Capitulo 37

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Fecho o guarda chuva assim que entro na portaria. Justo hoje, que é a festa da Penny, resolveu cair esse temporal na cidade. Assim que passo pelo porteiro lhe dou um boa tarde da forma mais animada que consigo e ele acena e dá um sorriso em retribuição. Então entro no elevador e quando estou prestes a subir uma mão é colocada entre as portas.

Obviamente é o Brian. Quem mais faria algo tão estupido assim?

- Você sabia que podia ter perdido a mão, né? – Digo enquanto tiro meu casaco que mais parece um colete à prova de balas. Ele me dá um sorriso como se quisesse dizer "vou te conquistar" e eu reviro os olhos. É engraçado ver como essas coisas nunca me abalam, mas sim quando ele é espontâneo.

- Acho que dia chuvosos são nossos dias, hein? – Ele se vira e fica de frente pra mim. Imagino-me na cena do elevador de 50 tons de cinza. No mesmo instante balanço a cabeça como se isso fosse fazer esse pensamento se dissipar. Apenas dou de ombros e abro um pequeno sorriso. – Você vai pra festa de Penélope hoje?

- Claro! Você vai também? – Finjo não parecer tão animada com a ideia de encontrar com ele na festa. E talvez isso seja mais medo do que animação, afinal sempre que nos encontramos em festas nunca dá nada certo.

- Não estava muito animado pra ir. Queria ficar em casa. Mas vou sim. – Ele dá de ombros e parece tirar a mascara de durão conquistador. Eu amo ver ele dessa forma. Tão ele que nem parece ser ele mesmo. Dou um sorriso sem perceber. As portas do elevador se abrem no meu andar e antes de sair ele me vira, me puxando levemente pelo braço. – Te pego às oito e meia, ok?

Eu aceno com a cabeça apenas por força do hábito. Só quando dou mais dois passos e as portas se fecham que eu percebo o que acabou de acontecer. Ele sabe o efeito que tem sobre mim, deve ser por isso que faz essas coisas. Sem toda essa proximidade e toque eu jamais ia concordar com isso. Abro a porta sorrindo e balançando a cabeça. Esse menino sabe realmente como mexer com cada parte de mim.

Termino de retocar o batom e o coloco em minha bolsa. Lembro-me de quem eu era há tantos meses atrás. Quem eu sempre fui. Uma garota que se escondia por trás dos seus livros de romance e tinha medo de erguer a voz. Alguém que fugia das câmeras. Que fugia do mundo.

E agora, me olhando no espelho, com essa roupa, calça preta completamente colada no corpo, e uma blusa com as costas decotada, o batom vermelho, cabelo curto, salto alto, é impossível ver ainda aquela menina. Mas eu sei que, se olhar bem para dentro, aquela menina ainda está aqui dentro.

Respiro fundo e vou para a sala. O Brian está com meu pai lá e minhas pernas tremem, e eu sei perfeitamente que não é por causa do frio e muito menos por conta do salto, que, aliás, já estou completamente acostumada a usar.

Dou uns passos até que eles percebam que eu entrei na sala. A Vanessa vem da cozinha com o cabelo preso e um avental. Ela parece estar saindo de uma campanha e não da cozinha. Ela me dá um sorriso que faz ter vontade de morrer. Me seguro para não revirar os olhos.

O Brian se levanta e eu vejo cada momento em câmera lenta, isso tudo só porque eu queria passasse a velocidade da luz!

- Acho que essa roupa está muito ousada – Meu pai diz depois de olhar para a cara do Brian e para a mim. Ele lança um olhar de reprovação para Vanessa, afinal é ela que renova meu guarda roupa.

- Para de ser careta amor! – Ela diz enquanto atravessa a sala e vai ficar ao seu lado. – Está perfeito Becky. Você não acha Brian?

O Brian gagueja um pouco e ela ri baixinho, até que ele consegue concordar com a cabeça. É com certeza o melhor e pior momento da minha vida. Adoro ver o Brian dessa forma. Seu olhar está fixo no meu e ele parece sem reação. Mas ao mesmo tempo minha vontade é de voltar pro quarto e ficar trancada lá dentro pra sempre.

Just a Year - (COMPLETA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora