I. A Hamlet For a Slothful Vassal

8 2 39
                                    

Soltarei contra vós feras do campo, que matarão vossos filhos, reduzirão vosso gado e vos dizimarão, a ponto de tornarem-se desertos os vossos caminhos.
Levítico 26:22

Pelas campinas ele caminhava pacientemente, sem tanta celeridade, embora tivesse mais uma de suas missões a cumprir.

Apertou seus olhos escuros feito ébano na direção do céu, um límpido e resplandecente céu, sem sinais de chuva. O sol brilhava em todo seu esplendor e haviam pássaros no céu a gorjear.

Mais além, uma paisagem silenciosa, lôbrega e imponente. O castelo por trás da neblina e das montanhas, já visível dali.

Cassander podia respirar uma brisa errante que aos poucos parecia contaminar tudo a sua volta tal qual uma suave pestilência.

O jovem espadachim seguia sua caminhada, pé ante pé. Tendo como companhia sua velha espada, sua armadura enegrecida e sua determinação.

Aos poucos, via o cenário mudar sobre sua cabeça. O céu outrora azul como paradisíacos oceanos aos poucos se convertia em cinza fosco e o sol parecia entrar em provisório estado de catatonia.

As aves agora eram negras como a noite eterna e ficavam a crocitar uma infernal melodia.

O som do trovão agora pairava sobre as alturas, era como a caçada selvagem trazendo consigo a morte e a desgraça.

E lá estava no final daquela trilha, a pequena igreja de arquitetura gótica.

Cassander observou as estátuas de santas com suas expressões melancólicas e olhos escorrendo breu, pareciam aguardá-lo.

Logo os raios irrompendo céu a dentro, e a chuva que começava a cair lentamente.

As portas da igreja se abriram, sem que mãos humanas as tocassem. Parecia um convite as profundezas do inferno, algo totalmente antagônico de se imaginar em um ambiente religioso feito aquele.

O jovem espadachim sempre foi destemido, e além disso, já havia se acostumado com ameaças demoníacas. Forças malévolas estavam sempre no encalço de homens como ele.

Assim que pôs os pés no interior da igreja, Cassander se deparou com cenas do mais puro e profundo horror.

Todos os fiéis estavam mortos. Seus cadáveres putrefeitos postos nos bancos de madeira, como se ainda assistissem a cerimônia. Seus olhos estavam arrancados, dando lugar a órbitas ocas e pestilentas, repletas de moscas.

- Bem vindo, adorável forasteiro! - Uma voz grave ecoava por todo o malsadio ambiente. - Bem vindo ao fim de toda esperança!

A voz bradava imponente e atroz do altar.

No altar, um coroinha morto, crucificado de ponta cabeça em uma parede onde se via um pentagrama invertido desenhado em sangue e carne morta. O cheiro de podridão era insuportável.

Cassander parou de frente ao altar.

O padre estava ali, rezando uma missa para cadáveres de fiéis. Seus olhos brancos, opacos, sem vida. Olhos do demônio, olhos do mal.

Gargalhou de forma jocosa, mostrando dentes podres e um hálito pútrido que exalava de sua boca.

- O que o traz até aqui, jovem? - questionava o demônio que agora tomava conta do corpo do sacerdote. - Não temes por tua pobre e insignificante alma?

O jovem espadachim sorriu, um sorriso de canto em tom desdenhoso, ao mesmo tempo que desembainhava sua espada.

- Não temo demônios imundos como tu! - disse, erguendo a lâmina brilhosa. - Já estive diante de ameaças piores, e tu só estás a me aborrecer e nada mais!

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Apr 26 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Cassander, a Swordsman Where stories live. Discover now