⊱◈NOSSA DESPEDIDA◈⊰

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Parte 2📜🖋️+4,5k

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Parte 2
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"Prometo-te, meu amor, ser teu farol,
Nos mares revoltos que navegamos.
E mesmo que o mundo desabe ao redor,
Juntos, meu amado, resistiremos e amamos."
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DYLAN OLHAVA PELA JANELA DA RESIDÊNCIA, suas feições refletiam a tensão que pairava no ar de Copacabana. A cada sirene distante e a cada passo apressado na calçada, ele mergulhava mais fundo em suas próprias memórias dolorosas. Anthony, o observava com preocupação crescente, tentando transmitir-lhe segurança, embora soubesse que era uma tarefa difícil.

Finalmente, Dylan afastou-se da janela, dirigindo-se ao móvel onde uma garrafa quase vazia de uísque repousava. Ele serviu-se de um pouco do líquido âmbar e o ingeriu em um único gole, na esperança de acalmar os nervos. Mas suas mãos trêmulas e o olhar distante deixavam claro que o alívio era apenas superficial.

Sentindo a necessidade de oferecer mais do que palavras, Lins impulsivamente o abraçou. O gesto acolhedor do romancista rompeu a frágil couraça de força que o fotógrafo tentava manter. Num instante, ele se entregou a um choro copioso e dolorido, as lágrimas escorriam livremente enquanto os ombros sacudiam com cada soluço.

Por alguns minutos, o som abafado do choro de Dylan preenchia a sala, e Lins continuava a segurá-lo firmemente, proporcionando o conforto silencioso de que ele tanto precisava. Aos poucos, a intensidade do choro diminuiu, e o fotógrafo finalmente conseguiu falar entre os soluços.

"Eu... nunca contei a ninguém," começou ele, com a voz entrecortada. "Mas agora, você saberá por que me tornei um ativista."

Lins afrouxou o abraço, mas manteve uma mão no ombro de Dylan, incentivando-o a continuar. Ele respirou fundo e começou a relatar suas memórias.

"Há alguns anos, durante uma manifestação pacífica. Estávamos protestando contra a censura e a violência do governo. Minha irmã, Camila, estava comigo. Ela era uma estudante de jornalismo, cheia de esperança e coragem. Quando os militares chegaram, começaram a dispersar a multidão com brutalidade. Tentamos fugir, mas eles nos pegaram. Vi Camila sendo levada, gritando meu nome enquanto eu era espancado e jogado em um camburão."

Tavares fez uma pausa, com o olhar perdido no vazio. "Nunca mais a vi. Soube depois que ela foi torturada e morta. Desde então, dediquei minha vida a essa causa. Para honrar a memória dela e de todos os outros que foram silenciados."

Lins sentiu um aperto no coração ao ouvir a história. Ele sabia que a dor de Dylan era um reflexo da dor de muitas famílias brasileiras naquele período sombrio.

"Sinto muito por você, Tavares," disse ele suavemente. " Não sei como funciona isso, mas vamos lutar juntos. Por Camila e por todos que perderam suas vozes."

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