59

6 1 0
                                    

Alyssa Perez.                                                   23:02

Observo Robin pela pequena janelinha de vidro da porta do quarto de hospital, as cortinas da janela estão fechadas, e não posso entrar no quarto para segurar sua mão

Sigo essa mesma rotina todo santo dia, de vir oara o hospital a qualquer momento que eu possa, acho que as enfermeiras já decoraram meu nome

Gosto de pensar que Robin está apenas dormindo, descansando, e que amanhã cedo, quando eu acordar nessa cadeira desconfortável no corredor frio do hospital, vou ir até seu quarto e ele vai estar lá sorrindo me esperando

Mas a realidade é que ele está em coma a três semanas, e que eu só consigo sentir culpa, frio e cansaço, queria poder excluir todas as vezes que me afastei dele tentando fazer o melhor para mim, enquanto quem fazia o melhor para mim era ele, quem fazia mal para mim, era eu mesma

Quase choro ao saber que ele pode não acordar mais, minha mãe disse que tenho que afastar os pensamentos negativos, que ele vai ficar bem, que nós vamos ficar bem, mas não consigo pensar assim, por mais que eu queira

Me sento na cadeira no corredor cheirando a álcool gel, injeção e soro, tremo com o frio, e toco meu livro com as mãos geladas como um cadáver, abro na página que é dividida pelo marcador e começo a ler

Leio páginas e páginas e não presto atenção em nada, não consigo, minha cabeça se ocupa de amis com algo que amo, ou melhor, alguém que amo

Bufo e fecho o livro, ponho meu capuz tentando ficar mas confortável mas acho que não é possível na sim que estou

(...)

Olho o relógio e já são três da manhã, e tudo se repete, olho a janelinha da porta, leio páginas e páginas, e nada, acho que só consegui dormir pelo cansaço absurdo que estou sentindo

(...)

acordo com um barulho alto e irritante, abro os olhos e lá tem um homem com uma voz chata berrando no telefone, e o pior que ele nem está brigando com alguém, ele está conversando, só que muito alto

Esfrego os olhos e caminho até o banheiro do hospital, quase me assusto ao ver minha cara no espelho, vou até a cabine e saio dela logo em seguida, é nojenta de mais para mim

Vou até a recepção e quando o moço me vê revira os olhos

- Bom dia Alyssa- ele diz já decorando meu nome

-Horário de visita- digo e ele anota algo em seu computador e estica o braço

-Você já sabe qual é o quarto né-

Sigo novamente até o corredor que durmo e abro a porta, e meu corpo se alivia com o aquecedor do quarto, abro um pouco as cortinas fazendo a luz invadir o cômodo, revelando neve lá fora, isso explica meus lábios roxos de frio

Toco as mãos de Robin e me alívio com sua mão quente, a cada toque meu nele, é um memória que vem a tona e me destrói

A porta do quarto é aberta delicadamente e uma figura graciosa surge, é a mãe de Robin, sorrio quando a vejo, ela se aproxima e me abraça, depois da um beijo na testa do seu filho

- Vamos para a minha casa, você precisa descansar- ela diz

- Não precisa estou ótima, obrigada- digo simpática

- Não estava oferecendo, estou mandando, vamos Aly- ela diz e pega na minha mão, quase me arrastando para fora do hospital

(...)

I hate youWhere stories live. Discover now