Dia 16 • Chuva

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AVÓ GRETTA FALECEU DURANTE A MADRUGADA. A agitação no andar do hospital era constante. Os enfermeiros saíam de um lado para outro e eu continuava tremelicando no mesmo banco do hospital desde que chegara no edifício.

Avó Gretta morreu por excesso de carboidratos no seu corpo segundo o relatório médico e tentaram ao máximo a salvar, mas não conseguiram.

Avó Gretta não inseria mais insulina dentro dela. Não se cuidava mais. Ela não podia com carboidratos. Ela tomou mel, e na sua prescrição médica ela não podia. Tinha que reduzir o número possível de carboidratos em acumulação e ela comeu abacate, comeu pão integral e... E eu não fiz nada para a impedir, mas eu não sabia que ela não podia!

Quando ela disse sobre o tempo ser curto, acho que ela sabia que um dia outro iria morrer. Mas eu não sabia que seria na madrugada.

— A culpa é tua! — Gritou a sra. Walker, quando saiu furiosa do quarto onde a avó Gretta se encontrava.

Ela estava com os fios de cabelo totalmente desorganizados. Os lábios ressecados e olheiras profundas. No seu roupão tinha manchas de café e as suas pantufas eram tão cafonas para se estar fora de casa com elas.

Eu engoli em seco e não consegui olha-la nos olhos. As lágrimas caiam dos meus olhos sem minha permissão.

— Você poderia ter travado ela! Você viu a minha mãe acabar com a vida dela! — Gritou novamente e o meu choro intensificou-se.

— Não é culpa dela! — Dylan rebateu e eu olhei pra cima. — Não é culpa da Stephanie. Se a avó comeu o que não podia e fez o que fora proibido, você não acha que ela estava ciente disso? Não acha mesmo que ela quis descansar? — Dylan soltou uma risada forçada. — Mas como você poderia notar? Fica todo mundo trancada no quarto, mais focada no seu trabalho do que com a sua família. Se fosse para eleger um culpado, esse sim, seria você — Dylan disse e me pegou pelo braço direito. — Vamos esparecer na cantina do hospital, talvez consigamos relaxar.

Eu levantei-me e olhei para a sra. Walker que estava estática, nos olhando com os olhos marejados e rosto avermelhado. Eu me senti mal por ela.

Caminhamos lentamente até a cantina do hospital, em silêncio e eu concentrada nos fiapos soltos da camisola roxa que eu estava vestindo.

Avó Gretta queria que eu soubesse do seu segredo antes da morte dela. Ela determinou sozinha a sua morte. Mas porquê? Será que ela estava feliz? Será que contando o seu segredo ela sentiu-se melhor?

Sentamo-nos numa mesa em frente a parede de vidro que tinha e eu olhei para o lado de fora do hospital, onde a chuva caía impiedosa.

— Você está se sentindo bem, Steph? — Dylan me perguntou, tirando-me dos meus devaneios.

Eu o olhei confusa e assenti com a cabeça.

— Só... — suspirei. — Se eu a tivesse parado talvez...

— Não. A culpa não foi tua, a avó Gretta é a pessoa mais sábia que eu conheci, portanto, ela sabia que estava proibida de comer isso, e segundo o médico, ela já vinha comendo a época. ela fez isso com a sua consciência limpa — Dylan segurou a minha mão direita e a acarinhou.

Eu forcei um sorriso para ele me retrai novamente na cadeira. 

— Mas qual foi o motivo dela parar com o tratamento dessa forma? — Dylan indagou e eu engoli em seco. Ele olhou-me nos olhos. — Quando vocês ficaram a conversar, ela contou-te alguma coisa que justifique?

Senti as minhas pernas tremerem e o meu peito doeu com a ansiedade crescente dentro de mim. Será que eu podia contar-lhe?

— Stephanie, você sabe de alguma coisa? — Dylan insistiu e eu fechei os meus olhos, soltando longos suspiros num exércicio de relaxamento. — Se você tem conhecimento de alguma coisa, por favor, me conte.

Trinta Dias Para Amar VocêWhere stories live. Discover now