05 - acelerada

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- essa aí, você vai usar pra fazer o molho. - apontei pra panela menor.

- hum. Desde de quando você sabe das coisas? - ele arqueou uma sobrancelha.
- achei que não sabia nem fritar um ovo.

- eu sou uma ótima cozinheira. - deixei o celular do maior ao meu lado.

- ah, sim! - ele falou em um tom irônico, enquanto deixava a panela no fogão.

- posso dirigir o seu carro qualquer dia? - cruzei os braços.

- não! - ele deu de ombros.

- achei que você me amasse. - levei minha mão ao meu peito, fingindo estar ofendida.

- você não sabe nem andar direito com as suas próprias pernas, vai saber dirigir o meu carro? - ele se virou, pegando um pano de prato e o levando pro seu ombro.

Verdade. Eu não sabia nem andar com os meus próprios pés direito. Sempre tropeçava pelo chão. Mas isso era apenas um detalhe. Dirigir um carro não deve ser tão difícil.

- eu sei dirigir um carro. - afirmei com a cabeça erguida.

- pelo o amor de Deus sof. Não e não! - ele negou com a cabeça.

- nossa, então essa é a última coisa que você vai falar pra sua irmã, antes dela ser tirada da casa onde cresceu? - olhei pras minhas mãos, brincando com os meus dedos.

- não é isso, sof. Olha...- ele suspirou. - tudo bem. Eu deixo você ir no meu carro. - Matteo revirou os olhos e um sorriso apareceu em meus lábios. - só não deixo você dirigir. - o sorriso em meus lábios se desmanchou, me fazendo bufar.

- Qual é a graça, então? - cruzei os braços.
- Eu posso muito bem, pedir pra um dos motoristas me levar pra qualquer lugar.

- Sofia, você com certeza vai matar a gente. - o olhei incrédula. - mas, pra sua alegria. Eu prometo que vou dirigir na maior velocidade do mundo. - um sorriso largo apareceu no meu rosto. - tudo bem pra você? - concordei com a cabeça. - a gente pode fazer uma coisa.- Matteo deu de ombros, vindo até mim. - vou te dar o meu celular e você faz uma lista de coisas para fazermos antes de você ir embora. - ele pegou o seu celular ao meu lado.

Ouvir o ir embora. Fez meu coração apertar. Eu sempre quis sair daqui, sempre orei para os céus, para que me tirasse daqui, o mais rápido possível. Agora, vou embora. Com uma pessoa totalmente diferente de mim. Um cara com 45 anos, e quatro filhos. Mas o que mais me doí e me faz querer chorar, é que eu nunca mais vou ver Matteo.

- posso ir a uma boate? - forcei um sorriso e ele me olhou com tédio.

- não! - revirei os olhos. - boates são para strippers e pros caras que foram traídos por suas mulheres. - ele falou sério, me fazendo rir.

- Então você foi traído? - arqueei uma sobrancelha.

- mesmo eu sendo um gostoso. Tem garotas loucas que beijam outras bocas. - ele falou negando com a cabeça, me deixando em choque.

- pera! Então, alguma garota te traiu?- ri alto.

- cala a boca garota. - ele revirou os olhos.
- Ninguém pode saber disso, Sofia. - ele me alertou, mexendo no seu celular.

- pra quem eu vou contar isso? - suspirei pesado. - eu não saio nem de casa.

- olha...- ele tentou achar uma palavra certa. - lembra da promessa que eu te fiz?
- ele me olhou, e eu concordei com a cabeça. - Eu sei o que é se sentir assim. Sozinho, sem ninguém. - ele levou uma mecha de cabelo pra trás da minha orelha. - toma! - Matteo me entregou o seu celular, me fazendo rir anasalado.

Darkside Where stories live. Discover now