Observo o relógio no meu pulso e percebo que já está quase meia-noite. Encostado na minha moto, próximo ao beco, observando a movimentação ao meu redor. O beco está meio escuro, mas consigo distinguir algumas figuras se aproximando.

Meus olhos se fixam em Ayume, a loirinha que está ali, no meio do beco. Uma sensação estranha toma conta de mim quando a vejo se agarrando com um menor que se aproxima. Forço a visão para tentar reconhecer quem é, mas a escuridão dificulta minha percepção.

Por um momento, passa pela minha cabeça a possibilidade de me envolver com ela, afinal, Ayume é atraente e me atrai demais essa sagacidade dela. No entanto, lembro-me de que esta não é a primeira vez que a vejo com esses menor. Já é a segunda vez que a vejo pegando esses menor e isso me deixa desconfiado, tenho síndrome de exclusividade.

Fico ali, observando a cena por mais alguns instantes, tentando entender o que está acontecendo. Mas logo decido que não é da minha conta e retorno meu foco para os meus próprios problemas. Afinal, tenho questões maiores para lidar do que me envolver em dramas alheios.

A noite está calma, mas o ar está carregado de tensão. Sinto-me inquieto, como se estivesse à espera de algo que está prestes a acontecer. Olho ao redor, buscando sinais de perigo, mas tudo parece tranquilo por enquanto.

Lembro-me das histórias que ouvi sobre Ayume, de como ela sempre foi uma garota aventureira e destemida. Mas também ouvi rumores sobre seu passado conturbado, o quanto se envolveu com playboy e foi traída.

Assim que desvio meu olhar, perdido em pensamentos, sinto uma mão gelada encostar na minha nuca. Num instante, meu corpo tenso reage, e meu coração salta no peito, tomando-me de surpresa. Rapidamente, viro-me para ver quem é, e para minha surpresa, lá está ela, Ayume, com seu sorriso misterioso e um brilho travesso nos olhos.

— Ih coe Ayume. — exclamo, aliviado ao reconhecê-la, mas ainda em estado de alerta pela súbita aproximação.

Ela ri suavemente, como se apreciasse a reação que provocou em mim. Seus olhos brilham na penumbra do beco, e seu sorriso é enigmático, como sempre.

— Desculpa, querido. Vi você tão concentrado que não pude resistir e vim aqui te perturbar, senhor irresistível.

— Eu sei que você não resiste a minha pessoa. — comento, tentando recuperar minha compostura.
Ela dá de ombros, um gesto gracioso que parece combinar com sua natureza livre e desinibida.

— É assim que eu sou, meu querido. Não consigo resistir a uma boa oportunidade de admirar sua beleza. — Fico olhando para ela por um momento, tentando decifrar os mistérios por trás daqueles olhos brilhantes e daquele sorriso intrigante. Ayume sempre foi uma incógnita para mim desde o dia que cheguei aqui, uma mistura de sensualidade e mistério que me atrai e me intriga ao mesmo tempo.

— O que você estava fazendo aqui, Ayume? — pergunto finalmente, curioso.

Ela encolhe os ombros novamente, parecendo despreocupada com a pergunta.

— Apenas dando uma volta, vendo o que há de novo na favela. E você, meu querido? O que o trouxe para este lugar escuro esta noite? — Contemplo Ayume por um momento, ponderando sobre o quanto devo revelar a ela sobre meus próprios motivos e preocupações. Por fim, decido ser cauteloso em minhas palavras.

— Apenas passando o tempo, pô. Como você disse, é interessante ver o que acontece na favela à noite.— Ela sorri, parecendo satisfeita com minha resposta evasiva.

— Bem, se precisar de companhia para suas próximas aventuras pela favela, você sabe onde me encontrar. — Assinto, reconhecendo o convite implícito em suas palavras.

— Eu vou me lembrar disso, Ayume. Obrigado. — respondo sinceramente.

— Tem um cigarro aí? — Ela pergunta igual uma criança querendo um doce.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Ayume se aproxima de mim, seu olhar cheio de desejo. Ela passa uma cantada sutil, sugerindo um jogo perigoso de sedução que me deixa sem palavras. Nesse momento, qualquer resistência que eu pudesse ter desaparece, e eu me vejo cedendo ao seu encanto irresistível.

Sem pensar duas vezes, me inclino em direção a ela, ansioso para sentir seus lábios nos meus. Nossos beijos são intensos carregados de toda a tensão e desejo acumulados entre nós. É como se estivéssemos nos perdendo no calor daquele momento, deixando para trás todas as preocupações e incertezas do mundo exterior.

Por um instante, tudo o que existe é o calor do seu corpo contra o meu, o sabor dos seus lábios nos meus. E, por mais que eu saiba que isso pode ser perigoso, por mais que eu saiba que ela é uma tentação que eu deveria resistir, não consigo evitar me render ao seu encanto hipnotizante.

Quando finalmente nos separamos, ofegantes e ansiosos por mais, eu me vejo olhando nos olhos dela, perdido em um mar de emoções conflitantes. Por um momento, tudo o que posso fazer é admirar sua beleza deslumbrante, seu sorriso travesso e seus olhos brilhantes cheios de promessas tentadoras.

E então, com um sorriso misterioso nos lábios, Ayume se afasta, deixando-me sozinho no beco, com o coração acelerado e a mente girando com pensamentos turbulentos. Por um momento, fico ali, parado, tentando processar o que acabou de acontecer.

Ela é mais louca que eu podia imaginar, balançando a cabeça com um sorriso no rosto.

(...)

Lance BandidoWhere stories live. Discover now