— Tudo bem. – Riu suave. — Mas não vá sozinho! – Gritou ao longe, vendo o mais jovem correr, Joffrey apenas riu enquanto corria mais à frente.
Lucerys suspirou, observando alguns criados passando de corredor a corredor, provavelmente indo arrumar as coisas do torneio, – tudo iria acontecer amanhã pela manhã, ele tinha um estranho pressentimento bom sobre aquilo. Ele começou a passar pelos corredores, observando o batente da varanda que dava uma boa visão do pátio abaixo, seus dedos passando pelas rochas e suspiros baixos, quase sussurros escapando de seus lábios.
Ele tinha tantas coisas que precisava resolver, ao mesmo tempo que queria estudar mais, não tinha tempo o suficiente para se afogar nos livros, ao mesmo tempo que queria treinar até que sua respiração falhasse, não podia se forçar ao extremo.
Ele estalou a língua no céu da boca mais uma vez e parou perto do batente da varanda, observando os guardas embaixo.
— Quero voar.
Murmurou consigo mesmo, pensando em certas escamas azuladas. Seus pensamentos eram firmes, mas a memória da noite anterior estava gravada em sua mente como um incêndio. O pequeno confronto anterior, marcado por insultos, apertos e faíscas de desavenças passadas, ainda fazia seu sangue ferver. Ele podia sentir as marcas em seu corpo, a mancha que testemunhava a pouca paciência de seu tio. Ele deveria ficar surpreso, honestamente?
Enquanto mantinha seu olhar em algum lugar aleatório da parte debaixo do castelo, a tensão em seu peito se intensificava. O ar estava carregado de uma eletricidade palpável, como se o próprio castelo estivesse ciente do que havia ocorrido. Ao virar a cabeça, seus olhos captaram uma figura conhecida. Aemond Targaryen, o príncipe de um olho só, estava parado junto a uma das janelas altas, a luz do sol matutino delineando suas feições angulosas e o contorno de seu corpo esguio, mas musculoso.
O tapa-olho de couro negro contrastava com a brancura de seus cabelos platinados. Ele parecia um predador em repouso, um dragão à espera do momento certo para atacar. Os olhos dos dois príncipes se encontraram, íris lilás e o azul intenso quase refletindo o castanho comum dos olhos de Lucerys, e por um momento, o tempo pareceu parar.
A tensão entre eles era quase tangível, uma corrente invisível que os unia e os repelia ao mesmo tempo. Havia uma carga naquele silêncio, as palavras da noite anterior ressurgindo como cinzas nas mentes dos dois príncipes. Lucerys não reagiu muito, ele apenas deu um longo suspiro, virando seu corpo por completo.
Aemond deu um passo à frente, seu olhar fixo nos olhos de Lucerys. O corredor parecia encolher, as paredes de pedra antiga testemunhando o confronto infernalmente silencioso. Lucerys, sem desviar o olhar, ergueu a cabeça apenas para observar os próximos passos do tio.
— Lucerys, – Aemond murmurou, sua voz baixa e carregada de algo indefinido. — achei que estivesse escondido, lambendo suas feridas.
A voz saiu como um corte limpo, o citado só conseguiu mover o lábio em um sorriso sem muito esforço ou real felicidade.
— Eu não me escondo. – Lucerys respondeu, a voz morna. — Não mais.
Os passos dos dois príncipes ecoavam pelo corredor vazio, cada um medindo o outro, buscando uma fraqueza, uma abertura.
Havia uma intensidade quase sufocante no ar, uma mistura de hostilidade e algo mais profundo, mais primal. Os braços de Lucerys estavam cruzados perto do peito, seu coração batendo descontroladamente, – ressentimento? Talvez. Aemond se aproximou ainda mais, a apenas um braço de distância agora.
— Não mais? – Ele sussurrou, aquele sorriso surgindo em seus lábios. — Isso é muita arrogância para alguém tão... pequeno.
Lucerys realmente precisou respirar fundo antes de pensar em algo para responder. As vezes ele gostaria de sair correndo pelo castelo enquanto fala palavras de baixo calão para todos, – apenas os específicos, o quanto gostaria que eles fossem para o inferno.
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𝐀𝐋𝐌𝐀 𝐏𝐎𝐑 𝐀𝐋𝐌𝐀
FantasyLucerys sabia que seu fim estava próximo quando viu as presas de Vhagar tão próximas a si, quando escutou os ossos de Arrax se destroçarem perante aos deuses da chuva, e quando tombou para o lado e escorregou de sua sela, ele fechou os olhos e uma l...
