Scott segurou meu braço e me puxou para a cama novamente quando eu quase desabei no chão:

- Não é melhor esperar até amanhã, Harry?

Sacudi a cabeça, secando as lágrimas do rosto.

- Não, eu já esperei demais. Se não for agora, posso perdê-lo para sempre.

Scott suspirou. Sabia muito bem que não poderia me deter sobre isso.

Ele estendeu as chaves de sua caminhote:

- Eu te trouxe na minha e a sua ficou no colégio.

Respirei fundo para conter a onda de imagens que voltaram na minha cabeça em uma tortura sem fim. Tudo que eu mais queria era poder abraçar Louis e sentir novamente a paz que me acompanhava desde a noite no telhado, onde nós dormimos abraçados.

Enquanto descia a escada, as lágrimas voltaram com força e tive que tomar cuidado para não tropeçar em cada degrau.

Entrei na 4x4 vermelho escuro que estava estacionada na minha garagem e dei partida no motor, dando ré e fazendo o tão familiar caminho para a casa que eu tinha visitado tantas vezes.

Eu tinha ficado desacordado quase o dia todo, afinal o sol já tinha baixado totalmente no horizonte e as ruas estavam lotadas de pessoas deixando seus trabalhos para voltar para casa. Vi uma velhinha sorridente passeando com seu cachorro, um homem apressado que atravessou correndo na minha frente quando parei em um sinal vermelho e um casal, que caminhavam tranquilamente.

Fiz questão de prestar atenção em cada detalhe ao meu redor, desligando minha mente e deixando que meu corpo fizesse o caminho até a casa de Louis de forma natural. O mundo todo parecia diferente para mim, como se estar apaixonado e perder a pessoa que ama mudasse a sua forma de ver as formas que te rodeiam.

Parei o carro e saí.

Cada molécula do meu corpo queimava de dor e eu só sabia implorar para Deus ou qualquer força superior que pudesse ouvir meus pedidos desesperados:

Por favor, faça com que ele me escute.

Minha mão tremia claramente quando toquei a campainha e esperei por alguma resposta.

Cada segundo que se passou entre esse momento e quando a porta finalmente abriu pareceu passar mais lentamente que o normal, durando horas inteiras, até mesmo dias, tamanha era a minha angustia.

Jay focou os olhos em mim e enrugou a testa:

- O que você está fazendo aqui, Harry? Não acha que já fez mal suficiente ao meu filho?

As lágrimas caíram mais uma vez ao ouvir aquelas palavras e não consegui segurar um soluço alto enquanto tentava falar:

- P-por favor, eu p-preciso falar com ele.

A senhora diante de mim bufou e apontou seu dedo fino contra o meu peito, quase gritando ao falar:

- Sabe o quanto doeu em mim ver meu filho completamente destruído por se sentir culpado por ter matado os melhores amigos? Sabe quantas vezes tentei acalmá-lo para que não tentasse algo estúpido de novo? Você consegue imaginar como é deitar todas as noites mas não dormir bem porque está sempre ouvindo o que acontece no quarto ao lado, tentando saber se seu filho está tentando tirar a própria vida ou não? VOCÊ SABE, HARRY?

Baixei os olhos, soluçando mais forte ainda e sentindo um punho de ferro se fechar ao redor do meu coração, apertando-o.

Será que Louis seria capaz de tentar isso de novo?

De repente, um sentimento novo se mesclou a dor: a raiva. Raiva de mim mesmo. Raiva por ter sido tão idiota a ponto de não proteger uma criatura tão preciosa quanto Louis.

Como não te amar? (Larry Stylinson AU)Where stories live. Discover now