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Valentina

Eu olhava para o pastor alemão deitado na mesa e acariciava a cabeça dele. O cachorro choramingou e me olhou. Pedro apareceu na clínica e ao me ver, sorriu fraco.

— Ele vai ficar bem. — Disse e meus olhos se encheram de lágrimas.

— Não minta para mim, Pedro. Ele já está velhinho, eu sei que não vai durar muito tempo. — Voltei o meu olhar para Rock. — Ele é a única coisa que sobrou do meu pai... Agora ele está indo embora. — Uma lágrima escorreu pela minha bochecha.

— Eu sei que deve ter sido difícil ficar sem seu pai e deve ser pior ainda ficar sem o Rock. Mas você vai superar. — Pedro colocou a mão em meu ombro e eu sorri tristonha.

— Acho que sim. — Sequei a lágrima. — Eu vou precisar ir agora, minha mãe deve estar me esperando para jantar. — Aleguei pegando minha mochila do chão e a colocando nas costas. — Promete cuidar dele para mim?

— Prometo.

Eu sorri e olhei para Rock, dando um beijo na cabeça dele.

— Amanhã eu venho para te ver. — Sussurrei e me voltei para Pedro. — Fala para o doutor que mandei um abraço. Eu não me lembro o nome dele. — Pedro riu.

— Okay, digo sim.

— Boa noite. — Então eu saí da clínica e apanhei minha bicicleta que estava encostada ao lado da entrada da clínica.

Subi na mesma e sai pedalando calmamente para ir para casa.

Senti o vento tocar o meu rosto e senti minhas lágrimas escorrerem por minha bochecha. Lembranças de meu pai vieram à mente e logo a saudade bateu. Comecei a tremer de nervoso e perdi o controle do guidão, fazendo a bicicleta virar para o lado com tudo e eu cair no asfalto violentamente, ralando meus cotovelos.

Sentindo a ardência dos meus ferimentos eu soltei alguns xingamentos e me levantei do chão. Bati as mãos na roupa para tirar o pó e levantei a bicicleta.

— Precisa de ajuda? — Olhei para frente e vi Vitor se aproximar com sua bicicleta.

— Não, foi só um arranhão. — Respondi analisando o ferimento. — Um arranhão bem grande. — Ressaltei e Vitor riu baixinho.

— Precisa tomar mais cuidado, Val. — ele alertou parando ao meu lado e eu assenti.

— Pode deixar. — Subi na bicicleta novamente.

— Estava chorando?

— Não. Quer dizer, sim. Mas foi por causa do machucado, está ardendo muito. — menti. Mas é claro que Vitor não acreditaria. Com o olhar desconfiado, ele apenas assentiu.

— Sei.

— Nos vemos por aí. — coloquei o pé no pedal e comecei a pedalar.

Tentei não cair de novo até chegar em casa e assim que entrei encontrei tudo apagado. Balancei a cabeça e ri de mim mesma de forma irônica.

— Minha mãe deve estar me esperando para jantar. — Repeti o que eu disse para Pedro com ironia. — Com certeza ela está. — Joguei a chave em cima da mesinha e caminhei para o meu quarto.

Tirei o meu all-star e joguei para o lado, depois foi minha vez de se jogar na cama e ficar encarando o teto.

Fechei os olhos e vi meu pai brincando comigo e com Rock no parque, enquanto mamãe lia um livro embaixo da árvore e comia a comida do piquenique. Eu sorri e senti o que eu sentia naquele momento, naquele dia. Mas quando eu abri os olhos, tudo evaporou e não me passou de meras lembranças que nunca mais voltariam.

Suspirei e me levantei da cama. Senti a ardência nos braços e joelhos, o que me fez lembrar do meu "acidente" de agora pouco.

Caminhei até o banheiro e tomei um banho rápido, lavando os machucados e os cabelos também. Me enrolei na toalha e saí, encontrando a mamãe sentada na cama em meu quarto. Ela estava com o cabelo bagunçado, o semblante acabado e vestindo o mesmo pijama de dois dias atrás.

— Boa noite mãe. — Desejei, indo até o armário e pegando o primeiro pijama que encontrei.

— Como o Rock está? — sua voz era baixa e rouca, parecia ter chorado recentemente.

— Eles estão fazendo de tudo para salvá-lo.

A única reação que ela expressão foi um balançar de cabeça.

— E como você está? — Levantou o olhar para mim.

Eu engoli a seco.

— Estou seguindo da forma que dá.

— Sabe, eu estava pensando em assistir um filme amanhã à noite. O que acha? — Propôs e eu sorri fraco.

— Acho uma ótima escolha. Posso deixar para estudar no sábado.

Mamãe assentiu e se levantou da minha cama, vindo em minha direção e me abraçando. Eu retribuí e fechei os olhos.

— Eu te amo, minha pequena. Desculpe não estar te dando a devida atenção, sei que está sofrendo tanto quanto eu com a morte de seu pai. — Falou e eu a abracei mais forte, sentindo as lágrimas brotarem em meus olhos.

— Eu te amo, mãe. — Digo entre os soluços e ela acaricia meus cabelos, apertando mais o abraço.

SELLIE - ANJOS DA LUA (Fanfic Teen Wolf)Onde histórias criam vida. Descubra agora