Capítulo 15 - Arrependimento

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A Mommy me chamou e eu fui correndo. Ela pegou a algema, me algemou com as mãos para trás e acariciou meu cabelo, mas não bateu no meu rosto. Eu olhei para a cama e vi a mordaça e a venda. Lá vamos nós de novo (pensei)!

- Vem aqui, baby, precisamos conversar...

*clique clique clique clique*

Ela torceu meus braços e apertou a algema com muita força. A Mommy sempre que tem algo importante para conversar comigo, ela me prende. É um lance só nosso. Acho que ninguém entende...

Se eu aprendi uma coisa nesse primeiro ano que estamos vivendo juntos é que tem sempre dois jeitos de fazer as coisas. Tem o jeito certo e o errado. Até pra colocar uma algema tem o jeito certo, que é o mais restritivo, desconfortável e seguro. Para ajoelhar diante da Mommy também tem ciência... O corpo deve ficar reto e a cabeça baixa. Nada de se sentar nos tornozelos. Enfim, há um jeito certo de fazer as coisas e a Mommy gosta das coisas feitas do jeito certo. Ela me faz passar horas engraxando as suas botas e ariando as panelas. Se o fogão não estiver brilhando eu não saio da cozinha...

Depois de uns instantes em silêncio total

- Agora somos só nós dois baby. Só eu e você.

Ela disse isso com os olhos cheios de lágrimas.

- Sim, Rainha. Somos só nós dois desde que eu vim morar contigo...

- A sua mãe poderia ter ficado do nosso lado, poderia compartilhar a nossa alegria, mas agora não há mais tempo para reconciliações...

- Como assim, Mommy? O que houve? Não estou entendendo. Você está chorando?

- baby, eu quero que você seja muito forte. É uma ordem! Entendeu? É uma ordem...

- Sim, Senhora!

- Eu mesma não sei se vou conseguir, por isso eu quero saber se posso contar com você?

- Claro que pode! Em qualquer circunstância... Estou pronto para morrer por ti. Sem hesitar...

- Talvez tenha que ser mais forte do que abrir mão da sua vida pela minha.

- Seria fácil dar a minha vida pela sua... O que houve, Mommy?

-Você não pode mais voltar a ser um menino, tem que ser um homem...

- O tempo da infância passou, a Senhora acabou de me criar!

- baby, agora chegou a hora da sua prova mais difícil...

- Estou pronto.

- baby, a sua mãe saiu para trabalhar e houve um tiroteio na comunidade. A polícia invadiu atirando e uma bala perdida encontrou a sua mãe, acertando bem na nuca. Ela não teve chance, caiu morta na hora, na calçada... Ao menos não sofreu...

- Não, Mommy... Não pode ser...

- Infelizmente eu perdi a minha melhor amiga e você perdeu sua mãe nesse dia tão comum de verão como qualquer outro...

- Minha mãe morreu? Em um tiroteio...

- Sim...

- Foi embora sem falar comigo, sem se despedir de você... Sem perdão... Sem arrependimento...

- Deixe isso para lá. Apenas não deu tempo. Seja forte. Seja homem.

- Sim, Senhora. Somos só eu e a Senhora agora...

- Escute! Vou fazer umas ligações, para umas amigas promotoras, juízas, quero tudo esclarecido, vou liberar o corpo o mais rápido possível para o velório.

- Sim, Senhora.

- Não chore! Fique ajoelhado do jeito certo e mostre-me que é meu homem em qualquer momento.

- Sim, Senhora.

-Vamos dar o melhor velório que o dinheiro pode comprar, você vai vestir seu terno preto, sua gravata preta, sapatos pretos, sua melhor camisa e óculos escuros pretos.

- Eu vou.

- Vai ficar de pé, calado e ao meu lado quando chegar a hora.

- Sim, Senhora. Obrigado, Senhora...

Apesar do coração estraçalhado, eu consegui seguir em frente, não era mais uma criança. A Mommy havia me feito seu homem.

Ela me fez entender que a morte simplesmente vem para todo mundo. Portanto, a pior besteira que podemos fazer é ter preconceitos, não aceitar o outro, sentir ódio, rancor, arrependimento e não resolver as coisas enquanto ainda há tempo. Eu perdi a minha mãe hoje e não tenho mais ninguém no mundo para chorar, a não ser a minha Mommy. Do que adiantou ela não me aceitar como sub e namorado da sua melhor amiga?

- Quer um pouco de xixi?

- Não, obrigado...

- Quer que eu bote a tua mordaça? A venda? Eu acho que pode te ajudar!

- Eu estou bem, não precisa. Mas se a Senhora mandar eu obedeço. Faz o que a Senhora achar melhor de mim...

- Então abre a boca e fecha os olhos. A dor física pode ajudar a esconder a dor mental, por isso eu apertei tanto a algema e torci tanto os teus braços.

- Sim, Senhora! Obrigado, pela dor física, pela consideração, mas nada pode ser comparado a tamanha perda..

- Mas mesmo assim eu vou te vendar e amordaçar. Você só sai daí quando eu mandar.

- Hummm... Humm..

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