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Ver uma jovem loira tentando ler os papéis deixados na mesa, um certo alguém vai na direção dela. Dada de costa, ele cutucou o ombro, dizendo que isso pertencia a ele. O que era bem estranho é que ela estava surpresa de algo, porém não só isso: parecia familiar, como se tivesse a visto em algum lugar.

- Desculpa! _ ela exclamou, após vários minutos em silêncio _ Foi sem querer, encontrei-os aqui e pensei aonde estivesse o dono.

Com a respiração relaxada, ele falou:

- Não tem problema. A culpa é minha por ter deixado os papéis em cima da mesa para o público.

Ela estendeu a mão e deu para ele, a familiaridade do rosto dela era tão próximo - como um lembrete - mas tão longe - como um avião. Com um pouco de curiosidade, ele questionou logo após cosar a nuca.

- Desculpa pelo atrevimento... Eu conheço-a em algum lado?

- Não. Eu sou nova por aqui. _ ela esquivou os olhos, começando a fazer pequenos círculos na mão direita da palma da sua mão esquerda.

O jovem garoto arqueou a sobrancelha, falando:

- Se é isso... Como é nova aqui, devo apresentar-me. _ ele esticou a mão _ Chamo-me Ethan.

- Ethan?

- Sim. Porque?

- Nada!

A voz dela saia com nervosismo e turbulência, franzindo a testa ela saiu sem dar mais palavras.

- Ei! _ Ethan chamou-a, contudo ela não respondeu o seu chamado _ Quem é você? _ sussurrou.

Era bem estranho uma reação dessas, talvez podia ser uma nova habitante um pouco tímida, pensou.

Quase seis horas da tarde, encontra-se ele limpando as mesas da cafetaria. Muitas delas cheias de papéis usados, café derramado, pitadas de restos de biscoitos e bolinhos meio comidos. Varreu e lavou o chão, limpou as janelas e jogou o lixo fora.

Após fazer isso, enxugou o seu suor com o seu braço suspirando:

- Já terminei chefe.

O chefe Euclides, um homem meio rechonchudo e gosta muito de biscoitos. Sempre após de comê-los, as pitadas ficam agarradas no seu bigode pequeno, porém farto.

- Como sempre, meu funcionário fazendo seu ótimo trabalho. _ disse ele depois de ter averiguado a excelente limpeza feita pelo Ethan _ Aqui está seu pagamento, como prometido.

- Agradeço muito, senhor.

- Amanhã á tarde, não te esqueças, ok?

- Nunca me esqueço. _ falou Ethan, enquanto corria com a companhia do lindo pôr do sol.

Sentia sua respiração ofegante e cansada, seus batimentos cardíacos aumentando a medida que acelerava seus passos e os fios de cabelo dançavam ao sabor relaxante do vento que batia no seu rosto.

Faltava dois quarteirões para chegar em sua casa, mas a sensação de cansaço era maior.

- (Como posso esquecer-me disso? Não posso correr muito, mas mesmo assim continuo.) _ pensou, ao mesmo tempo tentando recuperar seu fôlego.

E depois de fazer aquilo começou á caminhar, encontrando no caminho pedrinhas para chutar. A vontade de descansar não era muito sua vibe, todavia tinha que fazer. Ou seus pais iriam preocupar ainda mais.

Sua estatura parecia cheia de firmeza, no entanto era fraco. Tinha que ser forte e fazer sorrisos falsos para criar sorrisos verdadeiros nas pessoas. Resumindo, fazer os outros felizes porém para que?

Era um sentimento feliz ver sua família esperando-o para jantarem, sorrisos que faziam sua alma escorrer de alegria e esperança.

- Vem irmãozão, hora de jantar. _ anunciou sua irmã Ayanna, lhe dando um abraço de seguida.

- Minha pequena coisinha de coisa, já vou logo. Primeiro preciso de um banho.

- Sim você fede desde aqui. _ Ayanna fingiu tapar seu nariz enquanto corria para a sala de estar, aonde sua família esperava por ele.

Indo debaixo do chuveiro, a água escorria lentamente sob seu cabelo e seu corpo. As bolhas de sabão líquido amasseavam sua pele delicada e morena.

Era água fria, porém nem isso o afetava. Os profundos pensamentos sobre a vida que corria como um trem, em outros momentos como um caracol.

- (Minha vida está contada.) _ reflectiu se vendo no espelho, ao mesmo tempo enxugando seu cabelo molhado na toalha.

Com roupas casuais, foi com calma para a mesa. E na mesma, ainda havia comida e parentes. A conversa durou normalmente, todos na cozinha fazendo sua parte. Lavando os pratos, guardando a comida no frigorífico, entre poucos outros.

- Como vai o trabalho na cafetaria, Ethan? _ questionou seu pai.

- Vai bem, pouca movimentação e poucos clientes. Contudo o resto está andando bem.

- E é estressante? _ perguntou sua mãe.

- Não, é relaxante. A música calmante do antigo rádio, o cheiro de café, biscoitos e bolinhos acabados de fazer e poucas pessoas, a cafetaria traz qualquer um para um mundo diferente que eu não sei explicar. _ tanta coisa queria descrever naquele lugar, mas preferiu resumí-lo _ Uma sensação de liberdade e leveza.

- Ok. Basta que estejas tranquilo, nós aceitamos.

Preocupar todos era um ponto fraco, sentia que os que estavam ao seu redor sentiam pena e tristeza por ele. Sabia disso, era uma dor insuportável.

- Se eu pudesse pelo menos tirar isto de mim, _ seus pensamentos gritaram na sua mente como murmúrios, enquanto apertava mais a camisa no seu peito _ eu poderia...

Fechou a porta do seu quarto e desativou a lâmpada do cômodo ao seu lado, abriu a janela com cuidado e subiu para o telhado de várias águas da sua casa. E descansou deitado observando o vislumbre da noite.

Ver tudo aquilo, fazia-o alegre. Relembrava do seu passado o mesmo sentimento que sentia, até ser tirado.

A notícia e a despedida, fez sua vida mudar de cabeça para baixo.

Sua vida mudou.
Sua felicidade caiu.
Suas memórias atormentaram.
Suas visões sobre o mundo, mudaram.

- DROGA! Estou pensando demasiado.

E foi deitar na cama, abraçando tudo o que reflectiu desde o início da sua vida até desde então. Entretanto, lembrou de uma coisa.

Cabelos loiros como ouro, olhos azuis como o céu da noite, bochechas rosadas como amoras silvestres e lábios da mesma cor.

- Aquela garota! Quem é você?

Não sabia quem era ela, só que tinha uma coisa: já tinha a visto antes... Mesmo que rejeitasse essa afirmação, ainda aceitava-a não sabendo o porquê.

Raciocinando tanto, Ethan Williams acabou adormecendo sem dar conta do tempo. Sonhando com aquela jovem moça que achou junto duma mesa na cafetaria.

With Affection, Your Friend [Pausada]Where stories live. Discover now