A verdade

56 7 0
                                    

Brian Genneric

O prédio não era muito longe da casa, então levei uns 30 minutos para chegar, havia um enorme portão velho e enferrujado, que aparentemente estava trancado, desci do carro e fui na direção do portão, pude perceber que apesar do portão ser velho e enferrujado a corrente e cadeado que o fechava eram novos.

Dei uma volta pelo lado de fora do prédio, não havia outra jeito de entrar, teria que pular o portão, o local parecia uma fábrica abandonada, assim que pulei o portão cai em um pátio grande, a porta de entrada do prédio era de vidro fui até ela e estava aberta, por dentro do prédio estava tudo sujo, ouvia apenas o som de gotas d'água caído de encanamentos. Não via nenhum sinal de que poderia ter alguém por lá, continuei andando pelo prédio, fazendo o mínimo de barulho possível.

Eu estava no segundo andar, era um corredor cheio de salas, andei por ele atento a qualquer barulho mas não escutei nada além dos meus próprios passos, já estava me direcionando para escada para ir embora quando ouvi o ranger do que parecia ser uma porta se abrindo, logo em seguida passos, me escondi em uma das salas onde eu tinha a visão da escada.

Alguém estava resmungando alguma coisa que eu não conseguia entender, então eu abri um pouco mais a porta para ouvir, quando senti a porta fazer força contra mim e me derrubar no chão, fiquei deitado no chão com os olhos fechados por alguns segundos, então ouvi alguém se aproximando.

- ora ora, acho que encontrei um rato se esgueirando por aqui, vou ter que acabar com essa infestação...

Eu conhecia aquela voz, mas não tive coragem de abrir os olhos, foi então que eu senti um chute muito forte na minha barriga, o que me fez me encolher em posição fetal, logo depois senti algo pesado bater em minha cabeça e perdi os sentidos.

Não sei precisar quanto tempo depois eu acordei, mas minhas mãos estavam amarradas para trás, meus pés tinham correntes que amarravam um ao outro e se prendiam em um ferro na parede. Olhei em volta para ver se havia mais alguém comigo mas eu estava sozinho e também já não estava mais no cômodo de antes, essa era uma sala bem maior, uma parede era toda de vidro que estava quebrada em alguns pontos, então conseguia ouvir o barulho externo.

Tentei me sentar, mas não consegui, minha cabeça doía muito, então percebi que ao meu redor no chão havia muito sangue, eu tentava me acalmar para saber o que faria, olhei novamente para janela e percebi que já estava a noite, com certeza Jeff já deve está me procurando, lembrei que deixei meu carro na entrada, então ele saberia que estou aqui.

Começo a escutar um toque de celular, quando olho na direção do som vejo meu celular em cima de uma mesa, haviam outras coisas lá que não pude identificar, mas com certeza uma delas era uma arma. Logo vi Gustavo entrar.

- ah! Nossa bela adormecida acordou...que pena que na sua história não tem príncipe para te salvar.- Gustavo falou indo em direção a mesa onde estava meu celular - olha!!! Quer saber quem está te ligando? Jefferson...
- o que você vai fazer comigo seu lunático?
- Porque você não segurou seu namoradinho? Ele tinha que ficar atrás do Henry feito uma cadela no cio?
- você é maluco? Eu quero saber o que vai fazer comigo?

Gustavo caminha até mim, pega no colarinho da minha camisa, e me coloca de pé, depois da um soco em minha barriga, eu me curvo com a dor, ele me empurrar e caio sentado no chão batendo minha cabeça na parede, ele pega uma cadeira e á coloca em minha frente.

- ainda estou pensando em o que faço com você, mas primeiro vamos conversar. Sabe, eu percebi que pouco nos falamos, mas devido suas pesquisas sobre mim, você sabe muita coisa ao meu respeito, eu não sei nada sobre você. Sabe, você não era interessante para mim até agora.
- e porquê eu passei ser interessante para você agora?
- Do quarteto você é o mais sagaz, conseguiu saber coisas sobre mim que aquela patética da Ana em anos nem desconfiou. É Brian você é mais esperto do que eu imaginava.
- eu só não descobri ainda o porque disso tudo.
- Não se preocupe, não deixaria você morrer sem saber de toda história. Antes de acabar com você eu te explico tudinho. Mas antes, vou me divertir um pouco, sabe eu nunca gostei dessa bagunça, sangue para todos lado. A morte silenciosa é tão mais interessante, olhar nos olhos da pessoa e ver a vida indo embora aos poucos e tão mais interessante.
- você é um psicopata! - Gustavo se levantou da cadeira e me deu um chute no rosto.
- você me obriga a ser rude, estou tentando ser legal com você, colabora comigo? Vamos de novo...- Gustavo senta novamente na cadeira em minha frente.- eu primeiro quero saber sobre você, é um homem do interior, mas pelo que vi tem muitos contatos.
- você se julga tão superior, porque não descobri sozinho?- levei outro chute.
- eu sei sobre você, só queria ouvir de você. Aliás sua irmãzinha é uma vagabunda gostosa.
- NÃO FALA DA MINHA IRMÃ SEU CRETINO FILHO DA PUTA!!!
- Ótimo agora podemos conversar - Gustavo mantinha um sorriso macabro - eu sei tudo sobre você e sua família, depois que começou a me investigar você despertou meu interesse.
- se sabe sobre minha família quer dizer que sabe que você não vai sair bem dessa?
- vou te dar uma informação sobre mim, eu sempre me saio bem de tudo...bom como essa conversa não está sendo tão proveitosa quanto eu imaginei, vou te dar um incentivo.

