•Capítulo 6•

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— Tá, mas como vai ser isso, pai? Quando a gente vai?

— Agora. Já tá tudo arranjado. Tem gente nossa que vai com vocês, garantir que cheguem lá tranquilo. — Bruno já estava movendo-se para organizar nossa partida.

As próximas horas foram um borrão. Arrumamos algumas malas rapidamente, mais movidos pela urgência do que pela vontade. A despedida foi apressada, repleta de abraços rápidos e palavras de cautela. Breno e eu partimos na companhia de dois homens de confiança do meu pai, rumo ao Rio, com a promessa de que aquela era a melhor decisão para nossa segurança.

Enquanto nos preparávamos apressadamente para a partida, uma reviravolta inesperada aconteceu. Puma se aproximou novamente, sua expressão mais determinada do que antes.

— Eu vou com vocês para o Rio — anunciou, a decisão clara em sua voz.

Todos no grupo se viraram para ele, surpresos. Breno e eu trocamos olhares de confusão e preocupação. Puma percebeu nossa hesitação e continuou:

— O foco sobre o assalto que rolou, aquele que a gente comandou, já diminuiu. Não tá mais tão quente aqui pra mim, e faz mais sentido eu ir junto garantir que tudo fique suave por lá e também retomar pra minha favela, tenho minhas coisas pra resolver por lá.

Bruno, nosso irmão, assentiu lentamente, avaliando a proposta de Puma. Meu pai, olhou para ele por um momento antes de concordar.

— Certo, Puma. Sua presença pode ajudar a manter as coisas controladas no Rio. Mas cuidado, qualquer sinal de problema, quero saber na hora.

Puma acenou com a cabeça, compreendendo a responsabilidade que lhe foi dada. Ele então se voltou para mim e Breno, um olhar mais suave substituindo a severidade anterior.

Ajeitamos rapidamente nossas coisas no carro que nos levaria de volta ao Rio. Puma ajudou com as malas, seu comportamento protetor me fazendo lembrar dos momentos antes de toda essa confusão começar.

No caminho, Breno quebrou o silêncio que se instaurara:

— Puma, como que a situação ficou mais tranquila tão rápido? Achei que ia demorar mais pra esfriar.

Puma olhou pela janela, observando as ruas de Heliópolis que passavam rapidamente.

— A gente fez umas movimentações estratégicas, desviou o foco pra outras áreas. Isso ajudou a tirar o calor de cima da gente. Agora é manter o perfil baixo, especialmente no Rio, até as coisas realmente se acalmarem.

O resto da viagem foi um misto de tensão e planejamento. Discutimos possíveis cenários e como nos manteríamos seguros sob a proteção do TCP no Rio. Puma, com sua experiência e conexões, propôs várias estratégias para nos mantermos fora do radar das facções rivais e da polícia.

RJ - Complexo da Maré - Vila do João
20:00 Da Noite.

Depois de uma viagem tensa e cheia de conversas sérias, finalmente chegamos ao Rio de Janeiro. Nosso destino era a Vila do João, um território dominado pelo TCP, onde tudo já estava preparado para a nossa chegada. Puma tinha organizado tudo, e havia uma casa onde eu e Breno ficaríamos até que as coisas se acalmassem lá em São Paulo.

Chegar ali foi um misto de alívio e ansiedade. A casa muito linda, dois andares, tudo no blindex. Puma fez questão de nos mostrar cada detalhe do local e explicar as regras de segurança que precisávamos seguir. Era tudo super controlado para garantir que nada de ruim acontecesse.

— Aqui é tranquilo, mas vocês dois precisam ficar ligados, sem dar bobeira na rua ou fazer algo que chame atenção — Puma nos alertou assim que chegamos. — Qualquer rolê fora daqui, me avisa primeiro.

Lance BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora