• O Míssel •

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Lexa Woods

Meus olhos não pregavam de forma alguma. Eu não conseguia fechá-los para dormir e encarava a vela acessa ao lado de minha cama enquanto lembranças me atingiam. A vontade de descansar não parecia chegar, pois pensamentos se intensificavam em minha mente.

Eu me movia no colchão, virava de um lado para o outro e pensava nas minhas atitudes. Eu fizera o certo em deixar Clarke ir? Se sim, por que eu estava tão preocupada? E por que eu me arrependia tanto de não fazê-la ficar?

Meus pensamentos são interrompidos quando ouço passos atrás de mim. Agarro minha adaga que sempre ficara ao meu lado e em um passo rápido eu me viro bruscamente. Pulando do colchão e ficando de pé enquanto meu peito subia freneticamente.

Foi quando a vi, desarmada e com os cabelos soltos batendo em seus costas. Sua pele estava limpa, sem tintas, sem roupas de guerra e totalmente desprotegida. Carregando uma camisola de seda no seu corpo branco e pálido, com água em algumas partes não tão bem enxugadas de sua silhueta.

Clarke soltou um sorrinho ao me ver e se aproximou da cama que nos separava. Suas mãos analisaram as peles de animal que conseguiam me esquentar do frio e a mulher se deitou. Soltando um gemido de puro prazer e satisfação ao sentir o tecido lhe aconchegar.

- Como entrou aqui? - olhei para a porta fechada.

Os Gonas não a deixariam entrar. Não quando eu estivesse dormindo e exposta. Meu corpo travou no mesmo instante assim que pensei em uma possibilidade cruel que passou na linha dos meus pensamentos.

- Matou eles?

- Eu até poderia... mas eu não queria me sujar depois de me banhar - Clarke sorri brincalhona, descansando a cabeça na mão enquanto me encarava ainda de pé - Não vai se deitar?

- Eu mandei você ir embora de Polis - paro, não queria soar grossa, mas a loira não pareceu se importar.

- Você pediu para que eu voltasse ao meu lar - me corrigiu serena - E eu voltei.

Solto um suspiro longo de meus lábios entre abertos e deixo de tentar entender Wanheda. Subo na cama, me deitando para ficar de frente a mulher, que estava tão quente que eu cogitei estar doente. Porém, era comum que ela se sentisse muito mais quente em uma temperatura que nem se quer surge no verão da nação do Gelo.

- Não dormiu por quê? - sinto suas mãos alisarem as mechas de cabelos que caiam em meu rosto.

- Não consegui - observei seus olhos, que brilhavam com as velas acessas refletindo em seu rosto.

Tive vontade de provar seus lábios. Pensei. Como seria o gosto depois de tanto tempo sem toca-los? Clarke ainda suspira profundo quando beija? Ela ainda sorri quando tem sua língua acariciada, simplesmente por sentir cócegas?

- Você consegue - volto a realidade em um sopro - Durma, eu estarei bem aqui.

A Azgeda mostrou-me seu sorriso e se aconchegou ainda mais ao meu lado. Nossas peles não se tocavam, mesmo que eu necessitasse em senti-la. Quando a loira foi a primeira a dormir. Eu não fiz o mesmo e comecei a admira-la em segredo, temendo que alguém, além da lua, soubesse.

Eu queria dizer tantas coisas. Queria fazer tantas coisas. Mas nada fiz, e fechei os olhos para dormir. Adormeci assim que senti braços me abraçarem, me obrigando a dormir com um sorrisinho ingênuo em meu rosto.

Eu não deveria me sentir segura, não com a mulher que mata a todos sem sentir remorso ou arrependimento. Porém, eu não consegui evitar. Seu cheiro, sua respiração pesada, sua carícia... foi o bastante para que eu caísse em um sono profundo.

DESTRUCTION | ClexaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora