Boletim

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Tudo parecia distante demais de Toto.

Não havia dor, mas também não havia prazer. Não havia nada.

O cheiro doce da vela aromática de baunilha se misturava ao do suor e do sêmen sobre a pele dele, em algum lugar que ele não sabia onde era. Não que ele tivesse se movido para ver onde ele tinha gozado daquela vez, depois de praticamente implorar para Ava. Ele não tinha se mexido um centímetro sequer desde que ela se afastou dele com um sorriso, satisfeita com a obediência dele.

Mas, por que ele não conseguia se sentir satisfeito?

— Toto — uma voz feminina disse, suave — Tudo bem?

Um som semelhante a algo afirmativo saiu da boca dele. No entanto, a verdade era que Toto não sabia de fato se estava bem. Era algo estranho, uma espécie de vazio dentro do peito, por mais que o coração ainda batesse forte, a pulsação rugindo nos ouvidos dele. Era como se ele fosse completamente oco.

Provavelmente a resposta não agradou Ava, a julgar pela expressão quando o rosto dela entrou no campo de visão dele. Os lábios, que tinham começado a noite pintados de vermelho, estavam apertados numa linha fina, os olhos parecendo analisá-lo cuidadosamente enquanto levava uma das mãos até o rosto dele.

— Você tá bem mesmo, Toto? — ela repetiu, baixinho.

Ele acenou positivamente, as palavras se misturando na cabeça dele na tentativa de formular uma resposta coerente. No entanto, aquele gesto bastou para que a mulher desse um sorriso suave, quase como se tivesse entendido algo que nem mesmo Toto tinha compreendido ainda.

— Você foi bem hoje — Ava sussurrou, os dedos roçando de leve a bochecha dele.

— Fui? — ele conseguiu perguntar, a garganta seca fazendo as palavras saírem estranhamente roucas da boca dele.

— Sim, muito bem — ela sorriu de forma terna — Você tá ficando bom nisso, sabia?

— Você acha?

— Eu sei quando tô diante de um bom submisso — Ava respondeu — E você tá sendo um submisso incrível pra mim.

A última palavra fez com que Toto desse um sorrisinho. Havia algo na ideia de agradar Ava que o compelia a dar o melhor de si dentro daquele quarto. E ouvir dos lábios dela que tinha ido bem, que era um bom submisso para ela não tinha preço.

— Eu gosto disso — ele balbuciou, levando uma das mãos até a dela.

— Gosta de ser um submisso incrível?

— Gosto de ser seu — Toto respondeu, num fio de voz. Os olhos estavam perdidos nos dela, as manchas marrons se misturando ao verde delicado. "Ela é tão linda", ele pensou, enquanto Ava o observava com um sorrisinho.

— Também gosto que você seja o meu garotinho — ela finalmente falou, antes de dar um beijo suave nos lábios dele. A delicadeza com que ela o tocava fez com que Toto sentisse o vazio ser ligeiramente preenchido. Ele não estava sozinho, muito pelo contrário. Ele nunca esteve tão bem acompanhado quanto naquele momento.

Depois de mais alguns beijos, Ava conseguiu fazer com que Toto se sentasse na cama, se recostando na cabeceira enquanto ela ia até o pequeno frigobar que ficava num canto do quarto e retirava algo de lá. Ele só identificou o que a mulher tinha trazido no momento em que ela se sentou ao lado dele.

— Isso é...

— Água — Ava disse, colocando a garrafa na mão dele. Diante da hesitação dele, ela continuou — Você precisa se hidratar, garotinho. Bebe.

Levando a garrafa até a boca, Toto se deu conta da sede que sentia assim que o liquido gelado começou a descer pela garganta dele. Ele tinha bebido quase toda a água quando parou para retomar o fôlego.

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