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III.

"Gatinha manhosa do beijo gostoso
Me afasta, e me arranha
Mas as nossas desavenças
Não entram no quarto
Quando a gente se assanha"

Apenas as primeiras frases da musica foram o suficiente para o grupo de amigos se empolgar, gritando e aplaudindo enquanto começavam a dançar, algumas das meninas cutucando Kelvin. O namorado de Ramiro, por sua vez, estava completamente focado nele, a bebida esquecida na mão dele enquando ele sorria abobado, o rosto quente.

"Esse amor escondido, minutos contados
Amor proibido, sabor de pecado
Ou a gente se assume
Ou acaba morrendo de tanto ciúme"

Talvez fosse a bebida, talvez fosse o jeito que Kelvin olhava para ele ali no palco, mas surpreendentemente Ramiro não estava sentindo a vergonha que ele imaginava que sentiria nessa situação Ao invés disso, ele esticou a mão chamando Kelvin para se juntar a ele no palco, o sorriso no seu rosto aumentando quando viu o outro andando em sua direção.

"Vou te amarrar na minha cama
Só vai fazer amor comigo
Eu te quero e preciso
Só junto de você
A minha vida faz sentido"

Kelvin quase não conseguia acreditar no que estava acontecendo, assim na frente de todo mundo. De vez em quando, sozinhos no apartamento de um deles, quando Kelvin começava a cantarolar, Ramiro o acompanhava nas músicas que ele sabia, então Kelvin conhecia a voz do namorado quando cantava, já apreciava o jeitinho que ela fluía, às vezes rouca, profunda e ainda assim suave.

A música ainda nem havia terminado, mas tendo Kelvin assim tão perto, Ramiro perdeu o interesse em cantar. Ao invés de continuar, ele envolveu os braços ao redor da cintura do mais novo, ainda segurando o microfone em uma das mãos. A melodia continuou tocando ao fundo enquanto Ramiro trazia Kelvin mais perto, as luzes do palco piscando ao redor deles quando se beijaram.

(E se Kelvin xingou os amigos por gritarem tanto que Ramiro parou o beijo antes que Kelvin estivesse pronto para parar, não é da conta de ninguém.)

——/——

8 meses depois do primeiro encontro.

Ramiro (13:15): Amor tô indo pra casa mais cedo

Kelvin (13:18): Tá tudo bem, pretinho?

Ramiro (13:20): To doente :(

Kelvin (13:21): O meu amor, que aconteceu?

Ramiro (13:26): Achei que eu tava bem mas não tava não.

Ramiro (13:28): To capenga, to com dor de cabeca, meu nariz tá nojento, to com frio e com calor ao mesmo tempo, to gostando não

Kelvin (13:33): Tadinho do meu bebê :((

Kelvin (13:34): Vai pra casa, vidinha. Eu tô saindo daqui em meia hora, aí vou cuidar de você.

Ramiro (13:37): Vc jura?

Kelvin (13:39): Juro, meu amor. Vai pra casa, descansa, já já eu chego.

Ramiro confirmou com seus colegas que ele poderia ir sem prejudicar ninguém, e Petra praticamente o empurrou porta afora, dizendo que não aguentava mais o nariz dele escorrendo e pra ele pelo amor de Deus poupar os ouvidos e os olhos dela. Não tinha como discutir com tamanha evidência, então Ramiro saiu.

Ele agradecia muito que o trabalho não era tão longe de casa, então o caminho não demorou demais. Assim que chegou em casa ele tirou as roupas do trabalho e, porque que ele estava com frio e com calor do mesmo, não conseguia pensar na melhor maneira de se vestir para solucionar ambos os problemas.

Ramiro acabou se decidindo por ficar somente de cueca e se enrolar num cobertor, pensando que assim era mais facil de controlar a temperatura do que colocar e tirar várias peças de roupa dependendo de como estava se sentindo.