Capítulo Sete.

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2024; algum dia em janeiro
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DE LONGE, a mulher de longos cabelos castanhos observava a tentativa falha de seu sobrinho ao tentar matar um monstro. Ele corria sem parar na direção ao prédio em que ela estava, com medo do monstro alcançá-lo, mas mão gritava pois sabia que isso atrairia mais e mais ao seu redor, e ele já poderia de considerar morto.

Sem pressa, ela posicionou sua arma silenciosa em cima da janela, tomando cuidado para não acertar Matthew. Puxou o gatilho com precisão e viu o corpo cair no chão, conhecia os pontos fracos, era necessário porque cada bala tinha que ser usada corretamente.

—Essa foi por pouco._ Olhou para trás vendo o garoto ofegante de tanto correr.

—Não tente fazer isso de novo! Nunca mais, está ouvindo?_ Se levantou encarando o menino que abaixou a cabeça_ E se eu não estivesse aqui? Como você ia escapar dele?_Seu tom de voz fez Matthew coçar a nuca e se sentar na poltrona velha meio entristecido._ Como você sai assim sem avisar?!

—Desculpa Lia, queria testar minha nova arma, mas esse monstro era bem esperto._ Mostrou a arma pontiaguda em mãos que era embaraçada com alguns fios._ Desculpa mesmo, não queria te dar trabalho, de novo...

Após o longo tempo que passaram juntos, Mattew via Lia mais como uma irmã do que uma tia, e a mulher também não se importava em ser chamada pelo nome apesar da diferença de idade entre eles.

—Matthew, você não me dá trabalho, somos uma família, lembra?_ Disse com uma vozais calma_ Eu só fiquei preocupada com você, não imagino o que poderia ter acontecido, me desculpe se falei de um jeito grosseiro com você_ Bagunçou os cabelos do garoto que já havia crescido bastante._ Arrume sua mochila, vamos até fronteira para ver o preço, temos que ir pra Seul

—Vou pegar minhas coisas.

Lia estava usando uma calça preta, tênis com fita isolante_ para que sua pisada não fizesse tanto barulho_uma camisa verde e panos enrolados por seus braços. Prendeu seu cabelo em um coque e se preparou para sair do prédio em que "morava".

Seu medo após três anos vivendo em um caos foi superado. Choi Jisu não era a mesma.

Seu coração endureceu, sua única força de vontade era a segurança de Matthew; ela não estava mais vivendo, deixou de viver faz muito tempo.

Viver e sobreviver. Teve que aprender a diferença dessas duas palavras quando precisou fazer coisas que nunca imaginaria fazer.

A Coreia do Sul se tornou um problema naquele dia em que o laboratório explodiu, muitos conseguiram fugir do país, pois já estavam próximos do aeroporto, mas durante esses anos, ninguém veio resgatar os sobreviventes. Era como se aquele país nunca tivesse existido.

Choi Jisu andava cuidadosamente pelas ruas_ que, com o passar do tempo, foram tomadas pela natureza_, sendo seguida pelo garoto, seus olhos e ouvidos estavam sempre atentos para qualquer coisa.

Ela ainda guardava aquela jaqueta. Aquelas letras "L + C" estavam um pouco sujas, quase desbotando. Ter aquilo lhe fazia muito mal, o amor de sua vida morreu bem em sua frente, sua ficha não caiu logo de cara, demorou para perceber que ele não estaria mais ali. Matthew está de prova pelas inúmeras vezes que a viu abraçar a jaqueta enquanto chorava, o perfume dele parecia ainda estar preso ali, e mesmo assim, ela não jogaria fora por essa lembrança , sabia que ele não iria querer vê-la triste e depressiva, mas estar com aquela peça de roupa era como se ele estivesse ali cuidando dela.

—Chegamos?_ Susurrou perto de seu ouvido, avistando um muro enorme com cerca de seis metros  com carros empilhados, como se fosse uma verdadeira barreira

—Sim, vamos._ Deram mais alguns passos e bateram em um pedaço de madeira que ficava ao lado de uma bicicleta, Lia estava aliviada que não encontrou nenhum monstro no caminho.

