2 • E que professora!

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Pov: Carina Deluca
 
Finalmente, era sábado. Passei a semana toda rezando para a chegada desse dia maravilhoso.
 
Maya viria aqui em casa me dar a primeira aula particular. Deus resolveu me abençoar.
 
Não tirei nota baixa de propósito, jamais faria isso. Queria entrar em uma boa universidade, NYU, Harvard ou alguma do tipo, e uma recuperação em biologia poderia estragar isso. Me senti uma burra incompetente quando recebi minha nota 4 na última prova, chorei a noite inteira.
 
Mas quando minha mãe disse que ninguém mais, ninguém menos que Maya "gostosa para caralho" Bishop me ajudaria a estudar, senti como se as portas do paraíso estivessem se abrindo e os anjos cantavam para mim.
 
Meu sonho, desde que essa mulher incrivelmente sexy apareceu na minha casa, era sentir sua boca na minha, tocar seus cabelos loiros e macios, chupar seu pescoço e deixar minha marca ali nela.
 
Mas Maya me via apenas como a filha pirralha da sua melhor amiga. Talvez eu realmente fosse quando nos conhecemos, mas não sou mais criança. Já tenho dezenove anos, sou uma adulta...quer dizer, sou quase uma adulta.
 
É meu último ano no colegial, depois, se tudo der certo, mudarei de cidade e começarei em alguma faculdade de letras, essa era minha última chance de conseguir ver como Maya Bishop era sem roupa.
 
Meus devaneios são atrapalhados por três batidas na porta:
 
- Pode entrar! - me sento de forma adequada em minha cama.
 
- Maya já chegou, minha bambina - mamãe se aproxima tocando em meus cabelos - Ela vai te ajudar, você vai se recuperar em biologia, tenho certeza disso.
 
- Obrigada, mamma - beijo sua mão que repousava em meu rosto.

- Vou mandá-la subir - concordo com a cabeça e vejo minha mãe sumir no corredor.
 
Me levanto e dou uma última varredura com os olhos pelo quarto. Tudo parecia estar no devido lugar. Meus pôsteres do One Direction estavam guardados em uma gaveta, deixei a mostra apenas os do Nirvana e do Guns N' Roses, pois eu sabia que eram as bandas favoritas de Bishop.
 
Consegui ouvir passos subindo as escadas, respiro fundo. Me olho no espelho na parede e amarro meu cabelo em um coque desajeitado. Da última vez que o arrumei assim, Maya ficou olhando para meu pescoço com um olhar completamente faminto, queria sentir a adrenalina de ver aquilo novamente.
 
Minha mãe sobe com a loira ao seu lado. A mulher sorri para mim, toda minha autoconfiança sai correndo e pula pela janela. Devolvo o sorriso e encaro minha mãe:
 
- Vou deixar vocês estudarem, qualquer coisa estou lá em baixo - mamãe sai e puxa a porta, mas antes de fechar completamente, ela coloca seu rosto para dentro do quarto uma última vez - Bons estudos, gatinhas.

- Obrigada, mãe - Maya não diz nada, apenas caminha pelo meu quarto analisando o ambiente com os olhos. Seus dedos vão até o pôster do Kurt e ela solta uma risada nasal.
 
- Não sabia que curtia Nirvana.
 
- Tem muita coisa sobre mim que você não sabe, Bishop - a loira não me olha e muito menos revida minha pequena provocação. A mulher continua desbravando meu quarto, seus dedos tocando em tudo que pode ser tocado, seus olhos analisando e julgando os livros que eu tinha em minha estante. Quando ela termina de conhecer todo o ambiente, Maya se senta em minha cama.
 
- Quer começar com o que? - fico paralisada, não havia pensando no que faríamos quando ela estivesse aqui. A mais velha parece notar minha confusão e mais uma vez, ela ri da minha cara - Por que não me dá sua prova? Deixa eu ver o que você errou.

Vou até meu guarda-roupa e abro minha mochila. O papel estava todo amassado e escondido no fundo do objeto de tecido. Abro a prova, tentando deixá-la mais apresentável e levo minha maior vergonha até minha nova professora. A loira pega o papel em suas mãos e observa cada questão e cada uma das minhas respostas:
 
- Meu Deus...você é péssima em biologia - a sensação de constrangimento toma conta do meu peito, aperto meus dedos entre minhas mãos, não queria que Maya pensasse que eu era burra ou algo do tipo - Mas se serve de consolo, essas questões foram formuladas de uma forma bem confusa. Vou te ensinar biologia e vou te ajudar a compreender o que seu professor está pedindo, combinado?
 
- Sim - ainda me sinto um pouco humilhada, a mulher que me deixava extremamente excitada, sabia que eu era um desastre na coisa que ela mais amava.
 
