IV

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Quando despertei pela manhã, Taehyung ainda não havia voltado para o dormitório, nem sei se ele vai querer voltar.
Espero que não volte. Melhor para mim.

Eu levantei da cama e já estiquei as cobertas, para, em seguida, ir preparar algo para comer, digo, comprar algo. Não tenho disposição para cozinhar hoje.

Após o café da manhã que tomei em uma cafeteria próxima, voltei para o quarto para retornar ao meu trabalho com a edição das fotos. Não é exatamente um trabalho, é mais um favor ao Jimin; pelo menos ele está me pagando.
Eu havia interrompido tudo por causa dos eventos passados.

Escuto barulhos de chaves no lado de fora do quarto, seguido do som da fechadura sendo destrancada. Mas que merda! Não posso ter um dia de paz sequer?!

Como esperado, Taehyung passa pela porta, carregando algumas sacolas.
Nós trocamos um breve olhar, mas desviamos, levemente constrangidos. Desgraça! Volte para seus pais!

— Como foi o final de semana? — ele inicia a conversa.
Isso me surpreendeu, não achei que ele iria querer papo comigo depois do que presenciou.

— Foi bom... eu acho — respondo com a voz baixa, quase sussurrada. — E o seu?

— Maravilhoso! Minha sobrinha tava lá. Foi divertido!

Ele se joga na cama. Eu concordo com a cabeça como resposta e volto minha atenção para a tela.

— Yoongi... — ele chama, agora com a voz baixa. Eu estremeço dos pés a cabeça.

— Hum?

— Acho que a gente...precisa conversar.

Travei meu maxilar. Eu estava torcendo para que ele tivesse esquecido. Tomara que seja outra coisa.

— Sobre o que?

— 'Cê sabe. Sobre... aquilo.

Engulo a seco, mas me mantenho em silêncio.

— Eu vou ser direto — ele continua. — Deixe seus fetiches para si mesmo. Não é algo do qual eu me sinto confortável em ver e nós dividimos um quarto. Na verdade, não quero que faça isso no nosso dormitório.

O encaro de olhos arregalados e lábios entreabertos. Ele acha que eu... fetiche?! 

— Não é fetiche! Céus!

— Não...?

— Não!
Bagunço meus cabelos com as mãos. Que assunto constrangedor para falar com alguém que eu convivo a menos de um mês. Logo eu, que queria esconder minha vida pessoal dele.

— É um mecanismo de defesa — continuo. Ele me encara com uma sobrancelha arqueada, claramente sem entender do que eu estava falando — Se chama regressão de idade. É um mecanismo de defesa do ego para lidar com certas situações. Em uma explicação bem chula.

— Situações? Quais?

— Sei lá, várias.

— Cita um.

— Argh! Trauma, estresse, ansiedade, outros transtornos mentais.

— Que legal! Quer dizer, não os transtornos

— Nem sempre é tão legal. — Me viro de costas para ele, sentindo meu rosto pegar fogo e minhas axilas soarem — Deixa baixo. Esquece o que eu disse. Eu vou tentar evitar que isso aconteça aqui.

— Tentar? Você não controla?

— Nem sempre. É complicado…

Depois disso, a conversa morreu ali.

Querido diário, é o YoonieWhere stories live. Discover now