Gustavo se levantou, foi até a mesa e começou a mexer em alguns frascos que havia nela, depois completou uma seringa com um líquido e voltou até onde eu estava.

- isso aqui é um incentivo para você conversar comigo. Já ouviu falar do soro da verdade? Uma dose a mais e vc morre, mas na dose certa faz com que você caia em estado de hipnose.- Gustavo veio com a seringa para injetar em meu braço, por mais que eu tentasse impedir não fui capaz.- pronto agora nossa conversa será muito mais produtiva.

Eu estava tonto, não conseguia organizar as ideias na minha cabeça, conforme o tempo passava menos eu conseguia comandar meu corpo, Gustavo me colocou no que parecia ser uma maca, ele amarrou minhas pernas e braços nela.

- então Brian, quem é de verdade seu pai? Eu sei que vocês foram se esconder naquela cidade, mas porquê?
- meu pai trabalhava para embaixada brasileira na Rússia, mas alguma coisa aconteceu que tivemos que voltar para o Brasil e viver escondidos.
- tá vendo como a conversa fica mais produtiva? O que aconteceu na Rússia?
- eu não sei eu era muito pequeno, e nunca mais falamos sobre a Rússia. Mas papai manteve contatos.
- ótimo, agora que você foi um bom menino tem direito de saber algo sobre mim. Tudo que falarmos aqui será levado para túmulo mesmo... Posso começar sobre o José, aquele merda era meu tutor mas nunca gostou de mim, me negava tudo que eu pedia. Eu queria sair daquele internato mas ele nunca deixou, não me dava a mínima atenção, me tratava como um cachorro, até que um belo dia o queridinho dele apareceu. Henry Castellani, e tudo na vida dele passou a ser Henry... Porque você não estuda como Henry? Porque não faz amigos como Henry? Henry... Henry... Henry...

Gustavo deu um soco na mesa que ecoou pelo prédio, então Gustavo sabia de Henry, mas Henry não sabia de Gustavo.

Eu estava estático naquela maca, só conseguia mover a cabeça, estava ouvindo o lunático falando sem parar, mas eu só pensava se alguém iria me tirar de lá e se Henry estava lá também.

- há Brian, agora é sua vez de falar, eu já falei demais.
- o que você quer com tudo isso?
- BOA PERGUNTA!! Olha Brian como eu sou injustiçado, primeiro fui deixado numa escola para viver lá por minha vida toda sem saber de onde eu era, deram minha guarda para aquele merda do José que nunca gostou de mim, aí aparece um menino que vinha de orfanato em orfanato e do nada José resolve ajudar ele. Tratava o Henry como um filho, e eu fui esquecido, para o Henry entrar no internato ele queria adotar ele? Porque? Então para isso não acontecer eu paguei com a minha herança os anos que ele estudou lá. Mas mesmo assim José preferiu Henry, quando terminamos ensino médio José pagou a faculdade daquele merdinha com meu dinheiro, eu só descobri isso no último ano da faculdade.
- Você matou José? - perguntei mesmo já sabendo a resposta.
- claro que não! Ele infartou. Agora se eu causei o infarto? Ahi sim!- Gustavo sorriu ao dizer.- uma pena eu não ter podido ficar até o fim, o puxa saco do Henry estava a caminho, não podia me encontrar lá.
- Gustavo você e Henry nunca se falaram antes da faculdade?
- por mais que José quisesse que eu fosse amigo do Henry eu nunca quis.
- então porque na faculdade você se aproximou?
- eu não me aproximei dele, eu queria Alex. Mais uma vez Henry me roubou. Eu até me declarei para ele, mas Alex me disse que amava outro, e para minha surpresa o "outro" era Henry. E já que eu não poderia ter Alex, Henry também não ficaria com ele.
- E porque você procurou Henry agora?
- ué!? Porque você é um incompetente e não soube segurar seu namoradinho. Eu não poderia deixar Henry ser feliz. Enquanto eu viver vou tirar tudo que Henry conquistar.

Agora tudo fazia sentido, Gustavo acompanhava toda a vida de Henry só para ter o prazer de tirar o que ele conseguia conquistar.

Eu ainda conseguia ver a janela e o dia já estava raiando. Não me lembro de ter dado o endereço para Jeff desse prédio, se bem que eu não sei se ainda estou no mesmo prédio, será que alguém vai me tirar daqui? Enquanto eu for interessante para Gustavo, sei que ele vai me manter vivo.

- QUE DROGA EU NÃO QUERO MORRER AQUI!


Me apaixonei pelo meu chefe Where stories live. Discover now