Capítulo 9

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CONVITE

Dias Atuais

_ Pai, quem é ela? – Suely perguntou tentando controlar a estranha raiva que sentia por aquela presença estranha em sua casa, para não parecer rude, enquanto se direciona para o centro da sala. Seu pai se levanta num pulo, e se aproxima da filha. A mulher a olhava com curiosidade, mas se mantinha indiferente e muito tranquila.

_ Oi, filha. Você chegou. – Ele cumprimenta a filha, com um sorriso meio sem graça. Ele põe uma mão no ombro da filha a abraçando de lado. – Querida, deixa eu te apresentar nossa convidada. Essa é Andréia. Ela estava passando aqui pela rua, e o cachorro do nosso vizinho do final da rua, avançou nela. Pra tirá-la do caminho dele, a trouxe para dentro da nossa casa. Para ela se acalmar um pouco, e também esperar que o vizinho pegue o cachorro e o prenda em casa novamente.

_ Ah. Entendi. – Suely responde um pouco mais aliviada. Ela olha para a mulher com um olhar mais sereno. – Me desculpe se fui rude quando entrei. Não costumamos receber muitas pessoas desconhecidas em casa, sabe? Prazer conhece-la Andréia. – Suely se aproxima da mulher e estende sua pequena mãozinha para cumprimentá-la.

_ Tudo bem. – Andréia diz com um meio sorriso, aceitando a pequena mão da criança. Suely jurava ter sentido a mão da mulher trêmula e suada, como se ela estivesse nervosa. Mas Suely não ligou, afinal ela tinha sido atacada por um cachorro, certo? – Seu pai falou muito sobre você. Estava curiosa para conhecê-la, e olha, você é exatamente como seu pai disse. Linda, inteligente, e muito esperta.

_ Obrigada. Mas não dê muito ouvido ao que meu pai diz, ele tende a exagerar um pouco. – Suely tenta descontrair um pouco para não ficar tão na defensiva. Após soltar a mão da mulher, ela retira a bolsa das costas e vira para seu pai. – Pai, eu tenho algumas tarefas para responder. Vou para meu quarto fazê-las, tudo bem?

_ Claro filha. Mas e o almoço? Não vai almoçar comigo hoje? – Ele pergunta enquanto faz um leve carinho a bochecha da filha.

Andréia apenas observa aquela dinâmica entre pai e filha, e eles pareciam tão ligados. Aquela ligação parecia incomodá-la.

_ Eu estava pensando em comer algum lanche mais leve, mas se o senhor desejar, eu desço em alguns minutos. – Suely olha para o pai com doçura, como sempre fazia quando queria agradar seu pai.

_ Tudo bem, querida. À noite, nós jantamos juntos. – Ele afaga os cabelos da filha com carinho.

Andréia dá um leve sorriso falso, que só Bruna percebe observando a cena de longe. A menina sorri genuinamente, pois sempre que seu pai lhe demonstra afeto, o coração da pequena se aquece, lhe fazendo lembrar da promessa que ele fez quando Suely ainda era pequena.

_ Então, eu vejo o senhor antes de você ir para o trabalho. – Ela olha para Andréia, que ainda permanece sentada no sofá, aparentemente muito à vontade. Suely não gostou muito e fechou a cara por um instante. Mas logo forçou um sorriso e falou. – Mais uma vez, foi um prazer conhecê-la, Andréia. Eu vou me retirar agora. Tchau gente.

Ela acena um tchau com a mão e sobe as escadas, quando já estava perto da porta de seu quarto, percebeu que não tinha falado com Bruna depois que chegou do colégio pela primeira vez. E se sentiu muito mal por isso, mas ela não queria descer novamente, não enquanto aquela mulher estivesse ali.

Suely entrou em seu quarto e jogou a mochila num canto e correu para a cama se jogando de bruços, afundando o rosto no travesseiro. Ela respirava com dificuldade, mas não ligava. Só queria entender porque aquela mulher estava tão calma depois de quase ser atacada por um cachorro.

SEGREDOS DO PASSADO (Em Andamento)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora