— A avó Gretta... — parei ao sentir o meu peito fechar e a respiração pesar. Vamos lá, Molly! — Ela...

— Morreu! — Gregory gritou, o que me assustou e o olhei incrédula.

Ele estava próximo a nós, com uma camisa de mangas compridas preta e calças xadrez preta-cinza, juntamente com pantufas da mesma cor que a camisa nos pés. Tinha os fios de cabelo molhados e era engraçado vê-lo de cabelo liso.

— O que você está fazendo aqui, Gregory? — Dylan quis saber e ele afastou uma cadeira da mesa e sentou-se conosco.

— Quantas vezes eu vou ter que dizer que a avó Gretta era uma avó pra mim? — Gregory reclamou, se acomodando no assento. — E eu não podia dormir sabendo que os meus melhores amigos perderam a avó nessa madrugada.

— Obrigado, meu — Dylan disse a ele. — Mas não precisava. São duas da manhã, você devia estar dormindo, mais tarde tem as aulas e...

— Você acha mesmo que eu vou a escola hoje? Dylan, você é meu irmão e eu vou estar contigo hoje, eu juro — Gregory falou, segurando as mãos do amigo. — E você, Stephanie — Greg olhou para mim e sorriu com os lábios. — Eu também estarei aqui para você hoje.

Eu assenti e continuei no mesmo estado. Tirei o celular do bolso e digitei várias mensagens para Emily, dentre delas, duas a pedir ajuda, cinco  me culpando sobre a morte e três com emojis de choro.

Sim, eu me senti culpada. Eu devia ter percebido os sinais de despedida que ela me deu durante à noite toda, mas como uma egoísta, só foquei em mim e nos meus problemas e nem senti que ela estava se despedindo de mim ontem, de várias formas ela deixou explícito que estava indo embora, que era seu último dia.

Entrei numa playlist totalmente aleatória (coisa que eu nunca fazia, pois tudo para mim deveria ser organizado e eu não era a porra de uma protagonista de Fanfic) com a foto da Billie Eilish na capa e eu sabia que estaria acolhida.

Ao som de What Was I Made For, senti os meus olhos pesarem, tanto de lágrimas, quanto de sono e dor, que não me aguentei, e senti que ia dormir a qualquer momento. Deitei-me sobre a mesa e olhei a chuva cair, o céu escuro e nublado, poucos carros passando e os brinquedos do hospital se mexendo por causa do vento.

Me lembrei das crianças do hospital, da amiga do Liam, a Jullie e a sua luta contra doença, quanto outras que ainda lutavam para sobreviver. A morte era tenebrosa. Inesperada e as vezes, calha no momento errado. Nunca calha num bom momento.

— Stephanie? — Dylan chamou-me quando tirou um airPods do meu ouvido. — Estou ir ter com a mãe para saber como será o enterro está tarde. Fique com o Gregory, eu já venho.

Concordei com a cabeça e Dylan levantou-se e despediu-se do amigo.

Quando estava prestes a fechar os meus olhos novamente, senti o meu corpo ser erguido e a minha cabeça enconstar-se num peito forte que subia e descia num belo intervalo de tempo e que tinha um perfume muito bom.

— Você está bem, Steph? — Greg perguntou, passando os dedos nos meus fios de cabelo e eu permiti desabar no seu peito várias lágrimas. — Isso, tira tudo para aqui fora.

— Ninguém me avisou que a morte de alguém poderia ser tão dolorosa, Greg — reclamei em meio a soluços. — A vida é curta, Greg. Nós sempre fazemos ene planos, para uma vida tão pequena — tentei me conter. — Mas sabe? Nunca conseguimos chegar nem na metade. E quando o tempo acaba nos achamos os piores covardes do mundo todo! Porque não consiguimos realizar as nossas metas! E nunca seremos lembrados por aquilo que desejávamos tanto em vida — fechei os meus olhos com força e senti os seus braços me envolverem com força. — Devo estar te chateando com as bobagens dentro de mim!

Trinta Dias Para Amar VocêWhere stories live. Discover now