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JASPER YOUNG

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JASPER YOUNG

Meus olhos correm pelas palavras e eu não consigo fazer nada além de detestar o que leio. Quero rasgar esse livro e atirá-lo na lareira em seguida, mas não posso. Prometi a maldita de minha irmã mais nova que leria cada um de seus romances favoritos para podermos discutir sobre, mas começo a me arrepender de ter dado a minha palavra.

A música em meus fones de ouvido não está sendo tão eficaz em seu propósito de diminuir a minha tortura. Pelo contrário. Bato o pé de forma ansiosa e viro mais uma página com raiva e um descaso que não costumo ter com livros.

Não estou nem na metade.

Tento lutar contra as divagações que me ocorrem, mas sua força é absoluta e me pego encarando a lareira apagada enquanto uma guitarra arranha meus ouvidos sensíveis. Nem sei em que momento parei de ler. Uno as sobrancelhas e controlo a careta. Parece haver furadeiras penetrando nos meus tímpanos do modo mais violento possível e mesmo assim eu não paro.

Não sei por qual razão me coloco nessa posição. Minha relação com a dor é estranha. Não fico completo quando não a sinto pelo menos uma vez no dia. Talvez eu sinta falta de algo que me faça me sentir vivo. Fecho o livro e o jogo para o lado, no sofá. Ele, claramente, não me ajudará com isso.

Levanto-me e me viro, percebendo, tarde demais, que não estou sozinho. Mal tenho tempo de abrir a boca.

O intruso avança em um piscar de olhos e prende meu pescoço, colocando-me contra a parede abruptamente. Meus fones caem no chão. Não estava respirando havia um tempo, mas perco a capacidade por completo quando minha garganta se fecha e isso é muito incômodo. Seus olhos são completamente escuros, pura pupila. É como encarar o vazio, o cômodo apagado no fim do corredor. Seus dentes afiados parecem prontos para me dilacerar. É a face de um demônio.

— Quando ficou tão desatento? — ele pergunta com a voz fria, inclinando a cabeça para o lado.

Seguro seu braço e o torço, o dando uma cotovelada no rosto para afastá-lo de mim. Ele me joga no chão e eu sei que estou fora de forma, mas prefiro culpar a falta de espaço na casa à minha preguiça.

— E lento, também — continua, me desaprovando e pisando no meu peitoral para exibir sua dominância.

— E você está mais fraco. — Acuso entredentes, empurrando seu pé de cima de mim. Ele sorri de canto e seus olhos voltam à forma humana, ao contrário dos meus. Um ódio visceral aquece meu peito e eu mostro os dentes para ele.

— Ficou com raiva? — ele zomba.

— Continue morto da próxima vez que eu atirar na sua cabeça — rosno.

— Esqueceu de colocar fogo no meu corpo, garoto. Quando começar um trabalho, termine-o.

Levanto-me para atacar e com igual velocidade sou devolvido ao chão.

LIKE A DEMONWhere stories live. Discover now