Eu ouvia vozes e passos em minha volta, demorei um pouco pra abrir os olhos e lembrar que eu estava me afogando. Quando me dei conta eu estava deitada no meio de uma rua, ao meu redor várias pessoas andavam pra lá e pra cá na calçada. Quando me levantei um tipo de transporte passava voando quase acertando minha cabeça, antes de ser acertada alguém me salva me puxando fazendo eu entrar em um beco.
– você quer morrer? Você quase foi atropelada!
– o-oque? Onde é que eu tô?
– tem razão, não podemos morrer aqui, mesmo assim você não pode ficar na rua desse jeito!
– do que você está falando?! Quem é você e onde é que eu tô?
Era um garoto alto moreno, com um porte físico extremamente bom mas o lugar onde eu me encontrava não era nada familiar, pessoas voando em cima de disco em alta velocidade, o céu tinha uma coloração rosada e diferente e as casas tinha uma estrutura estranha, porém bonitas, bem diferente das que vejo na minha cidade.
– você é nova aqui?
– "nova"?
– é, você é nova. Eu sinto muito, por seja lá o que te fez se suicidar.
– espera, você sabe que eu me suicidei? Você estava me vigiando?!
– Que?! Não! É que, todos que se suicidam vem pra cá. É meio complicado de explicar... Mas eu sei quem pode ajudar! Vem comigo.
Quando ele pega no meu braço ele paralisa na hora.
– o que foi...? – não estava entendendo nada – o que aconteceu?
– você está... Sem um dos braceletes…
Quando olhei eu percebi que o meu braço quebrado estava intacto novamente, porém no outro braço encontrava um bracelete de ouro em meu pulso, ele brilhava.
– o que é isso?
– isso é demais! Você está sem um dos braceletes! Isso quer dizer que nós temos esperança! Hahaha! Isso é incrível! – ele começou a pular de alegria – vem! Eu preciso te levar para uma pessoa!
Antes dele começar a me arrastar, eu puxei o meu braço da mão dele.
– espera ai, eu nem te conheço.
– ah é! Mil perdões! Acho que me empolguei demais. Meu nome é Jack Montfort!
– calma aí, muita informação, Montfort? Eu... Eu achei que eu e minha mãe éramos as únicas Montforts daquela cidade.
– todo mundo aqui é Montforts, bem vindo ao mundo dos Montforts!
Eu fiquei um tempo encarando ele, pensando que era algum tipo de piada.
– vem comigo, tem uma pessoa que vai esclarecer isso melhor
– Meu Deus, isso aqui não pode ser o céu…então quer dizer que eu…
– não e não, se acalma mulher, não se preocupe, o Sábio Zadock vai lhe explicar tudo.
– Sábio Zadock?
Que raios de nome era aquele?
– sim, ele é um dos mais velhos aqui, na idade e na chegada.
– como assim?
– ele foi um dos primeiros a chegar nesse mundo, ele na verdade é bem esperto mas sempre nega.
– e ele vai me ajudar?
– com certeza… desculpe mas, como é seu nome?
– Emily…
Eu não confiava em nada muito menos naquele garoto alto moreno, de cabelo liso, vestindo uma roupa de couro preto com capa.
– então Emily, vamos nessa?
– O que pode piorar né...
– Ele mora nos montes.
Ele aponta para além dos prédios e casas, os prédios também eram diferentes… Algumas casas pareciam ser de fadinhas.
– caramba... é longe demais.
– sim, mas vai valer a pena no final.
Ele sorri mais uma vez, não sei porquê ele estava tão feliz.
Jack e eu atravessamos a rua saindo daquele beco e passando por uma viela chegamos em um caminho de barro com muitas árvores que eram coloridas, tipo as folhagens, cada árvore tinha uma folhagem com cor diferente, rosa, laranja, a até azul, seguimos por aquela trilha por pelo menos 10 minutos, logo após aquela trilha havia um caminho de pedras, mas não eram pedras comuns eram pedras coloridas e muito brilhantes pareciam... jóias preciosas.
– uau, essas pedras são lindas... são jóias?
Eu admirava elas, nunca tinha visto nada igual.
– dizem que são pedras do arco-íris, não são preciosas nem valem algum dinheiro.
Ele se agachava para pegar uma pedra.
– pedras do arco-íris? Isso nem faz sentido.
– sim, dizem que elas se formaram a muito tempo antes mesmo da primeira pessoa chegar aqui, dizem que são do arco-íris por elas terem a mesma cor do arco-íris, mas essa cor só aparece em tempos de chuva, por isso estão assim agora.
