Capítulo 2: Entusiasmo

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— Parece ser adepto de romances trágicos. — Nam disse com certeza, em uma suave e quase imperceptível nota de acusação.

Um sorriso convencido nasceu nos lábios de Laurent, como se fosse uma confirmação em plena certeza do que o rapazote descabido que pousava os pés em seu sofá falava.

— Por que pensa assim? — Indagou, fechando o livro e ajeitando a própria postura, James Antoine poderia supor que a frustração daquelas palavras vinha pelo fato de fingir que o beijo na cozinha nunca tinha acontecido e agora foi infantilmente comparado ao fato de ser adepto de romances trágicos, um reflexo da impulsividade jovial de seu aluno.

Parecia um assunto divertido, interessante e não levado ao perigo eminente que era trazido junto aos olhares provocativos de ambos.

— Você escreveu em um dos seus livros, o romance entre a flor e a borboleta…

— Personagens simbólicos, é claro. — Deu de ombros, pegando um dos seus cigarros que estavam sobre a mesa de madeira, junto duma caixa de fósforos.

Era estranhamente prazeroso assistir aqueles pequenos gestos costumeiros, onde J. A. Laurent retirava o cilindro fino e pequeno do maço de cigarros amassado, o colocando fixado entre seus lábios carnudos e riscava a cabeça do palito naquele pequeno trecho de fósforo na caixinha de madeira fina.

As tragadas eram lentas, como se homem mais velho tentasse memorizar em suas papilas gustativas o amargor do tabaco.

— Descreveu o amor de formas dolorosas, masoquistas e sádicas… — Namjoon franziu o cenho, suspirando calmo — terminando o romance em muitas visões. Onde uma delas o cuidado excessivo com a flor, a mata. A falta de cuidado, a mata… E a borboleta que só aproveitava do bem que a flor lhe dava, nunca percebia o quanto ela sofria nas suas partidas.

— Você leu todos os meus romances? — Desta vez, Laurent pareceu um tanto confuso e olhou novamente na direção de Namjoon.

— Não é todos os dias que um homem tão importante quanto o senhor, se desfaz em romances, não aqueles que pessoas como minha antiga professora de literatura Margareth diriam ser a maior perda de tempo.

— Isso seria um “sim”?

Namjoon sorriu, provocando rasas covas em suas bochechas e ajeitou os óculos em uma mania irrecuperável, tão sutilmente prendeu a atenção do homem a sua frente, e levianamente o distraía para que finalmente olhasse de fato para si, devia ser cuidadoso, tinha que ser. Caso contrário seria pego em flagrante, atraindo James para sua armadilha de entretenimento.

— Sim, a resposta é sim — acenou concordando —, todos os exemplares em francês, depois de um tempo, eu traduzi o meu livro preferido para o latim, do latim para o inglês…

— Sete?

— O quê?

— A quantidade de línguas que você fala, são sete?

— Sim, mas como…

— Poderíamos falar sua língua materna, porque preferiu se comunicar comigo em inglês?

Dessa vez, fora o jovem aluno que se viu confuso. Talvez esses momentos fossem o que mais lhe causava euforia, sempre que pensava conseguir forjar uma armadilha para capturar James, em apenas um jogo de palavras ele parecia dominar o tabuleiro e era Namjoon a se sentir encurralado.

Fazia dias desde sua chegada e aquela era a conversa mais produtiva que tiveram, com Laurent, o silêncio era praxe, não uma consequência.

Talvez fosse apenas isso, mas tinha todo aquele teatro de modos polidos de uma falsa cortesia de classe, enquanto os olhares se mostravam persistentes quando Laurent achava que seu aluno estava distraído e imerso sobre os versos de algum livro, o tocava a cada três piscar de olhos, absorvendo para si os gestos felinos e ariscos, tais quais o cenho constantemente franzido, que repuxava as linhas faciais a qualquer ruído externo, e como umidecia os lábios grossos a cada palavra que sentia sabor em memorizar, a vista se tornando sedutora.

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⏰ Last updated: Feb 05 ⏰

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DELICADO · namjinWhere stories live. Discover now