De pé, viu o furor da batalha nos olhos de seu oponente. Daniel imergia no combate e estava em um nível absurdamente superior. Imaginou o quanto os outros sofriam com ele.
Não à toa, o teste para subir de nível era derrubá-lo uma única vez.
— Ser membro de nossa organização é usar tudo, absolutamente tudo a seu favor.
A voz do treinador serviu de início para um novo combate. Com um grito ensurdecedor, ela correu que nem uma condenada para enrolar as pernas de Daniel em um abraço e arremessá-lo ao chão.
Porém, mais habilidoso e contorcionista, foi ele quem a envolveu em um aperto mortal. Imobilizada, ainda em pé, com o rosto de ambos bem próximos, quase roçando um no outro, ele a tinha a sua mercê. Ele a envolvia como uma jiboia e a reprovaria se continuasse daquele jeito.
Um sorriso malicioso surgiu no rosto dela. Não tentou escapar ou gritar, muito menos forçar uma saída. Usou as armas que tinha. Abriu um pouco o zíper do top para mostrar um pouco do decote e murmurou palavras doces no ouvido dele, entoando o sotaque britânico mais polido possível.
Americanos adoravam a voz britânica, não é mesmo?
— Você está me deixando muito excitada, sabia?
O flerte barato dela teve o resultado esperado em fazê-lo perder um pouco do fogo do combate, espantado, talvez, pela sua audácia. O relaxamento e desatenção foi tudo o que precisava.
Ela envolveu sua perna na dele, enveredou a mão para o pescoço, ajustou o quadril e jogou-se para frente.
Deixou a gravidade fazer o resto.
Mais pesado e maior, Daniel rolou por cima dela e caiu de costas no chão. O eco do choque no assoalho só não foi maior que a satisfação de al-Shishani ao envolver o pescoço do jovem em uma gravata. Em seguida, ela ameaçou socar a carótida dele, o dedo médio parando a centímetros da artéria.
— Finalmente aprendeu. — O treinador bateu palmas enquanto ela se levantou. — Muitos acreditam que homens são os melhores em nossa profissão, mas as mulheres tem uma grande vantagem.
Daniel se levantou rapidamente, cumprimentou-a com uma reverência marcial e fitou o mestre, que acenou para que ele fosse descansar. Em poucos segundos, o rapaz de pele clara, cujo brilho amarelado era realçado pela luz do ambiente, sumiu pelos corredores labirínticos da fortaleza.
— Sedução? — al-Shishani controlou a respiração à medida que voltou a ajustar o zíper do top. O corpo, porém, irradiava em dores. Tentou manter a máscara insólita em prol do mestre.
— Também. — O treinador meneou a cabeça para uma outra porta. — Se você é bonita, portas sempre se abrirão. Caso contrário, você se torna invisível. Para nós, tudo é válido.
Eles entraram em um corredor que passava dentro da própria montanha, logo ela não sabia se o caminho já existia ou se foi aberto devido durante anos de contínuo uso dos líderes da organização. Tocou as paredes porosas à esquerda, sentindo a vibração da cordilheira e das outras salas de treinamento.
À direita, precipícios e encostas íngremes decoravam a linda paisagem montanhosa. O branco do cume, os vales verdejantes e a brisa da altitude passando pelas colunas de mármore inundaram seus sentidos. Abraçou-se devido ao frio dilacerante.
O treinador, porém, prosseguiu como se a temperatura baixa não o afetasse.
— Ainda vai aprender sobre o controle total de seus sentidos. — Ele sabia de suas dores. Era inútil escondê-las do professor.
— Serei uma exterminadora?
— Não. — O treinador abriu uma segunda porta que revelou um grande hall bem iluminado e, para a sua enorme felicidade, aquecido. — Dor é necessária para saber até onde nosso corpo pode ir.
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O Chacal
ActionChacal. Ele é um mestre do disfarce, uma lenda temida pela polícia que causa arrepios até nos melhores espiões. Ele jamais deixou um alvo viver. Exceto Lestrade. Lestrade di Laurenti estava no lugar errado, na hora errada. Não era para ele presencia...
Capítulo 3
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