- Hey, não precisa se sentir mal - sua mão busca pela minha, lhe entrego de bom grado - Biologia pode não ser seu forte, mas sua mãe já me mostrou alguns de seus poemas e posso lhe garantir...alguns deles são perfeitos, de tirar o fôlego.

- Obrigada, May - experimento chamá-la por seu apelido, e ele sai tão natural entre meus lábios, como se fosse costumeiro usá-lo, mas Maya se assusta ao ouvi-lo, penso em pedir desculpas, mas não o faço, engulo minha própria vergonha na cara e encaro seus olhos azuis.
 
- Acho melhor começarmos - a loira solta minha mão e se senta em uma cadeira em frente a minha escrivaninha. Puxo outro objeto de madeira e me sento ao seu lado. A mulher folheia meu livro e depois o fecha de uma forma abrupta, me assusto com o barulho - Primeiro, falaremos sobre os conceitos fundamentais da genética e depois entraremos nas Leis de Mendel. Vou deixar umas atividades para você fazer, semana que vem eu corrijo tudo. Se você se sair bem, ai poderemos entrar em genética molecular.
 
- O que faremos amanha? - combinamos de estudar aos finais de semana.
 
- Nada. Tenho um compromisso. Já você, mocinha, irá resolver os exercícios que vou te passar. Prometo que estará bem ocupada o resto do final de semana - ela sorri para mim, devolvo a sorriso a contragosto.

Maya começa a me explicar sobre genes, seus dedos longos pegam um dos meus lápis e desenham sequências de DNA, sua boca vermelha e carnuda começa a vomitar milhares de conceitos e termos que eu já conhecia, mas não conseguia assimilar direito na hora da prova.
 
Eu queria me concentrar, eu precisava. Mas sua boca estava me distraindo demais:
 
- Hey! Se não prestar atenção, não vai conseguir entender - sua voz sai mandona e grossa, minhas pernas quase se abrem.
 
- Estou prestando atenção, senhora Bishop - a loira ergue uma sobrancelha e me encara desconfiada.
 
- Então, senhorita Deluca, me explique o que são genes...
 
- Genes são as sequências de DNA que determinam as características dos seres humanos - um sorriso convencido brota em meus lábios e isso parece irritá-la
 
- Não só dos seres humanos, mas sim, de organismos - a loira continua me analisando com desconfiança - Diferencie genótipos de fenótipos.

- Bom - isso sempre me confundia - Os genótipos são as características que temos em nossos genes? - Maya quase se contorce inteira, me sinto burra novamente - Me desculpa - sua mão firme acaricia meu ombro.
 
- Não está de todo errado. Os genótipos dizem respeito à informação presente no genoma de um indivíduo, são características não observáveis, já os fenótipos podem ser vistos. É uma combinação entre nosso genótipo e o ambiente e pode ser definido como as características observáveis - seus dedos passam por meus cabelos e fazem um carinho gostoso em minha nuca - Seu cabelo castanho, é um fenótipo, entendeu? - suas unhas arranham minha nuca, bem devagar, em um carinho singelo e inocente.
 
- Acho que sim - levanto minha cabeça e encaro seus olhos - Seus olhos azuis, lindos por sinal, são um fenótipo? - ela sorri, mas para com o carinho.
 
- Exatamente. Está pegando o jeito.

Seu riso é tão gostoso que sinto vontade de beijá-la, sinto vontade de pular em seu colo e morder seus lábios. Esfrego minhas pernas uma na outra, minha mãe estava em casa, ela me mataria se ao menos imaginasse as coisas que fantasio com sua amiga.
 
Maya volta a explicar a matéria, mas eu sentia falta do breve contato que tivemos, então, decido tirar meu tênis. Passo meu pé esquerdo em sua perna, a loira para de falar por alguns segundos, mas logo volta. Continuo com o carinho, meus pés subindo cada vez mais, passando por suas coxas e demorando ali. Quando ouso subir até sua virilha, a loira segura meu pé com força:
 
- O que está fazendo? - ela não parecia com raiva, mas sim, assustada com minha atitude.
 
- Nada! É que estou com cãibra, preciso mexer meus dedos.
 
- Só tenha cuidado com esse pé - não sei dizer o que aquilo significava. Ela estava com raiva? Não queria meu carinho? Seu rosto era indecifrável, como uma pedra na areia, apenas existindo enquanto o mar vai e volta.

Maya arrasta sua cadeira se afastando de mim. Ela não havia gostado. Não posso culpá-la, acho que fui com muita sede ao pote, agindo sem pensar. Bishop não é uma adolescente com os hormônios a flor da pele buscando por qualquer coisa para se aliviar. Maya era uma mulher, uma adulta, ela precisava ser seduzida, se sentir atraída, era isso que eu faria. Além de um 10 em biologia, eu também iria ter Maya Bishop só para mim.
 
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bjssss. até semana que vêm!

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