10 - ordens

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- mas, eu...eu... - tentei achar a palavra certa, enquanto seus olhos escuros penetravam a minha alma. - tudo bem. - suspirei pesado.

- ótimo! - ele olhou de relance para Matteo, que tinha as mãos no bolso e o maxilar trancado.

- por que não dar boas vindas pra ele, papai? - um sorriso sarcástico apareceu no rosto de Matteo.

- Martinez! - a voz grossa e alta, fez com que meu pai arregalasse os olhos.

- Sofia...vamos. - ele sussurrou, me fazendo recuar um passo e me virar. - Vamos! - Afonso levou sua mão até às minhas costas, indicando que eu andasse.

- pra que essa pressa toda? - meu pai pareceu congelar no lugar, o que me fez encarar o chão.

Afonso se virou aos poucos, o que me fez virar também. Matteo e o homem se cumprimentaram com um toque de mão, como se fossem amigos. O sorriso estampado nos rostos de ambos, me fez arquear uma sobrancelha confusa.

- Joker! - meu pai riu nervoso, enquanto arrumava a gola de seu terno, engolindo em seco.

- Joker? - um sussurro saiu dos meus lábios.

Recuei um passo ao lembrar das coisas que Matteo me falou naquela noite. Você não tem ideia de quantas pessoas ele torturou. De quanto sangue tem em suas mãos, Sofia. Dos gritos agonizantes, enquanto eles pediam socorro. Encolhi meus ombros na mesma hora que o medo tomou conta do meu corpo.

- e quem é a garota? - Joker me lançou um olhar curioso, me analisando de cima a baixo.

- Minha irmãzinha! - Matteo interrompeu meu pai, que bufou um xingamento.

- ah, claro! - ele riu nasalado. - Sofia Martinez, não? - concordei com a cabeça.
- Um prazer te conhecer.

Joker estendeu sua mão. Hesitei um pouco antes de estender a minha, ele a encarou e deixou um beijo em minha mão, enquanto seus olhos negros me encaravam.

Meu pai pigarreou chamando nossa atenção. Joker finalmente soltou minha mão aos poucos, e senti o alívio percorrer meu corpo. Matteo desviou o olhar ao perceber meu desconforto e Joker encarou Afonso com um sorriso.

- achei que não apareceria por aqui hoje.

- bom, quis fazer uma surpresa chegando depois, mas me comunicaram que Dmitry iria anunciar que estava noivo e ele fez questão de me mandar o convite. - seu sorriso se alargou em tom sarcástico, o que fez meu pai trancar o maxilar. - Acho que precisamos conversar, não é Afonso?

- sof! - meu irmão chamou minha atenção. Matteo acenou com a cabeça, o que me fez concordar o mais rápido possível.

- licença. - minha voz saiu mais rápida do que imaginei.

Dei as costas aos dois homens, sentindo seus olhos nas minhas costas a cada passo que dava, logo atrás de Matteo. Afastei pensamentos terríveis da minha cabeça e tentei ao máximo prestar atenção nas coisas à minha volta. Encarando o chão, colidi nas costas do meu irmão, o que me fez murmurar me afastando um pouco.

- Vocês são amigos! - acusei antes mesmo dele falar algo. Matteo se virou para mim e bufou.

- olha...não fique com medo dele. Ele não vai te matar, tá legal? - sua mão direita subiu pra minha bochecha. - ele só mata as pessoas que entram em seu caminho e você não está no caminho dele.

- eu deveria agradecer? - ironizei e ele concordou sério com a cabeça.

- só preciso que nesse momento, você saia daqui.

- o que? - arqueei uma sobrancelha. - eu não faço a mínima ideia de onde estou, como vou sair daqui, Matteo? - o encarei séria. - não quero esbarrar nele e pisar em seus sapatos caros e levar uma bala na cabeça.

Darkside Where stories live. Discover now