Feitiço (Starchaser)

Prólogo

"Situações drásticas requerem soluções desesperadas", é o que a Andy sempre me disse, e bem... ela acertou. Infelizmente.

Certo, talvez seja melhor começar direito: eu preciso que o James se apaixone por mim. A questão é que eu sou um agente duplo entre os Comensais da Morte e a próxima provável vítima é o Potter, então Dumbledore decidiu que o melhor seria que ele se tornasse "confiável" do ponto de vista daqueles arrombados. E com isso ele quis dizer ser o namorado de alguém de dentro. Ridículo.

O velhote nunca disse que precisa ser algo natural, por isso agora eu 'tô aqui com a Pandora tentando criar uma variante de Amortentia mais segura e que dure por tempo limitado. Eu não sei nem como vamos conseguir, mas é o único jeito.

Já 'tamo nessa merda há dois meses, mas ainda não conseguimos. Na verdade, nós temos o protótipo, só que não temos certeza se é seguro. De qualquer forma, começamos a arrumar a sala de poções antes de irmos até nossos dormitórios dormir.

- Bem, acho que é isso, Dora! – Coloco o caldeirão no lugar e bato as mãos pra tirar a poeira. – Eu viu indo... – Comento meio aéreo, falando sozinho. – Vai ficar mais um pouco, maninha? – Me viro 'pra garota loira e tão baixinha que parece uma criança.

- Não, tudo o que eu quero é deitar e dormir um pouco, Arc. – Ela diz sonolenta, bocejando e coçando o olho direito. – Me acompanha? – Pandora inclina a cabeça de leve, um biquinho fofo e levemente infantil em seus lábios, uma ação típica e inconsciente de quando ela 'tá cansada.

- Claro. – Sorrio pequeno, estendendo meu braço 'pra minha irmã que agarra satisfeita, se apoiando no meu corpo enquanto tenta andar, quase caindo de sono.

Levo ela até a entrada da Corvinal, me despedindo com um beijo delicado em sua testa branca como a neve, vendo ela entrar se segurando nos móveis. Me viro 'pra ir pra Sonserina, mas logo escuto passos indo rapidamente em direção à um corredor em reforma.

Depois de uma pequena batalha interna eu resolvo ver o que é. Péssima ideia! Sinto um peso sobre meu corpo e alguém se chocando contra mim, olho pro chão e vejo o Potter com o óculos torto, descabelado, cara de idiota e com o tornozelo aparentemente torcido pela queda.

- O que você aprontou? – Pergunto com uma falsa tranquilidade, um "imbecil" preso na minha garganta, implorando 'pra ser direcionado ao cego idiota.

- Nada! – Ele responde em um tom ofendido, como se o que eu disse fosse uma acusação completamente absurda. Fingido.

- Tenta outra, Potter. – Ofereço minha mão 'pra ajudar ele a levantar, sentido o toque de sua pele poucos segundos também. Eu ando sendo mais legal com ele desde a "missão" do Dumbledore.

O mais velho finalmente fica de pé, destacando nossa diferença de altura, mesmo que ele seja só uns cinco centímetros mais baixo. Arrumo um pouco seu cabelo e desentorto o óculos em sua cara, incomodado com a desorganização.

- O que você aprontou? – Pergunto de novo, diminuindo um pouco mais nossa distância.

- Eu só preparei uma surpresinha 'pro Filch, nada demais. – Ele revira os olhos, claramente tentando passar a impressão de quem não fez nada de errado e 'tá sendo falsamente acusado.

- E eu sou um peixe. – Revido com um sorrisinho sarcástico. – Não dá 'pra confiar nos seus "nada demais", Potter. – Balanço a cabeça levemente, uma negação quase imperceptível.

- Vai fazer o que? – Seu mau humor é quase palpável, provavelmente por eu ser monitor e poder dar uma detenção 'pra ele ou até tirar pontos da Grifinória, o que esse boçal definitivamente consideraria infinitamente pior.