Ele me mostrava a linda e brilhante pedra colorida, realmente parecia um arco-íris.
– Uau, isso é incrível.
– dizem que nesses tempos pós chuva ou enquanto chove, se você fizer um desejo para pedra ele se realizará.
– e como faz?
– é preciso segurar a pedra com as duas mãos desse jeito assim – ele segurava com as duas mãos tipo uma conchinha escondendo a pedra – e fazer um desejo, mas sem falar, somente pensar – então ela fecha os olhos e depois de 5 segundos… – agora você sopra a pedra bem de leve – ele sopra – e devolve pro chão – ele se agacha novamente e põe a pedra no chão.
– nossa...e se realiza mesmo?
– Eu não sei, mas vale a pena tentar né.
– e o que você desejou?
– é segredo.
Ele sorri e voltamos à nossa caminhada.
Seguimos pela estrada de pedras do arco-íris, e logo em seguida demos de cara com uma subida enorme.
– Meu Deus...eu não vou subir isso tudo não.
– chegamos no "pé" do monte.
– eu já estou muito cansada pra subir tudo isso.

Nós subíamos, até que comecei a ficar cansada, enquanto Jack andava sem parar não demonstrando nenhum problema.
– Por que o Sábio mora em cima de um monte?
– ele é meio isolado de todo mundo mesmo, ele gosta de  lugares altos e calmos
– nós podemos parar pra descansar um pouco? Eu... Estou um pouco cansada.
Eu estava ofegante tentando recuperar o ar já molhada de suor
– cansada...? De subir?
– é... Talvez você tenha mais fôlego do que eu. Porquê você não parece nem um pouco cansado.
– é que nós não ficamos cansados, já estamos todos mortos.
– como assim?
– vem, se apoia em mim, estamos quase no topo – Jack envolve os meus braços em seu pescoço e eu senti um alívio. Então ele continuou subindo me carregando nas costas e explicando - você está cansada porque você ainda tem um corpo funcionando, que precisa respirar, beber e comer.
– mas eu estou aqui, junto com vários Montforts mortos.
– você estaria totalmente morta se estivesse com os dois braceletes, mas por ter só um, isso faz com que você esteja entre a vida e a morte. Os braceletes é o que nos mantém presos aqui, isso significa que o seu único bracelete te mantém presa aqui ao mesmo tempo dando a possibilidade de você voltar à vida. O seu corpo só está te esperando voltar pra ele, mas você não pode já que o bracelete te segura.
– não dá pra simplesmente tirar o bracelete do braço?
– os braceletes estão grudados em nossas peles, a não ser que você arranque o seu próprio braço.
– E porque ninguém aqui arranca os braços? Vocês não querem voltar à vida?
– eu já te falei, nós estamos todos mortos. Mesmo se conseguíssemos tirar os braceletes nós não teríamos um corpo para voltar a vida.
– o que acontece se vocês cortarem os braços mesmo não tendo um corpo?
– o Sábio diz que nossas almas simplesmente sumiriam como purpurina, não íamos ter descanso ou sofrimento eterno, só íamos sumir como se nunca devêssemos ter existido.
– e tem como quebrar a maldição? Sempre tive essa dúvida.
– sim!
– como faz?
– bom, o sábio vai te explicar tudo, chegamos! Ele mora bem ali – ele aponta na direção de uma casinha bem simples de tijolos com algumas plantinhas ao lado – vamos!
– Sim, aqui tá ventando quente, que isso?
– ah, os elementos aqui funcionam diferente, vem vamos entrar.
Caminhamos até a casinha, e Jack bate a porta com a aldrava de bronze (fala sério que coisa antiga).
– Sábio Zadock, sou eu.
Uma voz fraca e trêmula surgiu de dentro da casa.
– Entre meu jovem.
– eu trouxe visita.
Ele abre a porta e nós entramos, que ambiente aconchegante era aquele, tinha até uma lareira, com um fogo…azul? Dentro da casa não estava quente.
– Olá.
Eu olhava  para aquele senhor de idade já avançada que se apoiava numa bengala de madeira escura, seus cabelos e barbas já eram grisalhos.
– Olá senhorita…
Ele se senta numa poltrona vermelha de veludo.
– Sente-se por favor, sinta-se em casa.
– obrigada.
me sento ao lado de Jack de frente para o senhor, no sofá forrado com veludo também, mas esse era marrom escuro com almofadas brancas com detalhes marrons.
– a quem devo a honra da visita?
– Emily…
Logo percebi que aquele seria o começo de uma longa conversa…

OLHOS VIOLETAS| A marca da Maldição Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu