Tribuna Celestial

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Passos resolutos contra a névoa espessa.Onde estou?Minúsculo perante a aurora boreal de um astro impossível, num distante setor celestial. E ainda sem hesitação, sigo em frente.Aonde vou?Trilhando firmemente meu caminho - degrau por degrau da enorme e flutuante escadaria, cuja matéria cristalina reverbera as palavras silenciosas de minha convicta alma. Quando chegarei?E caminhando por minutos — ou talvez horas... Sozinho, enfrentando o passar dos anos — ou décadas... Sob um céu sem estrelas, rumo ao fim de um universo atemporal numa jornada que dura milênios — ou eons. Por que estou aqui?É no último degrau que o meu inalterável semblante, envolto na mesma etérea resolução, finalmente permite aos meus pulmões um suspiro. E ao final de um momento, abrem-se os portões ao final da escadaria, revelando juiz, júri e carrasco. Entro eu, o réu.Fileiras de memórias claras, outras desbotadas e algumas indiscerníveis. Melancólicas, eufóricas ou apáticas. Nostálgicas. Esvaziando o peito, declaro a ruptura de um silêncio que dura eras.Exijo a total jurisdição sobre minhas lamúrias.Ao fim da acalorada defesa, ouço o arrebatador aplauso de uma multidão de sonhos, lembranças e momentos.E assim me ponho atento ao inevitável veredito, cujo resultado não poderia ser diferente. Afinal de contas, este era o meu tribunal.

MEMENTO VIVEREWhere stories live. Discover now