Capítulo 2: Entusiasmo

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E se soubesse James Antoine, que cada gesto era minimamente calculado para o atrair, não perderia bons minutos sendo envolvido por aquela teia nociva.

— Particularmente, uhm… — desviou o olhar do homem e os mirou em um busto masculino que adornava a biblioteca junto de algumas outras estátuas, só que diferente das outras ela reluzia em um dourado intenso — gosto do seu sotaque forte. — Admitiu com tamanha facilidade que se surpreendeu quando proferiu a última palavra, perdia com frequência a postura, e se repreendia segundos depois.

— Gosta? — a retórica era quase dita de maneira sórdida, antes mesmo de se fazer presente o mentor sabia de sua idolatria, e em dados momentos se aproveitava disso. Era como um ás naquele jogo de domínio pelo poder que cada um poderia exercer.

— Sim, mesmo que me olhe com repulsa e profira que sou um desastre natural… No final, os fonemas acabam ficando extremamente sensuais em seu timbre vocal.

Ouvir as palavras de Namjoon fizeram o mentor sorrir e apagar o cigarro que segurava, desistindo de continuar a fumar. Nem toda nicotina embutida naquele maço poderia suprir a adrenalina de alimentar os desejos daquela criatura selvagem e desajeitada. Pois claro, acabou descobrindo um vício maior em frustrar as mãos ansiosas, e os desejos palpáveis do Kim para testar até onde poderia ir seu masoquismo.

Pensar que aquela conversa iria perdurar, foi o maior erro do jovem aluno, porque logo após a sensação de esquecimento e vazio voltou.

Laurent abriu seu antigo exemplar e voltou a lê-lo, fazendo com que a conversa que aos poucos esquentava a imensa biblioteca se esfriasse como o inverno que castigava toda Provins. Foi o rápido vislumbre da chama de expectativa se apagando dos olhos de Namjoon, que trouxe ao mentor aquele sabor maldoso de ter vencido o primeiro jogo. Se os jogos de sedução fossem tão fáceis, ele não seria senão o anfitrião.

O dia seguiu a rotina, sem mais conversas.

Nada que os levasse ao dia da chegada de Namjoon e ao repentino beijo.

Parecia que a cada dia aquela euforia e emoção para conhecer seu escritor favorito se consumia como a cera de uma vela que com o tempo se apagava. Ele queria conversar, se aproximar e todas as tentativas eram barradas por comentários ríspidos e olhares desaprovadores.

E então era arrebatado por rasos sorrisos misteriosos e olhares provocativos que o fazia questionar as intenções por trás das expressões mornas e tom afável.

Como se Laurent o estivesse tentando.

Por muitas vezes se arrependeu da postura tomada em seu primeiro dia, por outras, não se arrependia pois beijá-lo havia dissipado todos os sentimentos confusos dentro de si.

Não era como seu amigo Taehyung falava, ele amava Laurent e o amou muito antes de pôr seus olhos nele, seria mais fácil se ele realmente fosse apenas um velho rude e desagradável, maçante cujo o ato de ensinar fosse seu motivo de vida para ser cravado no seu legado em alguma biografia póstuma.

Só se sentia miserável vendo que todas as suas tentativas de algo eram impedidas tão abruptamente.

Constantemente sendo reprovado como uma criança indisciplinada, odiava essa posição, não queria ser tratado como um inferior, queria agarrar a qualquer custo um posto de igualdade, o fazer ceder e o possuir como há muitos se sentia obcecado em fazer.

Já quando se tratava de Laurent, seu interior estava um caos. Cada dia ao lado do jovem inquieto, curioso e desastrado seguia como uma tortura repetitiva e dolorosa.

Para ele que era tão íntimo das palavras, estava diante de uma obra indecifrável que era o obstinado Namjoon. Mesmo que fossem raras as ocasiões, não conseguia dissipar esse sentimento de estar sendo lentamente encurralado pelas mãos atrevidas e necessitadas. O desejo era tão palpável que os jantares era sufocante, a maldita sensação de precisar adastrar o garoto o assombrava a medida que o excitava, se sentia péssimo, não por pensar assim, e sim por não se sentir culpado por esse pensamento, era um homem beirando a ruína.

DELICADO · namjinWhere stories live. Discover now