Demorou cerca de três minutos até ouvir alguém sussurrando:

—Tem algum monstro por perto?_ A voz dele soou medrosa.

—Não, tá limpo._ Ela disse logo dando um passo para trás quando o rosto de um senhor apareceu ali._ Queremos ir para Seul, qual o preço?

—Calma, não faço negócios aqui fora, não posso correr o risco._ Deu espaço para eles passarem. Era quase uma casa,  era muito empoeirado e tinha vários objetos, armas e suprimentos._ Já cruzaram alguma fronteira? Sabe qual é o processo?

—Sim._ Lia tirou da mochila três garrafas d'água, deixando em cima da mesa._Se passaram cinco meses da validade.

—Sério?_ Seus olhos pareciam brilhar ao ver a água._ Ainda está boa, vamo fazer o teste de água.

O teste de água era apenas uma prova de que nada foi envenenado, muitos se aproveitavam disso para matar pessoas inocentes.

Ela bebeu um gole d'água, o que deixou o senhorzinho contente.

—Muito bem, podem ir para Seul._ Se sentou e terminou de beber uma das garrafas em um só gole, seu corpo desidratado mostrava que fazia tempo que não bebia.

—Tem algumas informações para dar?_ Se sentou de frente para ele em um pequeno banco, apoiando seus cotovelos nos joelhos.

—Tem mais alguma coisa boa para me pagar?

Matthew retirou de sua mochila uma das armas que ele havia feito, era uma das que havia dado certo.

—A propósito, me chamo Yeong Su.

—Me chamo Matthew_ Sorriu para o senhor que estava encantado com a arma em mãos, mas ele ficou calado logo depois de Lia lhe lançar um olhar de reprovação.

—Isso aqui é muito bom, tenho duas notícias para dar, qual você vai querer, a noticia muito boa ou a muito ruim?

—Não pode dar as duas?_ Perguntou esperançosa, mas claro que nada seria de graça, então teve que pegar mais uma garrafa d'água e dar para ele, era sua última, seria difícil encontrar outra agora, mas poderia valer a pena._ Fala a notícia boa primeiro.

—A notícia boa é que eu ouvi no rádio há alguns meses._ Apontou para o aparelho._ Que estavam querendo resgatar sobreviventes aqui, vão mandar um barco do Japão!

"Resgatar sobreviventes?"

—Sério!?_ Matthew abriu um enorme sorriso, essa era uma notícia muito boa._Finalmente vamos sair daqui?!

—Espera aí, depois de três anos?_ Uma pontada de esperança surgiu em seu coração, mas porquê raios demoraram tanto?_ Isso é muito bom!_ Lia sorriu para Matthew._ Espero que isso seja verdade mesmo, eu tinha um rádio ano passado, mas infelizmente quebrou.

—Claro que é!_ Se levantou._ Eles falaram setembro no ano passado, eu anotei o endereço do barco._ Puxou a gaveta de uma cômoda e arrancou uma folha dali, escreveu uma coordenada, era assim que o rádio passava a localização. _ Parece que vão vir dia três de maio.

—Ótimo, só precisamos sobreviver até lá.

—Está vendo aqui._ Se aproximou de Lia mostrando o papel_ É em Seul, não sei onde fica, mas se tiver um mapa é melhor ainda.

—Temos._ Uma paz inexplicável reinou em seu coração, seriam apenas alguns meses até finalmente sair daquele inferno._ Mas qual é a notícia ruim?_ Arqueou as sombracelhas curiosa, mas um ruído alto do lado de fora fizeram eles ficarem em alerta.

—Tem o dobro de monstros em Seul, incontáveis.

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1193 palavras

   𝐓𝐡𝐞𝐫𝐞 𝐚𝐫𝐞 𝐌𝐨𝐧𝐬𝐭𝐞𝐫𝐬 𝐀𝐫𝐨𝐮𝐧𝐝 𝐇𝐞𝐫𝐞 | Soolia  حيث تعيش القصص. اكتشف الآن