05. Tolstói

280 19 8
                                    

O dia ainda não tinha amanhecido, e Arthur sabia que a noite estava longe de terminar

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.


O dia ainda não tinha amanhecido, e Arthur sabia que a noite estava longe de terminar. Estavam no clube de strip, e o fato de Ricardo estar em Berlim não parecia pesar tanto, não enquanto o álcool corria quente pela corrente sanguínea. Haviam decidido voltar para o que haviam começado, e sob a luz vermelha neon, deixar os desejos sufocados pelo medo parecia um crime.

Arthur estava com a camisa desabotoada, livre de sua gravata, o cabelo grudado na testa por conta do suor. Gustavo estava ao seu lado, sem camisa, usando apenas sua gravata borboleta, com o nó desfeito, despido de qualquer pudor. Seu corpo suando, a calça desabotoada, mostrando o início da barra da cueca e os pelos pubianos desaparecendo de vista. Dentro do salão, a temperatura parecia subir a cada segundo que passava, e em meio a outro copo de uísque, Arthur sentia suas inibições abandonando o recinto. A essa altura, o gosto quente e amadeirado da bebida já havia se tornado estranhamente agradável ao escorregar por sua garganta, e ele sabia muito bem que isso era extremamente perigoso.

— Qual foi a maior loucura que você já fez na sua vida?

— Estar gostando de alguém que eu não deveria. — Gustavo disse, provocando arrepios na nuca de Arthur. — E você?

"Estar me apaixonando pelo meu chefe" — Arthur pensou, mas não teve coragem de externalizar. A confissão de Gustavo já era material o suficiente para incriminar os dois. E ele sabia que, ao ouvir o que Gustavo disse, quando a bebida levava embora qualquer amarra moral (que sem dúvidas voltaria no dia seguinte), ele soube que não podia continuar aquela conversa.

Por isso, em um ato instintivo, se levantou, olhando para Gustavo, e, sem acreditar no que faria a seguir, respondeu:

— Observa. Ela vai acontecer agora.

Sem dar muita vazão ao seu lado racional, que lhe implorava para não fazer o que rondava seu pensamento, Arthur foi até o palco onde os strippers performavam, e, subindo lentamente, repirou fundo e disse:

— Se eu tiver algo mais intenso para me lembrar pela manhã, talvez esqueça que Gustavo quase se declarou para mim, em um clube de strip, em Berlim.

Se virou e procurou Gustavo nos sofás adiante, na parte do salão onde as luzes não chegavam com tanta intensidade. E lá estava ele, com os olhos incandescentes, incrédulo ao ver Arthur se movimentando ao som da música, se livrando dos botões que prendiam a camisa suada ao corpo. Para a surpresa de Gustavo, Arthur tinha um corpo definido, os pelos escuros contrastando com a pele alva e pincelada com algumas pintas, aqui e ali. Uma vez que a camisa abraçou o chão, Arthur sabia que não tinha mais volta. Os strippers olhavam curiosos e riam com o jeito levemente desengonçado de sua dança, mas para Gustavo, não havia outra pessoa mais fascinante naquele clube. Ou no mundo. O modo hiponotizante que os olhos de Arthur e Gustavo permaneceram conectados enquanto o assistente desabotoava sua calça de alfaiataria fazia o ambiente se tornar pequeno demais para os dois. After Hours tocava nos alto-falantes, e as batidas guiavam o ritmo lento do qual Arthur havia decidido torturar Gustavo.

Proibido (Capítulos Atualizados)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora