05. Lembranças

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6 anos atrás...

Estava deitado, com Hana me abraçando, quando a quietude da noite foi interrompida por um sonho inesperado.

Aquele sonho me fez sentir uma sensação estranha, como se estivesse flutuando em um mar de escuridão, e então, algo semelhante a duas sombras apareceu. Eram duas crianças, suas silhuetas mal definidas contra o breu que me cercava. Elas falavam comigo, suas vozes jovens e insistentes ecoando em minha mente.

"Não vá embora novamente, [Nome]." Disse uma das figuras. "Você prometeu que não iria." Prosseguiu.

Tentei compreendê-los, mas eu não conseguia lembrar. Não conseguia ver seus rostos ou discernir suas feições; tudo o que tinha era o som de suas vozes, que me diziam ser de meninos. Eu tentei responder, tentei entender o que estava acontecendo, mas minha voz falhou. Nenhuma palavra saía, apenas o silêncio respondia ao meu esforço.

Era como se estivesse tocando uma memória perdida, a primeira desde que acordei desses três meses de esquecimento. Mas era apenas um vislumbre, uma fração de algo maior que ainda me escapava. Quem são esses meninos? O que significava essa promessa? A lembrança era como um fio solto, incapaz de tecer a tapeçaria completa da minha história esquecida.

As figuras me confrontaram, suas vozes eram um sussurro frio na escuridão do meu sonho.

"Você é um mentiroso!" A outra figura acusou, cada palavra carregada de uma tristeza que eu sentia, mesmo sem poder ver. "Você prometeu que não iria desaparecer novamente, e mesmo assim nos deixou."

Eu queria negar, queria explicar, mas as palavras se perdiam antes mesmo de formarem-se em minha mente. Eu sabia, mesmo na ausência de rostos para ler, que eles estavam tristes e irritados. A dor deles era quase palpável, uma névoa de desapontamento que me envolvia e apertava meu peito com uma culpa que eu não conseguia entender.

"Por que você nos deixou?" Continuavam eles, suas vozes crescendo em intensidade. "Você disse que ficaria. Você disse que estaríamos juntos."

Era um tormento, essa acusação vinda deles. Eu queria consolá-los, queria encontrar as palavras certas, mas tudo o que tinha era o silêncio e a sensação crescente de que havia algo importante que eu deveria lembrar, algo vital que eu havia prometido a eles que agora me chamavam de mentiroso em meu próprio sonho.

Uma das figuras se aproximou, e eu senti um toque frio e etéreo em minha mão.

"Não vamos deixar você ir." Disse ele, com uma firmeza que contrastava com a suavidade do gesto. "Não desta vez." A voz era calma, porém carregava um peso de determinação que me prendia ali, naquele espaço entre sonho e memória.

Logo depois, senti outra presença atrás de mim, e antes que eu pudesse reagir, um abraço gélido me envolveu. Era a outra figura, me segurando com uma urgência que transbordava em seu silêncio. Eu estava imobilizado, não apenas pelo abraço, mas pela confusão que me assolava.

Eu tentava desesperadamente compreender, tentava alcançar qualquer fio de lógica que pudesse explicar o que estava acontecendo. Mas minha voz estava aprisionada dentro de mim, sufocada pela névoa daquela lembrança que lutava para emergir. Eu queria falar, queria perguntar, queria entender, mas estava preso em um silêncio forçado, um espectador de minhas próprias memórias fragmentadas.

De repente, o cenário do meu sonho mudou. Já não estávamos mais cercados pela escuridão ou pelas vozes acusadoras. Agora, era apenas eu e uma das figuras, sentados lado a lado, contemplando o mar que se estendia à nossa frente. O menino parecia triste, uma melancolia que eu podia sentir mesmo sem ver suas feições.

THE GOVERNMENT PRISONER - One Piece x Male ReaderWhere stories live. Discover now