Ela bateu palmas, feliz, e eu não soube recusar ao pedido da pequena criatura, seguindo-a por um longo corredor até me deparar com uma porta colorida e com desenhos infantis.

A menininha entrou e logo uma enfermeira com o rosto maquiado arregalou os olhos e resmungou, mas com um sorriso ameaçando sair:

- Onde a senhorita se meteu? Já falei para não sair dessa sala sem sua mãe ou seu irmão! - A mulher jogou os cabelos vermelhos para trás e riu, virando-se para mim em seguida. - Encontrou mais alguém para brincar conosco?

Fizzy assentiu e bateu palmas mais uma vez, apontando seu dedo gorducho para mim:

- Hazzy vai ficar todo maquiado!

Ela me puxou em direção a um grupo de meninas, todas elas carecas, mas sorridentes e coloridas. Duas delas estavam em cadeira de rodas e as outras dividiam uma das camas com potes de maquiagem e pincéis.

- Bom dia, meninas! - Sentei na ponta da cama e elas imediatamente começaram a discutir entre si e escolher cores para passar contra meu rosto: um batom vinho logo cobriu meus lábios.

Reclamei que aquilo era grudendo demais e elas riram alto com as minhas caretas. Ri e sacudi a cabeça, aproveitando para explorar a grande sala com os olhos.

Era muito colorida: com cada cama de uma cor diferente, animais pintados contra as paredes, puffs espalhados por todos os todos os lados e uma pequena biblioteca ao fundo onde uma pessoa de costas para mim lia uma história para um grupo de crianças de olhinhos brilhantes.

Engasguei o ar.

Era Louis.

Isso explica o que a enfermeira falou sobre irmão...

Senti o nervosismo corroer meu interior e fechei os olhos para me conscentrar e não desmaiar ali mesmo. As meninas, animadas, aproveitaram para passar um pó sobre minhas pálpebras.

O que eu faço?

Durante aquela semana, sempre que ia em casa tomar banho e trocar de roupa, passava em frente a casa de Louis e ficava um tempo parado ali, sempre na esperança de vê-lo sair pela porta.

Ele nunca saiu.

E agora ele está aqui!

Eu simplesmente não sabia o que fazer: sair antes que ele me visse, para não agravar a situação? Tentar explicar o que aconteceu? Aquele era mesmo o lugar certo para aquilo?

Uma das meninas, que usava dois canudos nas narinas para respirar, cutucou meu rosto e eu abri os olhos.

- Pronto! - Ela falou, rindo, e então me entregou um pequeno espelho. Meu rosto estava irreconhecível: lábios roxos, olhos cobertos de pó rosa acobreado e brilhoso e as bochechas em um intenso vermelho. Havia até mesmo um laçinho azul preso  na minha franja.

Não aguentei e gargalhei alto ao me ver daquela forma tão estupidamente engraçada.

Louis me ouviu, porque imediatamente se virou, parando a leitura que fazia, e focou o olhar em mim com as sobrancelhas franzidas. A faísca de alegria em mim se apagou.

Ele piscou um pouco, mas logo se virou para o grupo novamente e continuou seu conto, claramente ignorando minha presença.

Meu coração queria sair correndo de tão rápido que batia.

Saí da cama, dando "tchau" para as meninas sorridentes e andei até a porta, decidido a sair dali e esperar até Louis sair também do lado de fora, mas então eu reparei em algo diferente. Um único menino, deitado em uma cama mais distante, sozinho. Não devia ter mais de seis anos e brincava com os próprios dedos com uma expressão triste.

Como não te amar? (Larry Stylinson AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora