- E quando você vai atacar? - Rubi me olhou. - Por que eu não a vi falando com ela em nenhum momento. 

- Quando sair do colégio. Não quero me juntar. Será o meu fim se alguém descobrir que estou falando com a esquisita. E outra coisa, ainda tem a Alison... Transamos ontem. - disse sem importância.

O queixo de Rubi quase caiu.

- Mentira! - lancei um olhar cobiçador para ela, que riu animada. - Conte-me tudo, não me esconda absolutamente nada! - pediu ansiosa.

E eu contei quase tudo. Ocultei o sonho esquisito, por que não estava dando a devida importância á ele. O nosso subconsciente adorava pregar algumas peças que não entendemos, e na realidade, não queria saber. Depois do intervalo, voltamos para a sala... E lá estava ela, Rebecca... Na mesma posição de antes. Passei por ela sem nem a olhá-la... Embora que algo dentro de mim, latejava, esse incomodo em vê-la triste. Muito estranho, e chato também, não quero senti-lo. Fiquei na minha.

As últimas aulas passaram voando... Como não tinha a Alison para me encher, não me demorei. Subi em minha moto, e partir até algumas quadras e estacionei próxima a padaria em que tinha acontecido o acidente no dia anterior. Esperei. Como de esperado, lá vem ela, andando meio distraída, a roupa surrada não parecia muito bem vista aos olhos. A blusa branca estava suja, e a calça com uma mancha de sangue no lugar da ferida do acidente de ontem.

Retirei o meu capacete, e esperei... A tonta estava tão alheia ao mundo que iria passar por mim sem nem me perceber.

- Rebecca. - chamei, e ela se assustou.

Sua expressão entristecida se transformou em surpresa, e então, uma felicidade tão genuína que coraram as suas bochechas.

- Freen... Oi! -  exclamou com um sorriso tímido e se aproximou. - O que faz aí? 

- Esperando você. - fui direta, vendo-a mais surpresa ainda.

- Esperando-me? Por quê? - perguntou um pouco confusa.

- Estava pensando em levá-la para casa, ou na melhor da hipótese, e se você aceitar, levá-la para um almoço ao ar livre, um piquenique pra ficar mais bonitinho. - sorrir de lado, meio sedutora.

Os olhos dela se arregalaram com o meu convite repentino. Depois ficou um pouco pensativa, e fez uma carinha engraçada e um biquinho gracioso se formou em seus lábios em formato de coração. Os meus olhos se prenderam no biquinho e senti vontade de senti-los. Cruzes! Fiz uma careta com o meu pensamento absurdo, mas logo desfiz para ela não perceber.

- Você não falou comigo no colégio, e agora quer me levar pra almoçar? - questionou, e eu não esperava por isso.

- Bem... -  entortei a boca em contragosto. - É complicado, Rebecca. Como sabe, no colégio tenho uma reputação á zelar, não que eu tenha vergonha de ti... -  apressei em dizer ao vê-la amuando-se um pouco. - Longe disso, mas você tem que convir que os grupos não se misturam. Cada um fica na sua tribo. Existe uma hierarquia que não pode ser quebrada. 

- Mas, a Irin e o Luke são os meus amigos e quebram a hierarquia. - rebateu com a voz suave.

Respirei fundo.

- Eles não fazem parte de nenhuma hierarquia, digamos que eles são como hippies, totalmente independentes. - tentei explicar e fazê-la esquecer disso. Ela soltou uma gargalhada divertida com a minha explicação. Não resistir e rir também. Era contagiante, e arrancava o riso involuntariamente. - Entendeu, então?

- Sim... Você quer ser a minha amiga sem que as pessoas do colégio saibam, porque tem receio de que se volte contra você. - disse terminando de rir, então, suspirou. - Tudo bem, não a culpo. Uma princesa nunca que ser uma plebeia, não é?

- Tecnicamente. Então... O que me diz? - perguntei de repente ansiosa.

- Gostaria. Mas não posso, tenho que trabalhar e estou quase atrasada. - ela disse com ar triste. Então, abriu a sua mochila e tirou um embrulho que me entregou. - Aqui! 

- O que isso?

- O seu lenço de seda. Está bem limpinho, e quase novinho. - sorriu com os olhos brilhando. - Um pequeno gesto por ter cuidado de mim, ontem. Obrigada, Freen! 

Antes que eu respondesse, ela me surpreendeu com um beijo em minha bochecha, então, sorriu e saiu em passos apressados, deixando-me parada. Olhei o embrulho em minha mão e o abrir. O meu lenço estava impecável e cheiroso. Realmente, parecia novo. O guardei em meu bolso, e uma inquietação me envolveu... A mesma inquietação que me abateu quando acordei do sonho.

Sem capacete, segui-a, movida pela curiosidade para saber onde Rebecca trabalhava. Era incomum para o meu cotidiano, ver uma garota de sua idade trabalhando. Depois de uma quadra, ela entrou em uma lavandaria. Vi pelas portas de vidro, quando a mesma guardou a sua mochila e vestiu uma bata.

A minha curiosidade aumentou mais ainda... O porquê dela trabalhar? Sei que ela é pobre, assim como eu, mas... E a sua mãe? Por que ela própria não trabalhava e deixava apenas a Rebecca estudar?

Meu celular vibrou, arrancando-me dos pensamentos.

Alison... De novo.

Ignorei, e desliguei o celular. Quero que ela fique se remoendo um pouco. Era bom. Ela pensaria duas vezes antes de abrir a boquinha para falar alguma coisa sobre nós.

Voltei a prestar atenção em Rebecca. Esse lance da mesma trabalhar estava atrapalhando os meus planos. Como eu iria me aproximar mais dela desse jeito? Até que vi um entregador com a logomarca da lavanderia. Então, o chamei...

- Sim? - ele perguntou educado.

- Essa mocinha... A Rebecca. Ela larga que horas?

- As cinco horas! 

- Obrigada! 

Já sabia que o que iria fazer... Os meus planos não seriam interrompidos nem se Jesus voltasse á terra. Perdoe-me a blasfêmia, mas quando eu quero alguma coisa, nada me impede. E hoje, faria com que Rebecca dormisse comigo em seus pensamentos, oh, se eu faria...



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O que será que nossa Sarocha fará? 

El Sabor De Lá Venganza { FreenBecky }Where stories live. Discover now