Capítulo 04

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— Porque ele estava na sua casa? — Benjamin voltou assim que escutou os gritos do suposto namorado do seu vizinho.

O loiro parou na entrada da sua porta esperando que o seu alvo fizesse algum movimento brusco para rebentá-lo.

— Olha como fala comigo, Adam! — O homem negro retrucou sem temer que um homem de grande porte como Adam estivesse fúria.




— É por causa dele que você não me quer? — Adam questionou decepcionado, os seus olhos avermelhados mostravam o choro preso.



— Adam, eu já disse que não quero nada contigo. Você é como um filho que eu nunca tive e não há nada que eu possa fazer para mudar isso — O jovem médico jogou as flores no chão.




— O que está olhando, cara pálida? — Adam provocou Benjamin que tinha os braços fortes cruzados em frente ao peito e Adam não tentaria provocar o loiro se soubesse a raiva que tinha acumulada por causa de estar há quase duas semanas sem eliminar o seu alvo.

O homem com cabelo castanho passou a passos rápidos mostrando o seu descontentamento diante a atitude do enfermeiro.

Benjamin precisava se segurar e descobrir mais sobre a relação entre Raul e Adam, não esperava que as coisas estivessem se conectando tão rapidamente.

— Tudo bem aí? — Benjamin perguntou a Raul que massageava a testa numa tentativa de se acalmar e reduzir a dor de cabeça por passar a noite toda em claro.






— Primeiro diz que sou chato e agora se preocupa comigo, seu babaca grosso — Raul respondeu o tom mais calmo possível entretanto as lágrimas molhando o seu rosto diziam o contrário, algo que Jones esperava vindo de alguém comum.



— Bom saber — O enfermeiro revirou os olhos voltando para o seu apartamento deixando o loiro para trás.

Benjamin não ficou surpreso quando não sentiu nada, nem um incomodo ou mesmo culpa por ter dito aquelas palavras, na sua cabeça aquilo foi uma maneira de avisar que o seu jeito de ser poderia ser perigoso.



Em silêncio, os olhos azuis, observaram o suposto namorado de Raul entrar no seu carro e somente depois que ele deu partida, o loiro entrou na sua casa.



Pegou o seu telemóvel na esperança de que Rose atendesse porém não aconteceu e acabou jogando o aparelho para o lado.



As suas mãos ásperas pegaram na faca que tinha usado para cortar a garganta de sua última vítima, o desgraçado do pior tipo.




Pressionou lentamente a ponta do seu polegar contra a lâmina extremamente afiada que ele não temia se cortar, mesmo as suas feridas não estando curadas, desejava poder voltar a ativa e eliminar os alvos escolhidos por seus superiores.




Benjamin se pegou abruptamente pensando em Raul quando viu o pequeno pires onde havia servido o bolo na primeira vez que bateu em sua porta.





Uma vontade frívola tomou conta de si ao imaginar as suas mãos brutas apertando as coxas magras do retinto, a pele achocolatada parecia extremamente sensível e cheirosa.


O seu telemóvel vibrou alegrando o loiro, ele estava favoroso por um alvo enquanto vigiava Scott, as câmeras que implantou perto dela estava servindo para alguma coisa.


— Como você se meteu nisto? — Exclamou colocando balas na arma e guardou a faca quando viu que a foto de Raul no seu telefone.




Por outro lado, Raul, abraçado ao seu pastor alemão, dormia tranquilamente sem ao menos sonhar que vinha um monte de gente trás dele.


Max foi o primeiro a acordar quando sentiu a presença de alguém dentro do quarto e ele não latiu quando percebeu Benjamin observando o seu dono.

O loiro não pode deixar de notar a faceta tranquila enquanto dormia, as sobrancelhas finas, os lábios escuros meios cheios estavam entreabertos, o nariz aberto soltava os pequenos roncos.


Benjamin se aproximou lentamente até cobrir a boca do retinto que despertou abruptamente por causa da pressão.

Raul lutou com todas as suas forças na tentativa de conseguir se livrar do aperto do loiro que olhava fixamente para a porta porém não conseguiu movê-lo nem um centímetro.

O retinto escutou passos pesados vindo de sua sala, aquilo trouxe um pouco de esperança para ele pois na sua cabeça, Benjamin só estaria ali para mata-lo.

Benjamin levou o dedo a sua indicando indicando para o menor se manter em silêncio.

— O Jones está aqui, encontrem-no!  — O enfermeiro assentiu sem escolha e quando o loiro o soltou, fintou a porta quando escutou as vozes desconhecidas, Raul cometeu o maior erro da sua vida.




— Soco…hmm — Benjamin revirou os olhos quando Max começou a latir sem parar, chamando atenção dos intrusos que seguiram o som do latido.




O loiro segurou o braço do Raul o guaindo até a parte de trás da porta. O retinto levou as mãos a boca quando viu Benjamin tirando uma arma, pronto para matar qualquer desafortunado que entrasse.



— Fique aí! — Raul cobriu os ouvidos ao som da primeira bala disparada contra a mulher que entrou no seu quarto. O enfermeiro começou a tremer ao ver a poça de sangue se formando no chão branco.




Benjamin perdeu a sua arma quando o segundo intruso chutou a fazendo voar para longe de si. O loiro rapidamente tirou a sua faca e sem remorso penetrou a garganta do homem que amoleceu sem vida.


O loiro revirou os olhos quando percebeu o enfermeiro chorando, fazia tanto tempo que fazia aquele trabalho que não via nada demais.


— O seu cão é um excelente guarda — Benjamin agradeceu por Max ter distraído os intrusos com os seus latidos. O maior acariciou a pelugem escura do pastor alemão que estava escondido debaixo da cama.




— Não toca nele! — Raul ganhou forças para chamar o seu cão que prontamente correu para o seu dono que ainda tremia chocado com a cena.

Benjamin o ignorou completamente enquanto guardava as suas armas e começou a vasculhar os bolsos dos corpos.

— Deveria me agradecer por ainda estar vivo — Disse caminhando em direcção ao homem negro que foi se afastando dele, o medo nos olhos castanhos não o surpreendeu porém causou uma sensação nova, desconforto.



— Agradecer? Você matou pessoas! Eu vou chamar a polícia e… — A voz embargada de Raul ecoou pelas quatro paredes de seu quarto.


Raul lutava para equilibrar as suas pernas trêmulas, mesmo sendo enfermeiro aquele cena o chocou profundamente enquanto procurava o seu celular.

Benjamin envolveu a sua grande mão ao redor do braço do mais baixo que ficou assustado com o gesto entretanto antes de revidar sentiu algo pressionando o seu pescoço e logo em seguida a sua vista escurecer.

SOMBRA E LUZWhere stories live. Discover now