Capítulo IV - Dia de igreja

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"Palavras têm o poder de nos construírem, mas também têm o poder de nos destruir"

Quantas pétalas de flores estavam espalhadas pelo chão do quarto? Ela não tinha mais conta, pois quando o seu interior estava inquieto - ela também ficava-. Após se maravilhar com o vestido que Glory lhe tinha dado - um vestido elegante e extraordinariamente esbelto, não parou de o elogiar em mil e uma palavra de poesia-, porém a sua pequena distração começou quando Aneline roubou uma das flores que estava num vaso perto da entrada do quarto. Agora, deitada sobre o chão, ela mandava pelo ar as pétalas que arrancava, uma a uma.

Quanta vergonha teria de olhar nos olhos de Glory e assumir que foi imprudente bater a porta na cara do filho dela?

Não!

Que imprudência? Ela só fez o que sentia. Gabe Benetton só teve o que mereceu, por pisar no jardim de flores que ela queria oferecer-lhe.

Jardim esse que nunca iria florescer.

Ele ignorou todas as suas boas palavras.

Aneline não voltaria atrás, por mais respeito que tivesse pela senhora Benetton.

Aneline está irritada!

Gabe voltou para o andar de baixo, onde a sua família ainda conversava com a família Hudson. Confessa que não esperava uma reação assim vinda de Aneline. Ele tinha sido tão cavalheiro em acatar a ordem da mãe, mas ficou frustrado com a ousada atitude da jovem.

Nunca em todo o seu tempo de vida, sofreu tal coisa. As jovens moças o tratavam com respeito e educação.

Além de ter quebrado o seu precioso quadro, agora tinha-lhe agredido.

"A senhorita Hudson, é uma doida".

Pensou, ao acariciar o nariz.

A cada passo que ele dava era como se as palavras eloquentes de Aneline gritassem na sua cabeça.

"Não seremos amigos, seremos inimigos!"

Ele estava com o pé dolorido e o nariz, resultado de um pequeno acidente que tinha tido na escada momentos antes, pelo menos essa foi a desculpa que deu quando Glory teve um ataque de preocupação extrema - assim que viu o nariz do filho a sangrar-.

Christian tirou do bolso o lenço de tecido e o estendeu em direção ao irmão que o aceitou de bom agrado.

— Eu bem disse a Henry para não comprar detergente barato. — exclamou Rose um tanto preocupada. — Queres fazer um curativo querido?

Negou com a cabeça.

— Agradeço a gentileza senhora Hudson, mas, eu estou bem. Foi culpa minha, eu apenas pisei em falso, escorreguei e bati de cara no corrimão.

Não expressou um sorriso que fosse capaz de tirar a preocupação do semblante de cada um que se encontrava a sua volta.

— Ficou feio esse acidente. — Comentou Ben Benetton — Não acha melhor ver o médico? Posso-lhe chamar.

— Ficarei bem meu pai.

— Deixe-me ver. — Christian aproximou-se do irmão e tirou-lhe o lenço das mãos. — Deixe-me ajudar-lhe.

O senhor Henry iniciou uma conversa com Ben sobre a boa relação dos filhos.

— Christian é tão educado, e está cada vez mais adulto e parecido contigo Ben. — comentou Henry ao observar Christian.

— Ele lembra-me a mim, que quando mais jovem, também era muito educado na sua idade. Os meus pais sempre foram muito dedicados à minha educação e à dos meus irmãos. Christian também tem interesse pelos negócios da família em tenra idade. Ele será um bom braço direito no futuro.

A menina dos cabelos de neveOnde histórias criam vida. Descubra agora