•Pétalas Mortas•

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"Combater e morrer é pela morte derrotar a morte, mas temer e morrer é fazer-lhe homenagem com um sopro servil."

William Shakespeare.


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Era o silêncio. Não um acorde arranhado de um violino em sua nota mais soprosa, este era o silêncio intricado nas pequenas fissuras do cômodo. No modo como ela se encarava no espelho do velho guarda-roupa, antiquado para a luz que se ascendeu quando bateu levemente as mãos uma na outra.

Quando chegou ali era apenas o breu sussurando coisas junto ao silêncio.

Agora a estática da luz lhe fazia arrepiar os pelos da nuca. Uma reação engraçada, fazia tempo que não se sentia tão incomodada. Talvez fosse o papel de parede que distoava do quarto em tons claros, nele se apegava uma cor vintage com pequenas rosas adornando sua espessura. Desviou o olhar do espelho para a luz, forte demais, o tom branca lhe irritava as vistas.

Não era mais silêncio. Agora era um grito. Mas, por vezes silêncios também gritam.

A estática lhe infernizava.

Ignorou, ou melhor tentou ignorar aquele barulho irritante, até que outro surgiu. Agora um gotejar insistente, um pinga-pinga vindo de algum lugar próximo. Balançou a cabeça, escolheu ignorar, primeiro queria ver a si mesma no espelho até porque fazia um bom tempo que não se via, não que espelhos fosse uma coisa rara, nos dias atuais era mais que algo comum, mas na maioria das vezes apenas olhava para o reflexo e não para quem o era. Deixou seus olhos vagarem pelo reflexo no espelho. Uma mulher alta, um manto preto lhe cobrindo todo o corpo. Arcaico. Um sinto marcando a cintura, com predarias brilhantes, lembra-se de tê-lo ganhado de presente a uns bons anos atrás, em algum dia de Halloween quando trocou divertidos presentes no amigo oculto, o dela era um par de brincos de abóboras, viu aqueles brincos em alguma loja de bugigangas e comprara. Tinha apreço por coisas com abóboras de Halloween, um estranho gosto, mas o modo como elas tinham olhos vazios que se iluminava pelo sorriso tão vazio quanto lhe chamava á atenção. Por isso comprara. Ou talvez porque tinha que presentear alguém que não gostava, e estavam lá brincos bem baratos.

Tocou no colar em seu pescoço. Outro presente que ganhará, esse era de contas negras como jóias raras. Presente de um outro Halloween, de uma outra pessoa que se não lhe falhava a memória havia dito que era uma espécie de amuleto da sorte. Nunca lhe dera sorte. Mas, tão pouco acreditava nessas coisas.

Sorriu. Apreço maior tinha por objetos que guardavam memórias. Um sorriso formou em sua face novamente, ficou ali parada vendo as rugas se formaram no canto dos seus olhos, era o que sempre acontecia quando sorria, um detalhe que por muito passava despercebido. A pele negra levemente iluminada por um brilho dourado, um iluminador barato que também achará em uma loja de bugigangas. Tocou nos seus cabelos deixando sentir o cachos macios, emoldurado seu rosto em um tom acastanhado.

Contos que Sussurram.☑.Where stories live. Discover now