(Lésbico)
Era uma quinta-feira chuvosa e fria, pedi ao motorista que aguardasse em frente ao café, desci as pressas do carro e entrei na cafeteria buscando o meu lugar de costume, ao lado da janela. Era o meu lugar favorito, conseguia observar todo o ambiente sem que alguém pudesse me notar, menos a garçonete, que logo se aproximou e eu lhe pedi um café forte.
Enquanto seguia a moça com o olhar até o balcão, reparei uma desajeitada menina, tinha acabado de deixar cair o seu copo de café, eu podia jurar que a culpa era minha, mas lembrei que ainda não tenho super poderes. A jovem estava nervosa, parecia ter desistido de voltar ao balcão e pedir outro copo quando virou-se em direção a porta do estabelecimento. E então fui obrigada a barrar sua saída;
- Posso te pagar um café? – Perguntei ficando em sua frente mais que rapidamente.
Ela parecia muito nervosa e agora assustada, afastou o cabelo do rosto e pude observá-lo totalmente corado de vergonha.
- Não quero incomodar, eu agradeço sua atenção. – Respondeu de forma ambígua, não entendi se foi uma recusa ou um sim, pois ela se manteve parada na minha frente e não falou mais nada, foi como se tivesse ficado petrificada.
- É-e, posso entender como um sim? – Segurei em seu braço e apontei para a mesa onde eu estava minutos atrás.
- Tudo bem, eu vou aceitar então – Ela passou as mãos trêmulas no rosto, deixando-o ainda mais rosado.
Ela sentou, acomodou a bolsa ao lado e ficou a me encarar, fiz sinal a garçonete e pedi que trouxesse a moça outro copo do que parecia ser um Fresh Mint Iced Coffee, pois o cheiro de menta próximo a porta e o gelo no chão, entregaram o seu gosto ligeiramente estranho para um dia frio. Estava começando a ficar estranho o silêncio então resolvi perguntar seu nome.
- Meu nome é Gabriela, mas pode me chamar de Gabi. E o seu?
- Me chamo Lara. – Respondi – Eu sei que está frio, mas, você está tremendo muito, está nervosa? – Perguntei.
- Tenho uma entrevista de emprego daqui a pouco, não sei como vai ser, quase me sujei agora pouco de café... e essa chuva, eu preciso muito dessa vaga. – reclamou.
- Bom, ajudaria se eu treinasse com você uma "entrevista", acha que pode se sentir mais confiante se eu lhe mostrar que é algo muito simples?
- Isso seria ótimo – Ela ajeitou-se melhor na cadeira e posicionou seu corpo para frente, parecia animada com a proposta. Consegui observar seus olhos azuis contornados de preto, uma pele menos corada de vergonha e um batom matte, a cor parecia um tom curinga, uma camisa social da cor salmão, mal aparecia por baixo do casaco preto, mas era notável que seus seios eram fartos e seu corpo esguio, respirava calmamente agora, com seu novo copo de café nas mãos.
- Bom, vamos lá, Gabi! – Iniciei com alguns conselhos. - Nunca, em momento algum responda brevemente, responder sim ou não acaba com a entrevista, mas também não seja tagarela, ninguém gosta de quem fala pelos cotovelos, melhor dizendo... Seja objetiva, segura, firme. Sempre olhe nos olhos da pessoa e aperte a mão quando lhe for estendida – disse isso me aproximando de seu rosto e segurando sua mão fria e suada, era delicada e levemente perfumada. – Tenha um aperto firme, segure-a toda, desse jeito! Não precisa usar força, mas firmeza. Não fique balançando, apenas segure no ar, passe suas intenções e a pessoa saberá pelo o porquê está ali. Você é uma moça bonita, simpática, os outros precisam saber que é forte e determinada, segura de si, e muito disso está no contato visual e físico, consegue entender?
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CONTO LGBT
Short StoryAlgumas pessoas estavam acostumadas a encontrar nessa mesma página, uma obra extensa entre duas mulheres. Devido aos problemas que tive com a história, resolvi manter apenas o primeiro capítulo, e tornar esse local em uma coletânea de Contos H...