Levou quase doze horas em uma viagem de Nova Iorque até Charleston. Horas passavam no vidro da porta do carro em que ela esteve. Tinha chegado aquele dia, o momento de sair e voltar com os olhos para o passado.
- Rose?! _ seu pai mencionou seu nome cinco vezes, e a quinta chamada ela acordou _ Ouviste o que eu disse?
Ela não escutou a voz do seu pai, a distração de um mundo que passava rápido, nem mesmo os olhos puderam acompanhar, era muito pensativo.
- Não, desculpa. O que falou?
- Eu disse: para não pensares em demasia, tente recuperar o teu ânimo. Aproveita tudo o que foi deixado no tempo.
Deixado no tempo não era uma boa expressão nem encaixava-se nela. Abandonar tudo e apagar a vida inteira como uma borracha, mesmo assim os rabiscos deixados eram como fragmentos de memórias vivas e nítidas sob os seus olhos.
- Esforçarei meu pai.
A força de vontade de enxergar o tempo que já foi um momento e virou um passado era mínimo. Tristeza e nostalgia rodavam na sua cabeça.
- (Foi uma péssima ideia ter retornado aqui?)
Rose e seu pai saíram do carro com maletas em cada uma das mãos. Enquanto subiam das escadas para o apartamento era como se fosse um aperto no coração. Não era por essa construção, porém eram as memórias de um passado distante, bem distante se podia dizer.
Com a chave em uma mão desocupada, ele abriu a porta do apartamento. Pela aura que transmitia era uma mistura de moderno e antigo. Com um corredor pequeno, cozinha e sala á frente, quartos e casa de banho atrás. Era bem pequeno, mas aconchegante e tinha um ótimo preço para quatro meses de férias.
- Vamos arrumar as nossas malas. _ seu pai sugeriu.
Após minutos arrumando seu quarto ela terminou. Todavia porque foi tão rápido? O motivo é este: não tinha muita coisa que trazer, durante quatro meses nem era necessário enfeitar um quarto em mil maravilhas.
Apenas desejava que esse tempo voa-se para ela voltar ao lugar desconhecido da sua vida. Com o celular em suas mãos suadas de tanto pegar nas malas, Rose desligou o modo offline dele. E um monte de mensagens invadiu-lhe seu aparelho.
- O que o povo tem para mim? _ questionou.
Mensagens dos vídeos recentes do YouTube, dicas de filmes e músicas, etc. Ela rolou as notificações e eram umas vinte e tal mensagens dele.
- Que ódio. _ revirou os olhos e eliminou todas as notificações _ Que tédio.
Queria adormecer e esquecer de tudo o que a prejudicasse. Sabia perfeitamente que não iria acontecer nada; por isso, reunindo suas forças nas pernas, levantou e foi em direção ao um porta-jóias de cor azul escuro. Ao abrí-lo, sentimentos de saudade e perda invadiu-lhe no seu coração. Com a mão vagueando dentro na área da caixa, Rose encontrou o pretendia encontrar: um colar com uma pequena jóia azul igualzinho aos seus olhos.
- Mãe...
Sua amada mãe, o colar trazia-lhe lembranças longínquas para mais próximas dela, junto disso, as pessoas e as coisas daquela cidade. Fechou a caixinha engolindo no seu interior os pensamentos tristes e ressentimentos de uma vida passada e largada.
E com uma certa raiva, Rose simplesmente saiu fora do seu sítio amado e silencioso, e foi para a cozinha aonde está o seu pai cozinhando uma sopa de legumes, junto com um rosto de pura infelicidade. Quando ele a viu, ele fez um sorriso forçado tentando enviar uma sensação de conforto e bem estar.
- Senta filha.
- Ok, pai.
A mesa não era alegre, nem a conversa tinha uma vida sequer entre eles. O silêncio saboreado em cada colherada para a boca era difícil de engolí-lo.
- Está boa? _ ele questionou.
- Sim... _ na realidade, mentiu. A sopa tinha um bom gosto, mas no fundo era pedregulhos que foram triturados com lágrimas que um certo dia foram felizes.
- Obrigado!
♡
Na hora mais tranquila naquela cidade, com uma decisão firme, Rose foi caminhar para as profundezas do seu subconsciente, apesar de que os seus pés e sua visão estavam focados no caminho, mas a mente situava-se naqueles pensamentos.
Os seus passos pareciam como músicas de jazz sintonizadas, e a solidão abraçava-a, enquanto via pessoas andando e sorrindo uns com os outros. Ver a alegria estampada em cada sorriso parecia uma pura inveja que tinha. Daí, Rose acabou parando em uma cafetaria.
O mesmo estilo rústico e de madeira, com cores preto, verde e castanho e janelas com desenhos de café. Contudo o que fazia-lhe lembrar mais ainda daquele estabelecimento era o seu cheiro de aroma de café feito naquele mesmo instante.
- Quantas saudades de um cafezinho!
E com determinação, ela entrou batendo a porta no sino que estava encima da mesma. Colocando o seu pé dentro da porta, encontrou poucos olhares para si. Sentiu repreendida, todavia Rose resistiu e sentou em uma das mesas perto de uma janela.
- (Respira fundo... Seja forte.)
Por estranho que parecia, a cafetaria era bem pouco movimentada do que há anos atrás. As coisas tinham mudado e ela não acompanhou nada dessas mudanças. Com aquele pensamento, ela imaginou: os seus familiares e as suas amizades teriam mudado ou transformado também, então daquela forma, não teria nada e ninguém nessa cidade.
- Como posso servir-lhe? _ interrogou uma garçonete.
- Um cappuccino e biscoitos de gengibre, se faz favor.
Enquanto esperava pelo seu atendimento, Rose começou á observar todos as pinturas na cafetaria. O lugar trazia saudades de tudo que havia tanto tempo em refletir. Levantou da cadeira, iniciando com passos pequenos e lentos.
- Sozinha na cafetaria seria uma boa coisa? _ sussurrou.
Terminou, mas ela foi ver as outras pinturas do outro lado da parede. No entanto, enquanto passava encontrou uns papéis em cima de uma mesa abandonada.
- Onde está o dono?
Tentando resistir, suas mãos e sua mente recusam a ouvir, e apanhou os papéis. Ao abrir como um livro, espantou pois achou um nome de algo. Mas felizmente ou infelizmente, alguém apareceu atrás dela.
- Desculpa dizer isso. Mas isto me pertence.
Ao voltar para ver a pessoa que estava atrás de si, Rose Miller espantou-se.
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With Affection, Your Friend [Pausada]
Romance"My heart will always belong to you. With Affection, Your Friend." Uma amizade distante volta a ressurgir entre dois jovens adolescentes. Sabendo do segredo um do outro, terão de vivenciar momentos antes do último batimento. Um deles não tem coração...