Maybe it' love || Carlos Sainz

strangely good

Carlos Sainz Vázquez de Castro.
📍Trancoso

Confesso que não me surpreendi quando Elouise bateu à minha porta na noite passada, sabendo que ela dificilmente conseguiria dormir naquele quarto infestado de mofo. Antecipando isso, já tinha arrumado uma barreira sutil de travesseiros entre nós na cama — uma separação discreta, mas suficiente para manter uma certa privacidade, embora eu desejasse poder sentir seu perfume suave.

Aquela noite dormi profundamente, um sono que não experimentava há tempos, confortado pela presença suave de Elouise ao meu lado, talvez influenciado pelo aroma dela ou simplesmente pela tranquilidade de tê-la por perto.

Ao amanhecer, permiti-me alguns momentos observando-a dormir; sua expressão era de uma paz profunda. Fiquei ali, encantado, até me dar conta de que, se ela acordasse e me visse assim, talvez nunca mais aceitasse compartilhar o mesmo teto.

Inspirado por um impulso de fazer algo agradável por ela, decidi preparar o café da manhã. As panquecas que fiz eram as únicas receitas que realmente valiam a pena, apesar de ter tentado outros pratos com as instruções da minha mãe. Arrumei tudo em uma bandeja e levei para Elouise, que já estava desperta, se enroscando entre os cobertores.

— Bom dia, princesinha — disse ao entrar, vendo seus olhos se iluminarem com uma mistura de surpresa e alegria ao ver o café da manhã.

Após o café, ajudei-a a mover suas coisas para o meu quarto — agora, temporariamente nosso. Tomei cuidado para não usar a expressão "nosso quarto" diretamente, temendo que pudesse assustá-la. Optamos por manter a descrição neutra, simplesmente "o quarto", pelo menos por enquanto.

Mais tarde, descemos para a praia, decidindo ficar discretos e não explorar muito de Trancoso, para evitar a atenção da mídia. A casa tinha várias amenidades, incluindo quadras de esportes e bicicletas, que me chamaram a atenção, mas optamos por uma manhã tranquila à beira-mar.

Quando Charles e eu finalmente tivemos um momento a sós, ele não perdeu tempo para investigar a noite anterior.

— Então, como foi a noite? — ele indagou, tentando esconder seu interesse com um ar casual.

— Bem, na verdade, muito bem — respondi, tentando manter a conversa leve.

— Me diga que algo mais aconteceu naquela festa depois que fui embora. Eu vi vocês dois — ele provocou, insinuando algo mais.

— Depende do que você considera como 'algo mais', — brinquei, querendo evitar dar detalhes.

Justo quando estava prestes a revelar um pouco mais sobre a situação do quarto, Olivia interrompeu, claramente preocupada com a possibilidade de Charles ter tramado algo para nos juntar de propósito.

— Charles! — ela exclamou, um pouco irritada. — Se você armou alguma coisa para fazer Elouise ficar no quarto do Carlos, eu vou te colocar para dormir no sofá!

— Eu? — Charles respondeu, genuinamente surpreso e um pouco confuso.

Observando a pequena discussão entre eles, decidi manter-me ao fundo, satisfeito ao ver que, desta vez, o destino parecia estar jogando a nosso favor, mesmo sem intervenções planejadas.

— Sim. — Liv confirma, mantendo os braços cruzados e o olhar firme.

— Olha, eu realmente não fiz nada além de deixar vocês dois no mesmo andar desta vez. Eu prometi que tentaria ajudá-los a se entenderem nesta viagem, sem intervir demais. — Charles defende-se, tentando suavizar a tensão palpável.

Observo o embate entre os dois, permanecendo em silêncio até que Elouise se junta a nós.

— Conseguiram resolver o problema do mofo? — Ela pergunta, sua voz tranquila cortando a pequena discussão.