--- Circunstâncias, Caterina, apostas, estratégia! Não me importo tanto se você não morrer quando viva você me interessa mais. Achei que isso fosse óbvio. E depois, de qualquer forma... --- Recomeçou a andar, com Caterina seguindo cada passo com olhos apertados. --- Você está com os dias contados. Vai ser uma execução pública. Um grande evento, aposto que até alguns ex-rebeldes vão estar lá, já que até eles odeiam você. Esta é a sua última chance, Caterina.

Caterina se ajeitou no chão, curvando-se por sobre joelhos e cotovelos. Olhou para o vazio, que achava que já não tinha mais nada para lhe oferecer. Tinha que fazer uma escolha, que, no fundo, não podia ser diferente. Não podia escolher morrer como a parlamentar alorfa que arruinou a resistência de Prima-u-jir. Precisava ter a chance de se redimir. E tinha que ser fora dali.

--- O que você quer?

Alice se agachou, com a mão planando sobre o chão de terra batida.

--- Gostei de saber o lugar onde você foi presa. --- Disse a preculga, e a boca ressecada de Caterina abriu-se lentamente. --- Eu tenho dificuldades para imaginar que, de todos os lugares para onde você poderia ter ido, quis se esconder na mansão do Byron.

Caterina não via mais razão para esconder o seu segredo. Se não contasse tudo que sabia, de qualquer forma, iria morrer com ele. Não sabia se ter libertado os yutsis repercutiu de alguma forma em Kerinu --- Ela atrapalhou seus planos? Ele conseguiu sair de lá?

--- Eu... --- Começou ela. --- O Byron não pode sair do castelo dele.

--- Byron... --- Alice parecia confusa, mas sem saber como exigir que ela explicasse melhor.

--- Um amigo meu, um... Um amigo alorfo fez uma técnica no Byron, e... Desde então Byron não consegue sair do castelo dele em Neborum.

Alice mexeu a cabeça, como se a erguesse; Caterina liberou o ar dos pulmões, voltando o queixo para as próprias mãos por cima das coxas.

--- Só que Byron prendeu ele, e... Deixou um espólico de guarda pra impedir que ele fuja.

--- E todos eles estão lá ainda?

Caterina balançou a cabeça.

--- Eu estou aqui... Eu não sei.

Alice se levantou e abriu a porta completamente, seu rosto iluminando-se por inteiro um pouco mais. Observou Caterina com as mãos para baixo, rentes à longa capa verde-oliva, como quem tem pena mas a esconde com desprezo.

--- A última coisa que deve fazer, se quiser sair daqui. --- Começou em grave tom. --- É me deixar invisível.

--- Humpf... --- Fez Caterina. --- Você só vai continuar invisível enquanto eu ficar perto de você.

--- Melhor. --- Respondeu ela, baixando o olhar até poder lançá-lo, quente, direto no rosto duro da alorfa. --- Se você morrer meu castelo perde o efeito, eu imagino.

--- Para onde você quer ir?

--- Para a casa de Byron.

Caterina franziu o cenho, preparando de boca aberta a dúzia de perguntas que competiam por uma chance de serem expressas.

--- P-por que... Por quê?

--- Não interessa. Só fique perto o bastante para que funcione.

--- Como eu vou saber que isso não é uma armadilha?

Alice cruzou os braços, respirando devagar.

A Guerra da UniãoWhere stories live. Discover now