi o que mais contribuiu.

Olho pela janela e vejo uma imensidão azul e branca. Respiro fundo e sinto como se algo expandisse dentro de mim. Depois de tudo que a Babi me falou, tenho lutado contra tudo dentro de mim que me aproxima do Brian, seja física ou emocionalmente. Sei que ela tem razão e na verdade, eu já deveria ter tomado esse decisão há muito tempo. E ter persistido. Durante o resto da semana foi muito difícil manter a compostura. Pelo que vi, o Brian e a Cecilia voltaram e não se desgrudam. Os boatos da gravidez ainda não se espalharam, já que todo mundo está questionando o porquê da reconciliação.

Fecho os olhos e respiro fundo lembrando de ontem. Quando ele estava abraçado com ela, andando pelos corredores. Me lembro do seu rosto virado sobre o ombro da Cecilia, seus olhos me encarando. Sua expressão de desculpas, toda minha performance para manter a compostura e fingir que ele não passa de um completo desconhecido. E a forma como meu coração se contorcia por dentro. O desejo louco de pular em cima dele e bater em seu peito até cansar. Até perder todas as forças.

Just a Year - (COMPLETA)Where stories live. Discover now